Capítulo 13

789 87 214
                                    

Daquela vez eu não fiquei magoada, não fiquei totalmente surpresa e nem me senti traída ou me achei uma vítima.

Eu só me achei idiota.

Idiota por não enxergar o que eu tinha e apenas querer o que eu não podia ter — e sabia que não deveria ter. Essa era a minha realidade e parecia que eu insistia em tê-la, porém, eu tinha a opção de mudar aquilo e não fazia.

Naquela vez eu apenas reconhecia o quão tola eu era. Apenas estava mais ciente do que nunca sobre a minha falta de amor próprio.

Shawn e Camila estavam sentados à mesa comigo e nós estávamos discutindo algum assunto tosco — e adorávamos isso.

Era a vez da morena e ela estava nos fazendo rir com hienas bêbadas, mas foi interrompida pelo som alto de vários celulares apitando ao mesmo tempo. O que fez todos ali se entreolharem enquanto pegam os seus aparelhos.

Os dois que estavam comigo fizeram o mesmo, mas eu estava boiando, porque o meu celular não havia apitado.

Shawn fechou a cara no segundo em que desbloqueou o celular e Camila mordeu o lábio em uma cara pensativa enquanto piscava algumas vezes para a tela do aparelho.

— O que foi? — eu perguntei e apenas a garota me deu atenção.

— Bem, Charlie... — ela encarou a tela acesa mais uma vez e encolheu os ombros antes de me entregar o pequeno retângulo metalizado.

"Uma vez vadia, sempre vadia..."

As letras diziam acompanhadas de uma foto.

Senti o meu rosto se avermelhar no segundo em que vi a imagem, eu levantei meu olhar e pude sentir todos me encarando, mais uma vez. Aquilo não podia estar acontecendo, de novo.

Não, não, não, não.

Meu olhar se voltou novamente para o celular em minha mão e senti minha garganta fechar. Em milésimos de segundos, o constrangimento tornou-se raiva.

Raiva de mim mesma, raiva de Ethan — que havia enviado a mensagem para a porra da escola toda — e raiva da minha vida que não cansava de se auto-humilhar.

A foto retratava a noite da festa, mais especificamente a parte em que o meu ex-namorado me roubou um beijo, e é claro que eu deveria esperar isso.

Eu puxei o máximo de ar que meus pulmões aguentaram, me levantei de onde estava sentada e enquanto marchava em direção à mesa de Ethan, as lembranças do ano passado corriam por minha mente e eu sabia que, naquele momento, eu poderia, facilmente, passar por tudo de novo.

Mas eu estava cansada de ser feita de idiota.

Eu estava cansada de Ethan, eu estava cansada de Lauren, eu estava cansada daquela escola e das pessoas malvadas de lá. Eu estava cansada de mim, da forma como eu sempre me fiz de tapete para que os outros pisassem e não sujassem os pés.

Cansada de me indignar, cansada de achar razão nas coisas estúpidas que as pessoas faziam.

Cansada de estar sempre por baixo, em todos os sentidos.

Ethan já me esperava com a sua cara de deboche oficial estampada em seu rosto que nunca me pareceu mais imundo do que naquele momento. Ele estava em pé, com as mãos nos bolsos e um sorrisinho escroto de canto.

Talvez ele não estivesse esperando me ver tão enfurecida. Provavelmente achava que poderia me dobrar como da última vez, mas eu não acreditava muito nisso.

Ele nem teve tempo de dizer alguma idiotice, ou tentar me intimidar. Eu me aproximei tão rápido que ele nem pôde prever ou se preparar para o chute que eu lhe dei nas partes baixas.

Vi aquele imbecil cair sentado no banco atrás de si e se contorcer com um a cara de dor que todos os garotos a nossa volta imitavam.

Eu dei um passo à frente o vendo ainda se contorcer.

Eu sabia que ele não estaria me escutando falar, mas eu queria extravasar tudo o que reprimi por tanto tempo.

