Vinte

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Sabe quando tudo está dando certo, você se encontra nas nuvens, feliz da vida, então parece que o destino pensa "essa porra está muito feliz, deixa eu cortar o barato dele". Agora estou vivenciando um desses momentos, enquanto fito o homem a minha frente. Um homem que parece uma cópia mais desgastada minha.

- O filho prodigo. – Foi o tom desgostoso, que ecoou no agora tão silencioso quarto.

O plano era simples, entrar no cofre da família, escolher o solitário e dar prosseguimento ao plano, e o que encontrei foi outra coisa quando já estava no vestíbulo. Não morria de vontade em encontrar o meu pai, então decidi estar o mais longe possível da mansão, principalmente quando soube que ele estava nas proximidades do condado. Parece que o meu plano não saiu de acordo com o que eu havia pensado.

- Pai. – A minha voz não escondia a amargura que eu sentia.

- Fiquei sabendo que você e a sua filha estavam aqui, parece que a sua vida pessoal é o assunto do momento. – O conde fez uma pausa dramática. – Oh, mas isso não é uma novidade!

- Como você pode ver, - Indiquei os objetos nos meus braços. – estou de saída, portanto não precisa se preocupar com a minha presença na sua casa.

- Porém, eu pretendia aproveitar o final de semana com a minha doce família.

- O que você está tramando? – Me exasperei. – O acordo tácito entre nós, é que cada um fique de fora do caminho um do outro.

- Gostaria de saber quanto tempo essa garota ficaria com você, quando descobri que está dormindo com um assassino.

- EU NÃO SOU UM ASSASSINO! – Gritei, depois tentei me acalmar, as lagrimas pinicavam os meus olhos. – Não foi culpa minha, eu não sabia que o acidente iria acontecer...eu só queria sair em busca de um pouco de diversão, convidei ele...eu não sabia.

Passava as mãos tremulas pelos cabelos, de forma desesperada, não me importando o que lagrimas escapassem dos meus olhos. Eu não queria que o meu irmão morresse, e me culpo todos os dias da minha vida por ter sugerido sair naquele dia.

- Você sempre teve inveja do seu irmão, sempre quis o título que um dia seria dele. Você sempre foi uma víbora, igual a vadia da sua mãe!

Aquilo foi demais para mim, joguei as coisas que segurava no chão e avancei em direção ao meu pai e proferi grosseiramente, enquanto meu dedo indicador estava cravado em seu peito:

- Nunca mais fale assim da minha mãe, o único que pode ser chamado de víbora aqui é você! Quantas vezes a cobra, segundo você, teve que agir naturalmente nas festas, enquanto a alguns passos você fodia uma qualquer no armário ou no banheiro? – Apertei ainda mais o dedo. – Quantas vezes ela ficou comigo e com os meus irmãos doentes, enquanto você estava em alguma ilha do caribe transando como um animal, com alguma amiga dela? Não seja hipócrita! A única víbora aqui é você, papai.

- Seu... – Me surpreendi com o tapa no rosto. – Ainda sou o seu pai, nunca mais fale assim de mim, seu pequeno bastardo.

- O que está acontecendo aqui? – A voz que provinha da porta do vestíbulo era praticamente um sussurro.

Olhei para o lugar e vi uma Marina muito pálida, com a minha mãe logo atrás dela. Me afastei do meu pai, sentindo o meu rosto dormente do tapa, e o corpo tremendo de raiva.

- Minha querida, descobri que você é filha de um grande senador do Brasil, por isso senti que era o meu dever alertá-la. – O conde caminhou até a ruiva, e num gesto dramático pegou as mãos delas nas suas.

- Me alertar? – Marina questionou.

- George... – A voz da minha mãe não passava de um sussurro. A resposta do meu pai foi só lançar um olhar ameaçador para ela, que se encolheu feito um ouriço.

LukeOnde histórias criam vida. Descubra agora