Dezessete - Finding You Again

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Concentração era tudo o que eu tentava ter no momento. Estava tão nervosa que se abrisse a boca poderia facilmente vomitar na piscina a minha frente toda água que tomei durante o dia.

Naquele 14 de Julho acontecia a final do Campeonato Russo de Piscina Curta. Eu estava na final, eu queria aquela medalha de ouro mais que tudo. Eu queria o reconhecimento. Eu quero meu reconhecimento nas Olimpíadas.

Priscila Romanov – O narrador me apresentou. Não pude não revirar meus olhos ao ouvir o homem pronunciando meu nome errado.

Meu nome era brasileiro por causa da minha mãe, a única coisa que eu sabia dela era que ela era brasileira e meu pai, com quem ela teve apenas um caso, era Russo. Ele era casado e ela nova demais para ter a segurança e noção de criar um bebê, por isso me deixou em um orfanato com um bilhete pedindo desculpas, um colar com um pingente de bailarina e meu nome.

Dos meus 15 até os 18 anos eu tinha curiosidade de saber quem eram eles. Pedir porque minha mãe me deixou na Rússia e sumiu. Queria saber se meu pai sabia da minha existência e porque não me quis quando nasci.

Agora com 24 anos, com uma carreira em andamento e o suporte e apoio das pessoas que me criaram no orfanato, não tenho mais a ansiedade de saber quem me pôs no mundo. Mas também não quer dizer que estou cem por cento nem aí.

A autorização foi dada e pulei na piscina. Na mesma hora todos os meus pensamentos foram se dissolvendo na água, tudo o que restou na minha mente foi a vontade de ganhar.

Senti minha mão bater na borda da piscina dei meia volta e toda minha vida naquela corrida. Eu ia ganhar aquela medalha!

Tirei os óculos e vi uma parte da multidão comemorando, pulando e gritando eufóricos. Olhei para o telão, meu sorriso só aumentou.

#1 Priscila Romanov.

Eu havia ganhado mais uma competição. Bati minhas mãos na água. Já não sabia se meu rosto estava molhado por causa da água ou das minhas lágrimas.

Meu sorriso já fazia minhas bochechas doer, meus olhos estavam vermelhos e se todos não soubessem o motivo podiam simplesmente concluir que eu estava sobre efeitos de drogas, não só pelos meus olhos, mas como pelo tombo que quase levei quando fui descer do pódio.

Sabe... o primeiro lugar era mais alto que os outros.

Não encontrei o chão graças as mãos de Deus me segurando pela cintura. Apertei as mãos ao redor do buque que havia ganhado, o chão estava bem escorregadio. A vista que eu tive foi de um peito bem malhado nu e com gotas de água deslizando pelo mesmo.

Que visão, meu Deus!

Obriguei-me a dirigir meus olhos para o rosto da pessoa que me segura. A sensação que tive de olhar para aqueles olhos azuis foi um misto de nostalgia e conforto.

"– Não, Vladimir! – A menina de cabelos e olhos negros gritou ao perceber o garoto correr na direção da piscina. – Por favor, está muito frio!

– Não está, Pri, é inverno e eles deixam a água quente. – Parou no caminho para explicar a amiga.

– Mas eu tenho meu celular no bolso. – Inventou uma desculpa.

– Mentira, você não tem celular. – O loiro riu ao ouvir resmungos da amiga. – Não vai derreter, Romanov.

Morozov voltou a correr e pulo na água, divertindo-se com a gargalhadas que a melhor amiga soltava depois de emergir na superfície. As tardes dos dois eram sempre assim, mas nunca se cansavam da rotina que tinham. Aproveitavam o máximo possível.

Quinta Edição - Conto de FadasOnde histórias criam vida. Descubra agora