CAPÍTULO 30

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Hanna e eu conseguimos nos livrar do Ken e vamos andando com o pônei até em casa.

Enquanto ela vai para o jardim para trancar o pônei no quartinho não falo nada.

Vou direto para a garagem, abro o portão e tiro a moto. Ela volta enquanto estou empurrando a moto para o jardim.

— Aonde você vai?

Eu a olho por um momento com cara de brava e então lhe viro as costas. Se eu disser qualquer coisa, mesmo que seja uma palavra, explodirei.

Encosto a moto na cerca do jardim, corro para dentro de casa e pego a chave da caminhonete do meu irmão, que estava sobre o balcão.

Dez minutos mais tarde, estou entrando no campo perto da pista de motocross. São quase nove da noite e o céu está cheio de nuvens, o que significa que está super-escuro, mas ainda bem que a pista está iluminada com o brilho amarelado de uma dúzia desses refletores de estádio.

Tem alguém na pista.

Tiro o pé do acelerador e a caminhonete anda um pouquinho até parar.

“Lauren.”

Minha respiração fica parada na garganta e eu continuo sentada lá, só assistindo enquanto ela voa pelo ar, de novo e mais uma vez.

Eu a vejo saltar uma rampa de, no mínimo, trinta metros.

Vejo-a dar um mortal perfeito.

Meu queixo cai e só consigo olhar para ela.

Desde quando ela está dando mortais?

Suspiro.

Eu pensei que talvez pudesse entrar aqui de fininho e dar umas voltas, mas não posso, não na frente da Lauren. Eu pareceria uma boba.

Estou prestes a engatar a ré quando Lauren breca a moto e se vira em minha direção.

Ai, saco. Os faróis estão ligados e, desse ângulo, ela reconhecerá a caminhonete com certeza.

Fecho os olhos e apoio a testa no volante.

Penso em ir embora mesmo assim, fingindo que não o vi ali, esperando que ela finja que não me viu ali também.

Mas não quero.

E já recebi meu desejo de hoje, então sei que ela não me beijará.

Pelo menos não esta noite.

E talvez ela mereça uma desculpa pela maneira esquisita como eu tenho agido ultimamente.

Sei que não posso explicar por que ando tão estranha, mas posso me desculpar. E então irei para casa, me arrastarei para a minha cama e nunca mais sairei de casa outra vez.

Engato a primeira e passo aos solavancos pelo gramado esburacado, desligando o motor de uma vez ao chegar ao lado da caminhonete dela. Lauren apoia sua moto contra a cerca, tira os óculos de proteção e o capacete. Então, livra-se de suas luvas e as coloca no banco do carro, passando os dedos por aqueles cabelos escuros e bagunçados.

Meu coração parece bater para tudo quanto é lado, tum-tum-tum-tum contra o meu peito.

Fico pensando se ela consegue ouvir também.

Lauren pula a cerca e aterrissa no chão, as fivelas de suas botas fazendo barulho. Eu saio da caminhonete e tento alisar meu suéter com gola V amassado.

Me esqueci de trocar de roupa.

Droga.

Lauren vem em minha direção, e eu noto a maneira sutil como os seus olhos apontam mais para baixo, por uma fração de segundo, antes de encontrar os meus.

Make Your Wish - CamrenOnde histórias criam vida. Descubra agora