CAPÍTULO 24

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Na terça-feira, passo vinte minutos catando grama para aquele pônei idiota.

Acho que, se eu não começar logo a dar mais comida para ele, o bicho derrubará a porta do quartinho do jardim.

Arranco o máximo de grama que posso e então deixo a pilha no quartinho. As cenouras borrachentas acabaram.

Hanna me ajuda, mas continua se distraindo à toa, falando sem parar sobre um episódio do Big Brother.

Quando finalmente chego à minha carteira, na aula de Biologia, vejo que minha calça jeans está manchada de verde nos joelhos e o sinal está tocando, então nem tenho tempo de perguntar à Verô por que é que ela estava tentando se livrar de mim.

Não tomei banho hoje cedo porque ainda não sei o que vou fazer com a questão da água, e de eu me transformar em Ariel.

Pelo menos, eu lavei o rosto e passei metade de um tubo de desodorante.

Mas meu cabelo está horrendo.

Para piorar tudo, a gente tem um teste surpresa. Como se fosse possível um teste de cinquenta perguntas — mas, pelo jeito, é.

Eu demoro a aula inteira para terminar e tenho certeza de que me ferrei de verdade.

Verô não parece ter problema algum; ela sai da classe assim que o sinal toca, a prova sobre a mesa do Sr. Gordon com as dos outros alunos.

Deixei pelo menos dez questões em branco e não quero entregar a prova agora.

Quando chega a hora do almoço, já estou num humorzinho daqueles.

Tive de passar a aula inteira de Trigonometria me afastando da Lauren, e agora com certeza ela acha que a odeio.

Creio que eu deveria estar aliviada.

Talvez ela fique longe. Mas isso só me deixa com o coração na mão.

Esvazio meus bolsos, cheios de chicletes de bolinha, em uma lata de lixo e então vou até o refeitório.

Depois de passar por umas colegas de classe, não posso deixar de notar que uma cutuca a outra e aponta com a cabeça em minha direção.

Consigo ver que a outra diz baixinho “Ai, meu Deus” e, então, o que é pior ainda, segura no tecido da camiseta e o estica no peito, tentando mostrar como meus peitões estão gigantes.

Ando mais rapidamente para o refeitório, segurando meu fichário perto do peito, em uma tentativa inútil de esconder o fato de que agora está da metade do tamanho do Shrek.

Agora só quero afogar as mágoas com um burrito gigante e umas três latas de Mountain Dew.

Minha mão está na porta do refeitório, e estou prestes a abri-la quando vejo Verô pelo vidro.

Ela está na mesa delas.

A mesa das líderes de torcida!

Ela já está comendo sua salada e fazendo que sim com a cabeça para alguma coisa que a Alexa diz.

Eu só fico ali, olhando para ela, enquanto os outros alunos me atropelam para passar pela porta.

Eles passam por mim, alegremente alheios ao frio na minha barriga.

Dou alguns passos para trás e me sento em um banco lá fora.

Eu nem sei mais quem ela é. Ela está se vestindo de um jeito diferente, está mais extrovertida, rindo e vivendo o melhor momento de sua vida.

Sem mim.

Uma época, ela esperava do lado de fora do refeitório, pois era tímida demais para entrar e ter de fazer toda essa manobra social sozinha.

Make Your Wish - CamrenOnde histórias criam vida. Descubra agora