Capítulo 1

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Um ano depois

Empurrei as portas largas de madeira escura da entrada do colégio, com um baque de lembranças fazendo minhas pernas tremerem como se fossem feitas de gelatina.

Algumas pessoas têm medo de cemitérios, outras de corredores compridos e até mesmo de brinquedos de parques.

Mas o lugar que mais me assustava era a escola.

Nunca pensei que teria de passar por isso.

Nunca sequer imaginei que eu um dia compreenderia a sensação de me sentir diminuída e vulnerável demais.

E era exatamente isso que me fazia ter uma necessidade quase palpável de dar meia volta e correr para a minha casa.

Eu olhei para trás não vendo a cena que eu esperava. Era para o carro do meu pai estar estacionado em cima do meio-fio, atravessando a calçada, como um bom xerife folgado faria.

Mas ele não estava ali.

Apenas os vários corpos adolescentes ocupavam a calçada.

Apenas aqueles cretinos que fizeram o meu segundo ano do ensino médio ser um dos piores da minha vida.

Mas, aquilo era passado. Eles já deveriam ter esquecido de tudo, não é mesmo?

Eles deveriam.

Encarei novamente o corredor a minha frente, respirei fundo e dei um passo, hesitante.

Àquela altura, já até me sentia como se fosse a primeira pessoa a pisar na lua, meus pés marchavam em solo inimigo e que nunca me pareceu tão desconhecido.

Caminhei timidamente até o meu armário, pedindo à Deus ou qualquer um que me ouvisse, para que nada indesejado caísse do mesmo.

Seria uma péssima forma de começar o primeiro dia do ano escolar.

Para a minha sorte ou graça divina, absolutamente nada caiu do cubículo metálico.

Ele estava vazio, ou melhor dizer, não havia nada que me chamasse a atenção. Apenas a minha famosa — e adorada — foto, que já estivera espalhada pela escola toda.

Eu ainda não conseguia entender o por quê de Ethan ter saído imune de tudo o que me causou.

Mas eu admitia que o fato de ele não ter se ferrado legal no ano passado me deixava, genuinamente, aliviada.

Pois, mesmo que não devesse, eu ainda o amava, e me odiava com todas as forças por isso.

Qual era o meu problema?!

Que tipo de pessoa, que preza por sua dignidade e sanidade mental, se dá ao trabalho de continuar amando o desgraçado do namorado que arruinara a sua imagem — além de lhe garantir o título de Vadia da Escola?

Eu era esse tipo de pessoa, ou pior, ainda sou...

Saí de meus devaneios quando alguém abriu seu armário ao lado do meu, fazendo com que o metal frio da porta do mesmo contatasse o meu rosto, com uma certa força.

— Ah, me desculpe! — uma voz masculina exclamou.

Eu ainda estava tentando entender o que acabara de acontecer e quando a minha visão se focalizou, eu pude ver um rapaz com uma expressão assustada — particularmente linda.

— Minha nossa! Foi mal mesmo, eu não vi você... Quer dizer... eu vi, mas não pensei que poderia te acertar...

— Está tudo bem...

— Está mesmo? Tem certeza? Você pode ter sofrido uma concussão... Eu posso te acompanhar à enfermaria...

— Eu não!... Eu não sofri uma concussão... Eu estou bem — disse tentando não me estressar com a preocupação irritantemente fofa dele.

— Tá legal — ele pareceu se convencer.

— Você é novo aqui? — eu perguntei querendo mesmo saber. Até porque, mesmo soando tosco, como eu nunca havia notado aquela beldade?

— Na verdade não, Charlote... Eu estudo com você desde a oitava série e sou da época dessa foto aí — ele disse indicando a imagem dentro do meu armário com o queixo.

Senti minhas bochechas queimarem porque, (1) minha foto estava, mais uma vez exposta, (2) eu havia sido mega superficial com um garoto que estudava comigo desde a oitava série e, (3) eu não conhecia, sem contar que (4) ele provavelmente agora achava que eu tinha mesmo espalhado minhas fotos pela escola toda e (5) deveria pensar que, além de eu ser uma vândala (6) eu também era uma vadia (7) muito imatura por sinal.

— Tem certeza? — eu pensei alto enquanto fechava o meu armário.

— É, eu tenho. Me desculpa se sou comum demais para não ser notado por vossa Divindade — ele disse com um sorriso espertinho. Revirei os olhos com um sorrisinho de canto.

Você não é comum, à média de altura canadense é de um metro, não cinco.

— Pensando bem... Eu me lembro de você. Entrou no segundo semestre e sentava duas cadeiras a minha frente e te chamavam de Peter Parker porque você foi único a conseguir escalar a corda na educação física. Uau...! O que a falta de um aparelho não faz...

Foi a vez dele de revirar os olhos.

— Caso não se recorde, eu sou Shawn.

— Caso não se lembre, mas, já percebi que lembra... sou Charlote.

— Como eu não me lembraria da garota mais linda da nona série...? — é claro que eu revirei os olhos mais uma vez.

— Eu tenho que ir agora, Homem Aranha — disse sorrindo e me virando para ir à minha sala.

Ele parecia um cara legal.

🌸🌸🌸

Ooi, povinho, tudo bem?

Olha só quem resolveu dar o ar da graça...

Shawn, finalmente, apareceu e digo que já chegou chegando, mas vocês ainda não sabem.

Isso vai ficar claro no próximo capítulo, então (pausa para o jabá), adicione o livro à sua biblioteca para você saber quando eu atualizá-lo.

Viram que eficiência?

With all love,

F. M.

Bad Reputation | Shawn Mendes [Completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora