Capítulo 6

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Limpei minhas mãos suadas nas minhas calças e me levantei a fim de entrar novamente na casa, onde a festa acontecia.

Mas a minha pressa não foi suficiente para driblar as mãos de Ethan que foram ao meu encontro, me puxando para si.

Ele selou nossos lábios como há muito tempo não fazia, com voracidade, avidez e nem um pouco de pudor.

Suas mãos dançavam sobre a minha pele que — apesar do frio — ardia em chamas.

Eu tinha noção do que estava acontecendo, sabia que devia afastá-lo e eu queria isso. Mas uma pequena parte de mim, que ainda ansiava por ser tocada e amada, conseguia fazer toda a minha sanidade parecer insignificante.

Eu sabia que devia me soltar de seus braços musculosos, empurrá-lo para longe e acertar-lhe um tapa estralado no rosto ou uma joelhada que comprometeria a sua procriação, com certeza.

Porém, a minha metade que ainda morria de amores, que se consumia em uma chama de paixão insaciável e que não conseguia ver nada demais em beijar aqueles lábios doces, se superava.

E ao mesmo tempo que odiava aquilo, eu amava.

Finalmente a falta de ar nos separou e então pude voltar a ter um genuíno controle sobre o meu corpo.

Dei um passo atrás, podendo ter uma visão focalizada de seus traços que se encontravam incompreensivelmente relaxados.

— Senti falta disso, querida — sua voz interrompeu o silêncio constrangedor e um sorriso ridiculamente bobo se fez em meus lábios.

— É sério? — a expectativa circundou cada milimetro de minha inútil existência.

— Eu juro. Você não faz ideia. Não sei como não notei isso antes — ele me puxou novamente para si e me abraçou, permitindo-me sentir o cheiro de seu perfume que eu tanto adorava.

— Mas... mas você namora a Lauren...

— Não — ele colocou o dedo sobre meus lábios de forma cuidadosa — Eu a suporto. É diferente. Imagine o chilique que ela não vai dar agora, que está sendo perseguida pela imprensa da menor idade. Eu consigo vê-la dar um entrevista e mostrar uma foto minha para todas as crianças que assistem. Eu vou ser um ímã de mordidas e chutes na canela.

Eu ri, concordando, mas mesmo assim ainda não havia entendido ao certo o que ele estava tentando dizer.

— Você não vai terminar com ela, então? — ele lançou-me um olhar que respondia a minha pergunta.

Sinto muito, mas a imagem dela é, de longe, muito melhor do que a sua.

Tudo bem, Ethan. Quer que eu bata palmas para a sua sabedoria?

Me soltei novamente e passei uma mecha de cabelo para trás de minha orelha.

— Eu preciso ir, tenho que encontrar...

— Aquele garoto? Sério mesmo, Charlote? Você merece coisa melhor.

— Foi exatamente por isso que eu  terminei com você. Estou me dando uma segunda chance de conhecer alguém novo, e bem... eu nunca tinha pensado em Shawn desta forma, mas agora que você tocou no assunto... ele, com certeza, é melhor do que você. 

— Você está prestando atenção no que diz? — ele soltou uma risada anasalada, cortando o meu barato, como sempre.  

Apenas baixei minha cabeça e  respirei fundo, abraçando o meu corpo para me proteger do frio. Ethan não tinha o direito de me machucar novamente, mas eu era tola.

Tola.

Tola, tola, tola, tola, tola.

Eu era irremediavelmente tola o suficiente para cair na lábia do meu ex-namorado idiota e voltar à estaca zero.

Eu me senti como em abstinência.

Eu sabia que a droga que Ethan era acabava comigo aos poucos, mas eu ainda ansiava por tê-lo. Eu ainda me controlava para não deixar meu corpo ser dominado pelas viciantes sensações que ele me proporcionava.

— Espera aí, Charlote... Eu... Eu te amo... 

Encarei a sua expressão, duvidando das sobrancelhas juntas que denunciavam uma angústia que eu sabia que era verdadeira.

Nas não sabia se o motivo era.

Conhecia Ethan e sabia que aquilo havia sido aleatório. Uma forma de me fazer continuar ali e ouvi-lo justificar o seu ciúme.

Eu estava cansada demais para aquilo.

— Como eu disse: tenho que ir.

Não esperei uma resposta, mas as palavras de Ethan ainda ecoavam em minha mente, e ouvi-las era quase confortante, mesmo eu sabendo que me iludia em pensar que meu sentimento não era solitário e, pelo contrário, era recíproco.

Sem olhar para trás, atravessei a portinhola que levava à pista de dança improvisada, e lá estava Shawn para me distrair.

A cena era deploravelmente cômica, o rapaz estava balançando o seu corpo gigante da mesma forma que um boneco de posto faria. Totalmente fora do ritmo.

Mas não foi exatamente isso que me fez quase chorar de rir.

Ele estava bêbado. 

Bêbado o suficiente para não notar a bela garota que se esfregava nele, de uma forma um tanto explícita. Ele apenas a empurrava de vez enquando, ou a usava de apoio quando se desequilibrava.

Ainda aos risos — desta vez mais contidos — me aproximei, antes que a garota resolvesse se aproveitar ainda mais da vulnerabilidade de Shawn.

Ele abriu um grande sorriso quando me viu. E novamente me convenci de que ele era melhor do que Ethan nesse sentido — ser um amor de pessoa.

Daí, outra vez ele me fez gargalhar,  encenando um mini striptease para mim. Ele tentou tirar o seu casaco duas vezes, e começou a desabotoar a sua camiseta debilmente. 

Então, eu percebi que teria de levar Shawn para a sua casa, novamente. 

E, bem... não me pareceu tão ruim.

🌸🌸🌸

Ooi, leitor maravilhoso que está votando e comentando a história e que não é ghost.

Como você vai?

Eu estou morta. Morrida. Matada. Desprovida de batimentos cardíacos depois do show de ontem.

O que foi aquilo no palco do RIR, meu Deus do Céu?!

Só sei que Shawn acabou comigo.

É isso.

Matada...

Without life,

F. M.







Bad Reputation | Shawn Mendes [Completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora