Capítulo 21

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Abri meus olhos lentamente, tentando me acostumar com a luz que me cegava aos poucos. Minha cabeça latejava e o meu corpo parecia pesar três vezes mais.

Quando a minha visão focalizou, eu vi uma mão virar a lanterna de mesa que estava arrumada em minha direção, para o lado oposto. Eu subi o meu olhar, vagarosamente e meu coração estava quase saindo pela boca.

— Olá, minha querida... — a mesma mão levantou o meu rosto, me obrigando encara o seu dono, de uma vez.

— Ethan... — a minha voz saiu em um fiapo e o meu estômago se revirou — Onde... Onde a gente tá? — a minha respiração estava tão ofegante quanto se eu tivesse corrido uma maratona. Com muita dificuldade, conseguia puxar o ar para abastecer meus pulmões.

— Isso é irrelevante, meu bem... — ele acariciou o meu rosto que ainda estava em sua mão — Estamos em um lugar seguro...

— Um lugar... Seguro? — ele assentiu — Como assim, um lugar seguro? O que tá acontecendo? — eu estava amarrada à uma cadeira e só percebi quando tentei me levantar.

— Vai ficar tudo bem pra nós, Lottie... Eu prometo...

— Para nós? — eu indaguei mecanicamente, vendo o rapaz se levantar de seu lugar e caminhar até estar ao meu lado.

Ele se agachou e inclinou um pouco a cabeça para poder alcançar o meu olhar. Sua expressão estava tão serena que era até assustador.

— Nós... Eu vou consertar tudo, querida... — seus lábios se curvaram em uma espécie de sorriso — Vamos voltar a ser o que éramos...

— O quê?! — por um segundo, consegui pesar em mil significados para o que ele havia dito. Sabia que Ethan era louco o suficiente para fazer qualquer coisa.

— Isso mesmo... Vamos voltar a ser o que éramos antes das fotos... Antes de você me bater... Antes dele...

— Não! — eu tentei puxar os meus braços e pernas, nas aquilo só vez a cadeira se mover um pouco para o lado — Ethan, não...

O garoto me ignorou. Se levantou, passou a mão pelo meu rosto e então sorriu abertamente, fazendo o meu coração disparar pelo seu sadismo.

Ele deu meia volta e começou a se afastar devagar, andando na direção de uma porta e logo depois saindo por ela antes de fechá-la.

Quando ele saiu do cômodo, eu comecei desesperadamente a tentar me soltar. Meus pulsos estavam amarrados fortemente e isso fazia com que o meu esforço em soltá-los fosse doloroso.

Não desisti por isso, a corda estava começando a se afrouxar, quando eu ouvi sons de passos se aproximarem. Cessei os meus movimentos e então vi Ethan entrar novamente, ele estava acompanhado, mas mandou — de forma estúpida — a pessoas esperar do lado de fora.

Meu ex-namorado se aproximou de mim, ainda com aquele sorriso assustador e beijou a minha testa. Eu virei o rosto rapidamente, sentindo as lágrimas subirem aos meus olhos.

— Vamos recomeçar... Mas, para isso, precisamos cortar, pela raíz, tudo o que pode nos afastar.

Eu não conseguia dizer nada. Não conseguia pensar em nenhuma resposta espertinha, nenhuma forma de intimidá-lo e nem algo que o convencesse a me soltar. Eu estava morrendo de medo.

— Pode entrar! — ele chamou e então, tudo começou a passar em câmera lenta.

A pessoa a atravessou a porta e o meu coração, simplesmente, parou de bater. Sua estrutura se arrastava, as mãos amarradas e a expressão devastada.

— Pai! — eu exclamei e as lágrimas começaram a saltar de meus olhos.

Eu voltei a me debatre na cadeira, tentando me soltar e a corda se afrouxou um pouquinho mais. O meu desespero estava deixando o meu pai mais assustado também.

Se eu parasse para pensar, não havia muito o que temer e não só pelo meu pai ser um polícia...

