CAPÍTULO 25

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Quando chego em casa naquela tarde, sinto-me como se estivesse girando e não sei mais onde fica o quê. Não sei o que fazer com a Verô, com meus desejos, com nada.

A única coisa que me conforta é que não vejo Hanna nem o pônei no caminho para casa. Não sei se conseguiria lidar com mais isso.

Diminuo o passo ao avistar minha casa. O portão da garagem está aberto, e o Lexus da minha mãe, parado lá dentro.

Que estranho.

Nem me lembro da última vez que minha mãe estava em casa na hora em que cheguei da escola.

Eu paro e fico ali, olhando para o carro. De alguma forma, já sei que não é coisa boa o que vem por aí, e o fato de minha mãe estar em casa só pode dar em desastre, ao menos enquanto esses desejos ainda insistirem em se realizar.

Minha mãe nunca está em casa, não no meio do dia.

Sacudo a cabeça e começo a andar de novo. Seja o que for, não posso ficar plantada na calçada o dia inteiro.

Enfio a chave na fechadura, mas, antes que eu consiga girá-la, a porta se abre com tudo, e minha chave fica pendurada ali.

Minha mãe está do outro lado, fazendo cara feia.

Isso não é nada bom.

Depois da briga com a Verô, a única coisa que quero é discutir de novo.

— Você tem algo para me contar? — Ela não vem para a varanda, mas também não sai do lugar para que eu possa entrar em casa.

Seja o que for, ela está brava mesmo.

Só fico olhando para ela, piscando.

Eu não sei do que ela está falando.

Será que ela soube do meu namorado, o Ken?

Ou descobriu que a Hanna, minha nova melhor amiga, está dormindo no meu quarto faz uma semana?

Ou que o quartinho do jardim está cheio de chicletes de bolinha e um pônei cor-de-rosa?

— Hum... Não!?

Ela estreita os olhos. E não parece impressionada com a minha falta de honestidade.

E não é como se ela fosse acreditar em qualquer coisa que aconteceu comigo nas últimas duas semanas.

Nem pensar.

Então, não falo nada.

— Nada… na garagem?

Engulo em seco. É difícil não ficar impaciente.

Eu estou parada aqui na varanda como se fosse uma hóspede não desejada. Mas minha mãe está tão brava que nem percebe que ainda não me deixou entrar.

Eu não sei o que tem na garagem. Mas, seja o que for... não pode ser coisa boa.

— O que tem na garagem?

Minha mãe vira os olhos, devagar, e depois faz que não com a cabeça. Parece que ela perdeu a paciência. Mas não estou brincando com ela.

Juro.

— Não se faça de boba.

— Mas não estou me fazendo de nada. Não sei do que você está falando!

— Vem comigo. — Ela sai do caminho e abre a porta, e então percebo que não está usando seus sapatos de salto.

Ela nunca tira os sapatos, a não ser que vá ficar em casa por um bom tempo.

Make Your Wish - CamrenOnde histórias criam vida. Descubra agora