Os reis de T-Firium

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    Uma semana se passou, o frio da cadeia já os consumia, junto com suas esperanças.
    O sol nascia quando Scotty acordou por consequência de pancadas fortes na porta de sua cela.
    — Acorda! — gritou um dos guardas que estava na porta batendo — os reis querem falar com você.
    Logo Scotty se levantou e lentamente seguiu até a porta e saindo, guardas o algemaram e ao olhar para o lado, Kitto estava ali algemada e cercada.
    Os guardas os levaram, os tirando daquela casa cinza e sem vida e em um carro super protegido os levaram até a prefeitura, no centro da cidade.
    Logo, passando por uma grande porta se madeira, encontraram-se em uma grande sala, com poucas coisas, mas bem decorada, uma enorme janela de vidro decorava o fundo mostrando um lindo jardim de pedras. No centro, uma mesa, onde estava Magnum, Gati e Piko sentados em meia lua. Logo, Gati olhou para os guardas e fez sinal para que os guardas tirassem as algemas e saíssem.
    Logo que saíram Magnum fez sinal para que Kitto e Scotty se aproximassem.
    — Toda T-Firium está em debito com vocês. — disse a doce, aguda e feminina voz de Gati.
    — Pedimos desculpas pela prisão de vocês, — disse Piko — não tínhamos noção do que estávamos lidando.
    — E ainda não temos. — corrigiu Magnum — Quem são vocês? O que fazem aqui?
    — Somos a realização de uma profecia. Chegou a hora dela se cumprir. — respondeu Kitto suavemente.
    — Como assim? — perguntou Gati focando mais ainda sua atenção.
    — Uma certa lenda diz que: Dois guerreiros nascerão de uma firme rocha para retornar à paz a este mundo de caos.
    — Entendo. — disse Magnum — e vocês farão isso sozinhos?
    — Nada de tão difícil se faz sozinho nesse mundo. Seria suicídio. — respondeu Scotty.
    — Viemos até aqui para buscar esclarecimento do oráculo, porém, aquele acontecimento nos impediu.
    — Sentimos muito pela morte do seu oráculo, não era nossa intenção.
    — Não se preocupem, Mitikæ não estão morta. — disse Gati se levantando — Ela apenas entrou em coma por consequência do ataque dos magos que sugou quase toda sua energia. Se não fosse por vocês, ela teria morrido.
    — Nossos médicos disseram que em torno de dois dias ela acordaria. — concluiu Gati — Se ainda quiserem falar com ela, sintam-se a vontade para permanecer conosco. Temos quartos super seguros que podem os abrigar.
    — Vocês disseram não estar sozinhos. Onde estão os outros? — perguntou Piko.
    — Estão em algum canto da cidade, foram paralisados com aquela música. — respondeu Kitto — Vocês sabem o que a causou?
    — Não sabemos. — respondeu Piko — Mas nossas pesquisar indicarão que não afetou os ciborgues que tiveram alguma alteração cerebral. O que indica que aquela música era algum tipo de hipnose e que vocês dois são...
    — Ciborgues. — disse Kitto o interrompendo.
    — Nos respondam: quem ou o que são vocês dois? — perguntou Gati.
    — Eu sou Kitto. — respondeu tirando seu capuz e bandana — E esse é meu irmão, Scotty. — disse ela e o capacete de Scotty se desfez mostrando seu rosto.
    — Vocês são... crianças!? — ficou um tanto pasma Gati.
    — Correção: somos adolescentes — corrigiu Kitto.
    — E aqui presentes somos três e não dois. — também corrigiu Scotty.
    — E onde está o terceiro? — perguntou Magnum curioso.
     Kitto e Scotty trocaram olhares e logo Pan se desfez como armadura e se fez na sua forma humana e encarou, seria como sempre, os reis que se assustaram.
    — Essa é Pan. — disse Scotty — um robô criado para nos proteger do que não esperamos, também minha moto e nossa mentora.
    — Ela é um robô? — perguntou Piko.
    — O que vossa majestade acha? — retrucou Pan — nenhum Hominum ou raça Beata conhecida pode se desfazer para criar, com seu próprio corpo, uma armadura para outro ser.
    — Pois bem. — disse Magnum se levantando e seguindo até eles estendeu a mão e os comprimentou. Logo Piko e Gati fizeram o mesmo — Sejam bem vindos ao Palácio de T-Fi e Satorium.
    — Lhes mostrarei onde poderão se hospedar e mandaremos tropas atrás de seus amigos. — disse Gati saindo da sala e seguindo até um dos quartos de hóspedes em outro andar e eles a seguiram.
    — É aqui promoviamos festas com os outros reinos, mas infelizmente não andamos com condições para promover mais festas, então nada acontece aqui a um longo tempo. — disse Gati abrindo a porta do quarto de piso quadriculado, um grande buraco circular no centro que dentro havia um grande sofá que rodeava rodas as laterais de dentro do buraco com uma redonda mesa de centro, ao redor, jogos de mesa como, pebolim, Ping pong e xadrez, e estátuas e plantas nos cantos da parede.
    — Que lindo. — disse Kitto olhando tudo um tanto admirada.
    — Isso foi construído antes do atentado que destruiu quase toda nossa cidade, quando estávamos no nosso apogeu.
    — Triste tudo isso acabar abandonado. — disse Scotty.
    — Sim. Naquele corredor há cinco quartos que vocês podem usar, são grandes e todos tem banheiro próprio caso precisem e terão um anfitrião que estará sempre a porta caso queiram comer algo ou qualquer coisa e o pedirei para trazer-lhes roupas novas, todas da última moda da nossa cidade.
    — Não precisa que ele traga. — disse Kitto.
    — Querem escolher vocês mesmos? Querem que mandemos fazer à seu gosto? Por favor, reconsiderem, não temos muita coisa para lhes dar pois precisamos muito, mas temos ótimos artesãos e estilistas. Aceitem uma nova roupa por favor. — insistiu Gati.
    — Pois bem, aceitamos. — disse Pan após consultar os dois em sua comunicação individual — Mas gostaríamos de ir com vocês e escolher pessoalmente e quem sabe até ajustar ou por algo em especial.
    — Tudo bem. Quando estiverem prontos iremos. — disse Gati sorrindo.
    — Eu e Kitto vamos apenas nos banhar e logo iremos. — disse Scotty.
    Todos seguiram até um dos quartos e enquanto Scotty deixava suas coisas sobre a cama, Gati os mostrou onde ficavam as toalhas e pegou três para eles.
    — Não vou tomar banho. — disse Pan — Sou um robô.
    — Seus circuitos queimariam? — perguntou Gati.
    — Não. Só não preciso me banhar. Banho-me apenas quando me dá vontade. Não tenho necessidade como os humanos.
    — Entendo. Então apenas vocês dois irão?
    — Sim. — respondeu Kitto pegando duas toalhas e seguindo com Scotty ao banheiro.
    — Temos mais banheiros, não precisam se banhar juntos. — disse Gati após ver que eles entraram no banheiro juntos.
    — Não tem problema, isso é uma escolha nossa. — respondeu Kitto.
    — É mania deles sempre se banharem juntos. — acrescentou Pan — Desde crianças, antes mesmo de se tornarem ciborgues já tinham isso.
    — Entendo. Tudo bem então. — disse Gati sorrindo se sentando na cama com Pan depois que Kitto fechou a porta.
    — Então, como era o pai deles? — perguntou Gati curiosa — ele deveria ser muito inteligente e interessante.
    — Ele ainda é, nunca mudou, desde que nos conhecemos.
    — Mas você não foi criada por dele?
    — Já fui humana, nos conhecemos nessa época. Ele era tão gentil com todos, sempre atento e sorridente. Seu sorriso refletia a sinceridade e em seus olhos a felicidade, como se tudo ao seu redor fosse bom, mesmo não sendo. Ele estava sempre brincando e gostava de me contar seus sonhos loucos e sem nexo e seus objetivos.
    — Que lindo. Quero muito conhecer ele.
    — Não temos certeza se ele está vivo ou não, mas o procuramos. Se estiver vivo, o encontraremos. Ainda me lembro como nos conhecemos. Éramos quase adolescentes, eu andava de bicicleta no dia, perdi o equilíbrio após ver um gato passar e tentei desviar e caí arranhando meu joelho. Ele passava do outro lado da rua com um amigo Nerd da escola em que estudava, um tal de Stan que logo foi seu colega de faculdade. Ele correu para me socorrer, tirou da mochila uma bola que parecia de borracha e sorriu pondo sobre meu ferimento e ela se desmanchou como se fosse espuma e rodeou todo meu joelho ficando como se fosse um curativo. Então me levantou sorrindo e me acompanhou até em casa junto com seu amigo.
     — Que legal, ele deve ser realmente bem gentil. Como queria alguém como ele aqui agora. Sua gentileza e inteligência nos ajudaria muito nessa crise. Posso tirar uma dúvida?
    — Mais é claro.
    — Como se tornou um robô? Você morreu?
    — Todos temos segredos. Mas logo tudo será revelado. É apenas questão de tempo. Nada escondido que não há de ser revelado.
    Enquanto Gati pensava no que dizer, Scotty e Kitto saíram do banheiro e se arrumaram e juntos se retiraram dali indo até o melhor artesão.
    Alguns minutos depois, um dos guardas entra na sala principal onde estavam Magnum e Piko sentados apenas tomando café.
    — Senhores. — disse ele fazendo reverencia — Nós os encontramos. Estão a vir para cá.
    — Que bom. — respondeu Magnum — os levem até a sala de festas principal e os deixem lá até que Gati retorne com os outros.
    — Mas senhor. Vocês têm que ver algo.
    — Não vê que estamos ocupados soldado!? — disse Magnum.
    — O encontramos senhor. Ele está aqui.
    — O que? Aonde? — perguntou Magnum se levantando.
    — Está com eles senhor.
    — Tragam até mim agora mesmo.
    Algumas horas se passaram e Gati voltou com Scotty, Kitto e Pan.
    — Porque vocês só escolhem sobretudos? — perguntou Gati sorrindo andando com eles.
    — Não sei. Acho que fica mais no clima e tal. — respondeu Kitto sorrindo.
    Scotty usava um sobretudo preto e longo de capuz que ia até seu joelho, uma camisa de gola pólo e com botões branca com uma gravata preta e fina com uma calça jeans tão preta como o sobretudo e uma bota curta.
    Kitto um sobretudo azul escuro longo com o limite abaixo do joelho, uma camisa prata por baixo e um short curto no mesmo tom que os fazia misturar e uma bota que ia até o joelho.
    Pan um sobretudo bege curto com quatro botões formando um quadrado, uma calça preta transparente com um short fino feito e colado também preto e aos pés uma bota curta.
    — Senhora. Os encontramos. Estão no salão de reuniões. — disse um guarda chegando próximo de Gati.
    — Porque? Eu disse para os enviar para a sala de hóspedes principal.
    — Foi seus irmãos que pediram. Nós o encontramos. Está com eles.
    Ela não respondeu, apenas saiu rápido de lá.
    Entrando, Sol e Lua estavam próximas da porta e Kenny mais a frente.
    — O que está acontecendo aqui? — perguntou ela.
    — Ele está aqui.
    Kenny se virou e a olhou.
    — Então é você o famoso K-9? Bom o ver denovo. — disse Gati.

Guardiões: Filhos Da LuaOnde histórias criam vida. Descubra agora