Sangue frio como a neve

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- Kitto? - perguntou Scotty olhando atentamente para ela.

Seus olhos ainda prateados, assim como seu cabelo. Usava um casaco preto sem mangas e de capuz e com uma camisa regata por baixo, um short jeans um tanto que curto e frouxo, e uma pequena bota de jeans.

- O que você acha? - disse ela com aquela mera voz; melodiosa, aguda e amável.

- Mas, como me achou? Nosso ponto de encontro é uns dois quilômetros daqui.

- Se lembra da Safira? Aquela raposinha que papai havia prometido me comprar para meu aniversário de 14 anos.

- Lembro, mas ele nos apagou antes de comprar.

- Pois é, ele comprou.

- Ainda não entendi aonde quer chegar.

- Ok, espera só um instante. - logo olhou para cima e de seu pulso direito acendeu uma leve luz como se fosse um painel e então disse aproximando o painel de sua boca: pode descer Safira, é ele mesmo.

Logo que ela terminou essas palavras, do alto veio um som como piado de coruja que logo desceu rapidamente dos céus e entrou com tudo no beco e logo ao seu aproximar de Kitto forçou a parada inclinando-se para cima e logo pousando em seu braço, aparentava realmente ser uma coruja, mesmo tendo suas patas de ferro e alguns detalhes das asas, como as penas também de ferro.

- Essa é a Safira. - então fez carinho em sua cabeça.

- Eu pensava que ela era uma raposa.

- Melhor sairmos daqui que lhe explico melhor. Tem algum veículo?

- Com certeza, maninha.

Então os dois seguiram até a moto que estava parada na entrada do beco.

- Onde conseguiu isso? - perguntou Kitto pasma olhando a moto que brilhava ao por do sol.

- Papai. Obviamente.

- Que legal.

- Vamos, suba. Já está escurecendo e tenho que te apresentar uma pessoa. - então ele subiu e ela atrás.

- Como liga? ela não tem onde por chave. Ou tem?

- E quem disse que preciso disso? Isso foi papai que fez, lógico que não teria. Olha isso. - Sem nem mesmo expressar nada ou se mover, a moto veio a ligar.

- Entendi, controle do sistema por controle mental. - disse Kitto soltando Safira no ar e se agarrando a Scotty - Papai é realmente surpreendente.

- Bastante. Mas, vamos logo, quero te apresentar uma pessoa.

- Vamos. Além do mais, gostei do estilo, está bonito irmãozão.

- Obrigado, digo o mesmo. - então partiram.

- Temos muito o que conversar irmãozão. - disse Kitto pondo sua bandana no rosto e deixando seu cabelo prateado ao vento.

Scotty não respondeu. Apenas estava atento a estrada e se perdendo em seus próprios pensamentos.

"Sabe, eu ainda não acredito que a vida de duas crianças mudaram assim, tão drasticamente, simplesmente porque seu pai quer um mundo melhor, não era nossa responsabilidade fazer nada disso. Eramos apenas crianças. Inocentes. Não... ele estava certo... é o dever de cada um de nós fazer o que for preciso para mudar o mundo... pelo menos nossas intenções eram boas... e além do mais, viemos até aqui, não tem porque pararmos... este era o sonho do papai... mesmo ele querendo que tivéssemos uma vida normal... não, neste mundo não existe " uma vida normal"... mas ao menos, sacrificando nossa infância e adolescência... que por um certo lado, não seria normal mesmo, salvaríamos futuras infâncias que estão por vir"

Guardiões: Filhos Da LuaOnde histórias criam vida. Descubra agora