"Sr. F"

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    — Vamos Kenny! — disse Kitto batendo forte na parede ao lado do pano que lhe servia de porta.
    — Pronto. — disse Kenny saindo de dentro de seu banheiro.
    Usava uma calça larga e bem surrada que perdia todo seu volume ao se esconder dentro da bota que ia até um pouco abaixo do joelho, uma camisa branca um pouco suja de óleo, um cinto de ferramentas na cintura, um óculos de aviador dourado sobre sua testa realçava sua pele morena, seus olhos negros e seus dreads tão negros quantos os olhos que seguiam até a altura de seus olhos com as laterais e costas raspadas completamente, em suas mãos grandes luvas de couro que iam até perto dos seus cotovelos com as pontas dos dedos de borracha dura e nas costas uma pequena mochila.
    — Você acha que vamos fazer turismo? — perguntou Kitto olhando sarcasticamente para as vestimentas de Kenny.
    — Se eu vou salvar o mundo tenho que estar estiloso. Ou agora sou forçado a seguir um padrão?
    — Vá levo menos bonitinho.
    — Reclama de mim e não olha pro seu irmão que usa um cachecol com um boné e uma jaqueta com capuz.
    — Mas ele não é só uma criança idiota.
    — Ok, vamos mudar de assunto. — disse Scotty — Não tivemos a chance de apresentar o resto do pessoal. Aquela com cara de robô é minha protetora, Pan. A garota vendada é a Sol, ela é sega...
    — Porque? Olhou muito pro sol? — debochou Kenny dando uma leve risada.
    — Cala a boca idiota! Deixa ele terminar. — disse Kitto dando um soco no braço de Kenny.
    — Aquela com a lebre fofa nos braços é a Lua.
    — Posso pegar ela? — disse Kenny se aproximando de Safira.
    — Nem ouse tocar um dedo na minha Safira. — disse Kitto.
    — E essa é Safira. Cuidado, ela é um transmorfo comandado por Kitto. — disse Scotty.
    — Um transmorfo? Como assim? — perguntou Kenny se distraindo um pouco.
    Safira se modificou para uma grande puma negra fazendo Kenny se afastar e quase cair de susto.
    — Que droga é essa!?
    — Transmorfos são um tipo de metamorfo que para se modifica precisa de ação exterior, — disse Pan — como um amuleto, mas neste caso, um senhorio. Kitto cataloga animais e de acordo com seu desejo, Safira se transforma. Todo animal possível ela pode se transformar.
    — Ela já nasceu assim?
    — Não. Ela era apenas uma raposa. — respondeu Kitto.
    — Como assim?
    — Nosso pai é um cientista inacreditável, transformou eu e Scotty em ciborgues, Safira em um ciborgue transmorfo, criou Pan que pode se transformar em uma moto e uma armadura e nossas Hiams, e várias outras coisas sozinho.
    — Queria ter conhecido um homem como seu pai. Queria que ele me ensinasse algumas coisas. — disse Kenny — Tenho um grande projeto que sei que não consigo construir sozinho.
    — Pois bem. Vamos? — perguntou Pan.
    — Aonde vamos? — retrucou Kenny.
    — Vamos ver o oráculo. — respondeu Pan começando a caminhar até a saída.
    — Sério? Eu sempre quis ir lá. — disse Kenny se animando.
    Logo que saiam, um lindo som de flauta ecoou por toda a cidade graças aos limites da caverna e os cristais. Todos começaram a sair nas ruas e olhar aleatoriamente para todos os lados, ninguém sabia quem era ou de onde vinha, mas todos se encantavam com aquela doce melodia que entrava calmamente em seus ouvidos e os deixavam atordoados e paralisados.
    — Kenny, o que é isso? — perguntou Kitto.
    — Eu não... sei... — disse ele bem baixo e logo ficou apenas balançando no ritmo da melodia.
    — Deixa de ser idiota! — gritou Kitto indo bater nele novamente.
    — Kitto, espera. Olha isso. — disse Scotty olhando para Sol e Lua.
    — Sol? Lua? Vocês estão bem?
   Elas não responderam, apenas balançavam no ritmo.
   — Que droga é essa!? — perguntou Kitto olhando para os lados e vendo que todos estavam assim, menos os ciborgues que ali haviam.
    Logo, vários policiais ciborgues passaram em suas motos em alta velocidade em direção ao templo.
    — Acho que essa é nossa deixa. — disse Kitto montando em Safira que estava em forma de pantera negra e pondo seu capuz e bandana.
    — Senhor? — perguntou Pan olhando para Scotty e estendendo sua mão.
    Scotty tirou sua Hiams e entregou para Pan que logo os fundiu formando novamente sua armadura alada.
    Então partiram o mais rápido possível para o templo.
    — Consegue ver o que está acontecendo Scotty? — perguntou Kitto pelo comunicador pessoal dos dois, pois Scotty voava um pouco alto e ela teria que gritar.
    — Não. Apenas vários guardas cercando o templo. Parece que fizeram reféns.
    — Senhor, meus dados indicam vários reféns que trabalham no local e alguns homens em volta do oráculo, possivelmente estejam o roubando.
    — Ouviu isso Kitto? — perguntou Scotty.
    — Sim. Não vamos parar para falar com guardas, vamos entrar logo.
    — Senhor, na frequência de rádio da polícia eles dizem que os terroristas estão exigindo 3,000 bilhões de ₩itz para liberar os reféns e deixar o local.
    — 3 bilhões de ₩itz!? Isso é muito dinheiro pra tão poucos reféns. — disse Scotty um tanto assustado.
    — Os terroristas estão em maior número na portaria, mas não esperam um ataque surpresa. Então se adentrarem no local com tudo, eles não terão reação plausível. — disse Pan.
   — Sabe quais raças são? — perguntou Kitto.
    — São 5 elementares na portaria, 3 magos ao redor do oráculo. E eles estão fazendo uma magia coletiva para domar o oráculo.
    — Ok. Eu fico com os da portaria e você pega os magos irmãozão.
    Scotty passou voando sobre os guardas e entrou quebrando a porta e logo Kitto saltou também sobre os guardas e eles atordoados olharam sem saber o que fazer.
    Ao passar pela porta, Kitto trouxe sua Hiams em forma de arco e saltando de Safira atirou na cabeça de um dos elementares que morreu na hora soltando seus reféns.
    Scotty seguiu até o centro do templo, onde estava o oráculo.
    O local era lindo, havia uma pequena cachoeira no fundo, plantas ao redor do oráculo.
    Uma pequena fada que repousava dentro de um pequeno pote de vidro.
    Ela parecia realmente assustada, três magos vestidos com uma capa preta a rodeavam.
    — Ei! Você aí! Parem o que estão fazendo agora! — disse Scotty apontando para eles.
    Eles pararam o ritual e encararam Scotty e soltaram um leve sorriso.
    — O que é isso? festa fantasia? — disse o mago que estava na frente — Sai daqui idiota se não quiser se machucar.
    — Deixem o oráculo em paz! Ele não é de vocês.
    — E o que você vai fazer? — perguntou o mesmo mago.
    — Ativando sistema de ataque: Espada Hiams. — disse Pan e nas mãos de Scotty surgiu uma grande espada prateada.
    Scotty disparou para cima do primeiro mago e atravessou sua espada por completo em sua barriga. Foi rápido o suficiente pra que ele não tivesse como expressar nenhum tipo de reação.
    — Que droga é essa!? — gritou o outro mago — Vamos cair fora daqui.
    Um dos magos criou uma bolha de proteção em volta do oráculo. Então os dois decolaram fazendo um buraco no teto.
    — Ai não. — disse Scotty tirando sua espada e saindo suas asas decolou atrás dos fugitivos.
    Os policiais no chão começaram a atirar nos dois fugitivos, até mesmo em Scotty. Todos voavam em zig zag para se safar dos tiros.
    — Senhor, permita-me fazer uma coisa? — perguntou Pan.
    — Qualquer coisa que os pare, por favor.
    Pan controlava o braço que estava com a espada e logo a arremessou no mago que segurava o oráculo e o machucou fazendo ele cair, soltar o oráculo e desfazer o feitiço que produziu a bolha.
    — Droga! — disse Scotty pegando a espada e voando rapidamente para pegar o oráculo.
    Ele vinha em alta velocidade se aproximando do oráculo. Conseguiu pega-lo, mas estava perto de mais do chão para manter vôo, então se virando de costas e abraçando o oráculo, caiu batendo forte no chão que o fez deslizar destruindo o chão e parando nos pés dos guardas que logo o cercaram e apontaram suas armas para ele.
    O oráculo estava desmaiado, possivelmente morto.
    Ao olhar pro lado, Kitto estava deitada no chão, também cercada por guardas.
    Scotty, ainda de armadura e Kitto foram levados para uma prisão de segurança máxima na cidade. Safira para um tipo de canil.
    Separados, em salas vazias e escuras, com paredes de concreto super grossas, com portas de aço, ali estavam nossos heróis, como criminosos.
    — Kitto, você está bem? — perguntou Scotty pelo comunicador pessoal.
    — Sim. Você ainda de armadura?
    — Sim. Não vou tirar até sairmos daqui.
    — Possivelmente fiquemos aqui para sempre. Fomos acusados de assassinato, condenados a prisão perpétua sem julgamento.
    — droga... — sussurrou.
    — Antes de me pegarem eu achei um pequeno recado. — disse Kitto pegando de seu bolso um papel bem dobrado que dizia:
"Obrigado pelo presentinho, logo logo todos serão meus"
                  Atenciosamente: Sr. F

Guardiões: Filhos Da LuaOnde histórias criam vida. Descubra agora