Mas, ele era um!

Com certeza, sentiriam falta do xerife da cidade e começariam a procurar pelo meu pai e nos encontrariam, se a interação de Ethan fosse nos deixar vivos.

Mas, naquele momento eu só podia chorar, me debater e buscar algum resquício de humanidade em meu ex-namorado.

— Ethan, pelo amor de Deus...! — eu chamei e ele me ignorou. Conduziu o meu pai até um ponto específico da sala, onde, no chão havia um xis e no teto uma espécie de anzol gigante.

Ele obrigou o meu pai a subir em uma cadeira, estrategicamente, posicionada e depois o fez se pendurar no anzol pelas mãos amarradas.

— Ethan... Por favor! Não faça isso! Por favor! — eu gritava com voz de choro.

— Fique quieta! — ele gritou de volta.

— Pai... Pai, vai ficar tudo bem, eu prometo... Vai ficar...

Eu berrei, me esforçando para deixar de transparecer medo em minha voz.
Ethan deu um pontapé na cadeira em que meu pai se equilibrava e um urro dolorido escapou de meu progenitor.

Seu corpo pendia no teto e sua expressão de dor me fazia chorar ainda mais.

— Ethan... Por favor! — o rapaz se aproximou novamente e segurou o meu rosto.

— Seu pai vai ficar bem... — ele piscou singelamente, depois me deu as costas e deu alguns passos até estar de frente para o meu pai que se esforçava para conseguir respirar — Quer dizer... Isso vai depender muito mais dele...

— O que você quer dele?! — eu tentei desviar sua atenção para mim.

— Que ele finalmente permita a nossa relação. Eu não ligo para o que ele pensa de mim, mas eu sei que você nunca concordaria em me dar uma segunda chance se o seu pai não deixasse. Então, eu quero que ele diga que é a favor...

— Mas... Eu nunca fui... — papai começou, arfando e fazendo força para conseguir falar — E... Nunca vou ser.

— Ah, não? Vamos ver então, Christopher... — Ethan caminhou até a mesinha para qual eu estava virada, abriu uma gaveta e tirou dali uma arma.

— NÃO! NÃO, PELO AMOR DE DEUS, ETHAN! O QUE VOCÊ VAI FAZER?! NÃO! — ele se aproximou de meu pai e mirou em dua direção.

Ele não atirou, se aproximou mais e então deu uma pancada na cabeça de meu progenitor, com força, o fazendo desmaiar. Meu coração disparou.

Ethan se afastou logo depois e saiu do cômodo novamente.

Não perdi um segundo, comecei a forçar novamente meus pulsos até me soltar. Quando isso aconteceu, soltei minhas pernas também e comecei a pensar em como eu faria o mesmo com meu pai.

De alguma forma eu fiz isso. Meu pai desabou no chão, eu me joguei ao seu lado para analisar o corte em seu rosto.

Quando Ethan voltou eu percebi que a sua arma estava em cima da mesa. Ele veio para cima de mim, com ignorância. Eu me levantei e praticamente me atirei na mesa, tendo a arma em minha posse.

Vi meu ex-namorado recuar, mostrando as mãos, com um sorriso despreocupado.

— Você não faria isso... — ele desafiou.

— Sim, eu faria. Você machucou meu pai, você... você sequestrou nós dois.

— Charlote... Você ainda vai me agradecer por isso, eu já disse, tô fazendo isso por nós...

— Não existe nós, Ethan! Agora senta nessa porra dessa cadeira e fique quieto!

— Você nunca atirou em ninguém...

— Há uma primeira vez pra tudo...

🌼🌼🌼

FELIZ ANO NOVO!!!!!!!!

Primeiro capítulo do ano e já estou lançando (hahahaha) tiro.

Um próspero 2018 para nós que já começamos o ano metendo o dedinho do pé na quina da mesa.

Amo vocês!!!

With all love,
Renovada

Bad Reputation | Shawn Mendes [Completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora