Capítulo 5

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O restante da tarde foi o mais silencioso possível. Olivia se despediu após lanchar e se dar conta que eu precisava de tempo pra pensar. À noite, duas amigas de Luciana apareceram em casa nos convidando pra dar uma volta no calçadão. Eu dispensei, mas convenci Lucy a sair. Seria bom ficar um tempo sozinha com meus pensamentos. Quando Lucy voltou pra casa eu fingi que dormia e recebi em silêncio seu beijo carinhoso de boa noite.

Na manhã seguinte acordamos muito atrasadas. A maquiagem foi sendo feita no táxi mesmo. Quando chegamos à faculdade lá estava o conversível vermelho estacionado no mesmo lugar de costume — só então me dei conta de que era uma vaga privativa — mas a verdadeira surpresa do dia é que hoje ao invés de quatro, haviam cinco garotas próximas ao carro.  Por algum motivo desconhecido Olivia, aquela traidora, estava confraternizando com a realeza.

Tudo bem que pela conta bancária, Olivia bem que podia ser considerada realeza também, mas ela não combinava com aquele grupo. Com aquele carro. Com nada ali, então oque estava fazendo ao lado de... Elise? Ela ouviu todo o meu desespero ontem e agora está de sorrisinho ao lado delas?

Sem falar uma palavra se quer eu acelerei o passo e fui em direção ao portão o mais rápido possível sem chegar a correr. 

Elise entrou na minha frente enquanto as demais assistiam sem interferir. 

— Precisamos conversar e eu não vou te deixar ir dessa vez — ela falou esticando o braço impedindo minha aproximação até o portão. 

— Isso vai acontecer, mas não vai ser aqui e nem vai ser agora então sugiro que você me dê licença porque tenho algumas aulas pra assistir — falei tão fraca que mal pude articular as palavras.

Ela percebeu que eu jamais cederia naquele momento e se apegou a afirmação de que teríamos nossa conversa, afinal pra quem não tinha nada: isso já é uma vitória. 

Eu queria tirar seu braço do meu caminho, mas tive medo de que o contato com sua pele roubasse o pouco de energia que ainda existia em mim então ao invés disso tudo, só o que pude fazer foi olhar pro portão e pedir licença. Ela felizmente me atendeu. Baixou o braço devagar e por um instante cogitou movê-lo em minha direção.  Por sorte não o fez.

Meu Deus! Porque meu ar faltava cada vez que essa mulher se aproximava? Porque eu não conseguia simplesmente tirá-la da minha vida e não sofrer com isso?

No caminho ate a sala de aula Olivia precisou correr para me alcançar. 

— Ei tudo bem? Como você está? 

— Como estou? Como eu deveria estar Olivia? O que diabos você estava fazendo entre aquelas garotas?  Além da Lucy agora vão adotar você também? 

— Ceci você está alterada. Não é o que está pensando. Quando eu cheguei, Elise já estava aqui e me perguntou sobre você.  Eu disse que não sabia e sai andando, mas não consegui chegar ate nossa sala. Voltei e pedi pra falar com ela a sós — a essa altura Lorena e o namorado já estavam lhe fazendo companhia — Ela veio sem fazer cerimônia então eu lhe disse que sabia sobre vocês. 

— Você não pode ter feito isso Olivia Moraes — eu estava novamente em chamas.

Não acredito que fui apunhalada pelas costas desta forma. 

— Não se preocupe.  Eu não falei nada demais. Disse a ela que eu e você éramos amigas de infância e nada, além disso. Que você parecia um gato porque estava sempre fazendo ou recebendo carinho de alguém. Era seu jeito e foi sempre assim. Você é carinhosa, mas escolhe bem quem pode receber seus carinhos sem interpretá-los de outra forma. Disse que você namorava o Peter ha seis anos e estava tentando se adaptar ainda com a separação que a mudança impunha a vocês e por fim: que você a considerava uma pessoa ruim e inescrupulosa e que isso havia mudado depois de conversarem pela primeira vez, mas havia mudado novamente depois da forma como ela me tratou ontem.

Apaixonada por ElaOnde histórias criam vida. Descubra agora