— Você é um merdinha. Um merdinha! — eu disse em seu ouvido enquanto ele tentava fingir que não estava mais sentido dor — Tão insignificante quanto esses idiotas que andam com você e acham que, por terem sido amigos desse bosta do cacete, vão ter um futuro promissor — Ethan estava irritado, e eu gostava de fazê-lo passar raiva.

Eu me virei, dando as costas para ele e olhando a minha volta. Tanta gente que caminhava em direção à tolice, como eu.

— Estão vendo? — foi a minha vez de rir com deboche — Eis o vosso herói. Que faz vocês, que andam com esse filho da mãe, parecerem tão patéticos quanto ele. Podem continuar com as suas vidinhas de merda. Continuem colocando cada um desse colégio em seu devido lugar, enquanto ainda dá tempo. Porque, diferente de vocês, que perdem tempo com esse panaca aqui, cada aluno dessa escola tem potencial para crescer e já estão fazendo isso. Mas a tendência de vocês é regredir.

Encarei cada um daqueles com quem eu costumava andar por ser namorada de Ethan. Admito que estava impressionada por eles estarem me ouvindo, mas eu ainda tinha o que falar.

Me virei novamente para trás e dei da cara com Ethan que já estava de pé e que assustou. Seus olhos me fuzilavam e eu quase pude vê-lo me agarrar pelo pescoço, como no ano passado.

Mas não deixei que ele percebesse o furo em minha bolha de invulnerabilidade:

— Eu tenho pena de você, Ethan. Vai ser pra sempre o filhinho do papai, que eu duvido que já tenha aprendido a limpar a bunda — ele deu um passo à frente, deixando seu rosto próximo ao meu — A verdade é que você é um fracassado... E sabe disso... Você... tem a garota mais linda e popular da escola como namorada, mas não valoriza isso. Prefere ficar infernizando a vida da sua ex, como uma criancinha birrenta, ao invés de olhar ao seu redor e ver que a sua reputação, o seu reinado... está em decadência...

Eu ainda tinha muito que falar, mas Ethan me acertou um tapa que me fez cambalear por alguns segundos. Mas aquilo não era o fim, era um start para despertar toda a raiva que eu sentia daquele filho da puta.

A raiva já passeava por minhas veias e a adrenalina foi o que amenizou a dor que eu senti ao acertar a cara de Ethan com o punho fechado.

E não foi apenas um soco.

Eu o derrubei, me joguei por cima da sua estrutura meio zonza e me permiti por pra fora um ano de sofrimento, frustração, ódio, desamor, insegurança, impotência, lágrimas desperdiçadas e ilusões.

A minha mão já estava machucada, mas eu não parei de soca-lo enquanto alguém não me tirou de cima dele. Dei um soco em quem me segurou e quando percebi que era Shawn as lagrimas vieram.

O moreno apenas me puxou para um abraço e me apertou até que aquela confusão já tivesse se diluído um pouco.

Eu me soltei rapidamente dos braços de Peter e corri para o primeiro banheiro que encontrei e me tranquei.

Minhas lágrimas eram por tantos motivos diferentes.

Eu havia perdido o controle e socado uma pessoa até a inconsciência, depois soquei o meu melhor amigo que só queria ajudar. Perdia razão na frente da escola toda e havia mostrado que uma parta da mentira de Ethan era real (eu ser uma louca). Mas, por outro lado, eu me sentia livre.

Libertada.

Leve como há tempos não me sentia. No meu coração não havia mais resquícios de Ethan, apenas uma pena incompreensível. Eu não sentia mais o caos, a não ser o turbilhão de emoções naquele momento.

Daquela vez eu não fraquejei. Admitia que, no fundo, estava devastada...

Mas, livre de Ethan.

🌸🌸🌸

IIIIIIIIIIIIIIIIIIHHHHHHH, GURL!

O que foi isso, Charlote?!

Estou perplexa, mas ao mesmo tempo adorei.

Olha aqui, gente... Eu sei que esse capítulo tá uma merda e pah, mas alguma hora eu reescrevo ele, ok?

Só não queria deixar vocês sem.

Bad Reputation | Shawn Mendes [Completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora