Dezoito - espirito livre

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— Já conversamos sobre isso centenas de vezes.

— Justamente por isso que você deveria saber qual é a minha resposta — Nay rebateu no mesmo instante, sentindo-se entediada com a retomada do assunto — Por que ainda estamos insistindo nesse assunto mesmo?

— Porque o Thomas é um bom garoto e gosta de você. Sabe quantas garotas gostariam de trocar com lugar com você nesse momento?

— Sei que eu trocaria de lugar facilmente com elas — murmurou mais para si mesma, esticando as pernas e sentando de maneira mais confortável.

Thomas Jefferson e Nay namoraram por algum tempo, mas a garota decidiu colocar um ponto final no relacionamento no instante em que seus caminhos pareceram se tornar contrários um do outro. Tudo pareceu piorar quando ele decidiu que gostaria se seguir com a carreira política, seguindo com os passos do avô e do pai.

Thomas queria se eleger Governador do estado nas próximas eleições e tinha um apoio enorme, inclusive da sua própria família, o que parecia aumentar a ligação entre ambos.

Nay queria liberdade e aproveitar o que a vida tinha de oferecer de melhor, o que incluía viagens e festas com os amigos. Um relacionamento com Thomas tiraria tudo aquilo de suas mãos, ainda mais porque ele a coagiria a ser a namorada perfeita e, mais tarde, uma mulher do lar, que o acompanhava naquelas reuniões e encontros entediantes do partido.

Nay não se enxergava naquele papel de forma alguma.

Não queria rótulos em sua vida e queria caminhar por conta própria, sem que a família a pressionasse e sem um namorado que poderia ser o futuro Governador.

— Por que você não me escuta e se conforma que eu não vou reatar meu relacionamento e nem muito menos casar com o Thomas?

— Porque ainda tenho a esperança de colocar um pouco de juízo em sua cabeça. Será que custa tanto fazer isso por nós? Pense em tudo que um relacionamento com o Thomas pode acrescentar em sua vida e todas as portas que se abrirão para todos nós.

Uma careta surgiu no rosto de Nayara.

Ele nem mesmo sabia como pode um dia jurar amor por Thomas, pois, naquele momento atual de sua vida, ele definitivamente não era o seu tipo e ela nem conseguiria ficar por cinco minutos dividindo o mesmo ambiente que ele. Era o tipo de cara certinho, que agradava aos pais logo a primeira vista, porém do qual ela correria na direção contrária assim que acabassem esbarrando um no outro.

— Você gosta disso, Nayara?

— Claro que eu não gosto disso, mãe — respirou fundo, controlando o seu próprio tom — Quem é que gosta de ser forçada e entrar em um relacionamento?

Nayara gostava de muitas coisas, menos de um relacionamento forçado, ainda mais quando Thomas estava incluso naquilo. Ela nem suportava olhar para a sua cara, quem diria casar e passar alguns vários anos, ou toda a sua vida, ao seu lado.

— Você precisava olhar a carinha dele quando conversamos mais cedo — continuou insistindo no assunto — Custa tanto tentar mesmo?

— Eu nem sei como você ainda se deixa levar pelo papo do Thomas, mamãe, porque ele vem com todo esse papo inocente apenas na sua frente. Sabe muito bem como ele se comportou em uma determinada fase do nosso relacionamento.

— E você sabe que temos que aprender a lidar com os homens — respondeu como se fosse óbvio o bastante, ao mesmo tempo em que cruzava as pernas elegantemente — Basta fingirmos que eles possuem o controle do jogo.

O apartamento extremamente bem decorado, era pintado em cores claras e com uma iluminação que o favorecia muito, ainda destacando os quadros caros nas paredes. Eles tinham uma fazenda no interior, mas passavam a maior parte do tempo na cobertura e quando estavam de férias embarcavam para outro país.

Quinta Edição - Conto de FadasOnde histórias criam vida. Descubra agora