Capítulo 5

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Shawn era uma pessoa muito bem dotada de amigos e isso era uma surpresa para mim.

É claro que se eu levasse em conta todas as características que o tornavam uma das pessoas mais carismáticas que já conheci, fazia muito sentido.

Mas eu não deixei de ficar surpresa, mesmo assim.

Descobri isso na noite em que fomos à tal festa para qual ele me chamara.

Eu me arrumei de uma forma não tão chamativa, principalmente por estar frio e porque, naquele momento, a minha prioridade não era ficar inflando o ego de um garoto que eu mal conhecia.

Com todo respeito a Peter.

Me olhei no espelho quando estava, finalmente, pronta e concluí que há um ano, eu jamais me vestiria de uma forma tão não glamorosa.

Eu estava com uma calça preta, uma bota até o joelho e um sobretudo que cobria uma bata também preta com renda no corpete.

Resumindo, perfeito para um funeral.

Fiquei de guarda na porta, não querendo que o meu pai atendesse quando a campainha tocasse.

Ele cantaria toda a ladainha do "o que pretende com a minha filha" e Shawn como o meu amigo ficaria muito constrangido.

Quando o vi pelo olho mágico, prestes a tocar a campainha, abri a porta rapidamente sem calcular se aquele movimento o acerteria, e foi exatamente o que aconteceu.

Eu saí de casa e encontrei o rapaz me encarando com os olhos arregalados enquanto suas mãos espalmavam o ar para recuperar o equilíbrio.

O ajudei e o meu pedido de desculpas saiu instantaneamente.

Quando o moreno não corria mais risco de cair — e, considerando sua altura, que bela queda seria — trocamos um olhar que foi suficiente para nos fazer gargalhar da quase-desgraça de Shawn.

O rapaz me acompanhou até o seu carro que estava parado em frente à minha casa e abriu a porta do passageiro para mim, eu o agradeci enquanto ainda ria.

Shawn dirigiu até a casa de seu amigo, onde seria a festa, e então uma das noites mais cheias de minha vida começou.

Era aquela típica festa mal planejada, em que o anfitrião ficava correndo de um lado para o outro, impedindo que a sua casa fosse destruída por seus amigos marginais.

Mas, não deixou de ser divertida.

Meu amigo-de-carona me apresentou alguns de seus amigos que conversavam animadamente antes de me verem.

Shawn pareceu ser o único a não perceber o clima meio tenso que se estabeleceu quando o pessoal me viu. Ele apenas continuou a dizer os nomes de cada um.

Alguns daqueles rostos não me eram estranhos. Na verdade, eram muito familiares.

Cameron Dallas e Nash Grier foram amigos de Ethan.

Eu me lembrava bem de ter que ouvi-los falar sobre o quão gostosas algumas garotas eram, enquanto o meu ex-namorado fingia não concordar por eu estar no meio da conversa.

Mas eu não os odiava.

Cameron até me ajudou uma vez, na época em que a minha foto era tão conhecida quanto os cartazes sobre bullying que eram — semanalmente — espalhados pelos murais.

Ele ameaçou quebrar a cara de um idiota que estava me importunando, mas não pareceu que ele havia me ajudado por ter sido eu.

Talvez ele apenas se sentisse culpado pelas babaquices de seu amigo — assim como eu mesma me sentia.

O que aconteceu, foi que Ethan e eles pararam de andar juntos e, pelo visto, agora, Shawn e eles eram muito chegados.

Vários nomes que eu com certeza esqueceria mais tarde me foram apresentados e eu tentei fazer aquela sensação de desconforto durar o menos possível para todos.

Então, abri um grande sorriso e saudei um por um com um beijo no rosto.

Sem ressentimentos.

Essa frase ecoava pela minha cabeça enquanto eu tentava me convencer com ela.

Percebi que eles não estavam contentes com a minha companhia, então disse a Shawn que tinha visto uma pessoa e precisava cumprimentar, o que não era verdade.

O moreno se ofereceu para ir comigo, mas eu, obviamente, disse que não era preciso.

Saí pela porta dos fundos que dava para o jardim, e me sentei em um banco que estava vazio.

Não tinha muita gente lá fora, mas as poucas que haviam, estavam se beijavam como se suas vidas dependessem disso.

Meus pensamentos não demoraram muito a voltarem para a época em que aqueles jovens trocando carícias seriam eu e Ethan e admito que doeu.

Fui tirada de meus devaneios quando uma garota que aparentava ser mais velha se aproximou e se sentou no banco, ao meu lado.

Sorri fracamente e ela pendeu sua cabeça como um cumprimento.

— Você é Charlote, está certo? — ela perguntou com um tom amigável, mas eu apenas conseguia devanear sobre como ela soube o meu nome, a droga da foto.

— Sim, sou eu... Charlote — estreitei os olhos, tornando a minha curiosidade visível.

— Alison... — ela se apresentou, levando a sua mão ao peito de forma demonstrativa — E, se eu não me engano, nós temos aula juntas, Geografia.

— Pode crer! Já faz alguns anos, não é? — ela balançou a cabeça, um tanto animada por ser reconhecida.

— Com quem você veio?

— Shawn. Peter. Mendes. Não sei como e nem se o conhece...

Ela concordou dizendo que se lembrava de um rapaz com as características que eu havia citado.

Alison me fez companhia por mais algum tempo, mas, em um momento aleatório, disse ter avistado a garota em que estivera de olho durante a festa.

Ela se levantou do banco, me beijou no rosto e disse para nós nos falarmos mais na escola, e eu concordei.

Vi sua silhueta se afastar e então senti estar sendo observada, mas não me instiguei com isso, até porque, era apenas uma sensação.

Mas não foi apenas o vento gelado soprando forte contra minha estrutura que me fez arrepiar por inteira, a minha sensação se tornando um fato foi um tanto alarmante.

Aqueles olhos me fitavam de longe.

Aquele maldito sorriso de canto me levava a um pulso acelerado.

E aquela feição...

Ah, aquela feição.

Que acabava comigo de todas as formas possíveis.

Bad Reputation | Shawn Mendes [Completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora