Vinte e Um - Somewhere In Neverland

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Inspirado em: Peter Pan

Para a minha minha amiga secreta lulissx , este conto foi escrito com muito carinho e admiração.

Espero que você goste.

Com amor, mayaswords 



I.

Se Louisa Bonet tivesse que escolher uma palavra para definir a sua vida no momento, provavelmente o termo escolhido por ela seria caos. Isso tudo porque o prazo de entrega do seu novo livro venceria em menos de um mês e ela não possuía nenhuma ilustração completa. Cogitaria a ideia de pedir um tempo extra a sua editora, se não fosse pelo fato de que necessitava do dinheiro de sua nova publicação para quitar todas as – aparentemente infinitas – dívidas que adquiriu com a compra do seu novo apartamento. Sim, sem dúvidas, caos era a palavra certa. A espanhola observou Barcelona através da janela do escritório, esperando que a cidade pudesse oferecê-la algum tipo de inspiração imediata. O verão fazia com que a capital catalã transbordasse cores e logo fosse preenchida por milhares de turistas, que tomavam as ruas e os pontos turísticos da metrópole sem hora programada e a enchiam de vida. Em épocas normais, Louisa adorava observá-los e constantemente perdia-se em pensamentos, imaginando como eram, de onde vinham e para onde iriam. Em sua cabeça, criava histórias sobre amores achados e perdidos, questionava-se sobre os medos daquelas pessoas e sobre cada uma de suas angústias pessoais, aquelas guardadas no íntimo de cada ser. Tal exercício de imaginação costumava inspira-la a criar novas histórias. Costumava, no pretérito imperfeito mesmo, pois nos últimos dias tudo o que a garota conseguia fazer era observar o papel perfeitamente branco, tentando encontrar o motivo para aquele terrível e agonizante bloqueio criativo.

Levou suas mãos de encontro aos cabelos castanhos e deixou que por seus lábios entreabertos escapasse um longo suspiro de frustração. Encarou o visor do seu celular, decidindo buscar por ajuda. Logo seus dedos digitaram com agilidade o número tão conhecido, a fim de encontrar conforto em uma voz familiar.

Hola, mi angel. não fora necessário esperar muito. Como se soubesse que algo estava errado, Marta havia atendido ao segundo toque da chamada. — Como se sente?

— Eu estou péssima. Faltam exatamente vinte e seis dias para entregar o meu novo livro a Lunwerg e eu não tenho uma ilustração pronta, Marta. E eu não sei nem sobre qual assunto vou abordar. Tudo bem, foi totalmente insano da minha parte aceitar a proposta deles de fazer um livro em dois meses. Mas, convenhamos, eu nunca tive problemas com bloqueios, desenhar para mim é como respirar. Ou melhor, era. Era, Marta! — a última sentença fora proferida por Louisa como um sussurro. A garota levou uma de suas mãos ao rosto, demonstrando cansaço com a situação a qual enfrentava. — Estou perdida.

— Lulis, calma. Respira! — a amiga disse utilizando-se de uma voz terna. Em quase quinze anos de amizade foram pouquíssimas às vezes em que vira Louisa agir desta forma. Se Marta parasse realmente para analisar todos aqueles anos, era Lulis quem cumpria o papel mais racional da relação, sempre a acalmando e levando palavras de conforto, raramente sendo a protagonista de alguma crise existencial. — O que vem lhe causando este bloqueio?

— Marta, eu esperava mais de você. Está realmente achando que se eu soubesse o motivo por trás disso tudo eu não teria resolvido? — bufou, passando a questionar a sua decisão de ter recorrido à amiga. — Eu preciso que você me ajude a encontrar o problema.

Quinta Edição - Conto de FadasOnde histórias criam vida. Descubra agora