- Olha, não adianta discutir agora. Eu tenho outras prioridades. Preciso me curar, descobrir como voltar a ser humana, pagar uma dívida com alguém que nem sei quem é ou o que vai cobrar... A lista só cresce se eu parar pra pensar. Então, se você não se importa, eu gostaria de falar sobre isso depois.
Veja bem, não é que eu não queira discutir, eu apenas preciso pensar em tudo o que eu vi em sua mente, mas não posso dizer isso à ele. Foram muitas coisas de uma só vez, não posso lidar com tudo ao mesmo tempo, e ainda decidir outras coisas, ou discutir; estou muito cansada disso também, mas tenho que ter calma. Eu vi coisas que não queria ter visto, outras que eu queria, outras que eu não deveria... Outras que eu nem entendi direito ainda se são boas ou ruins...
Tento virar as costas pra ele, pra poder pensar sem ter de encará-lo.
Nesse momento eu não posso suportar olhar pra ele, depois de sentir toda sua dor e sua felicidade, toda sua culpa, e medo, e coragem, seus desejos, são coisas muito pessoais; mas a adrenalina passou, e a dor toma seu lugar, o que me faz quase cair enquanto tento andar.Ele faz mensão de me apoiar, mas não deixo. Resolvo ficar ali mesmo.
- Me diga como eram as folhas que a tal moça te deu?
Preciso mudar de assunto antes que ele perceba algo.
- Por acaso você é alguma expert em plantas agora? - ainda sinto sua amargura, seu desabafo foi muito pesado, mas mesmo assim ainda tem algo que ele não me disse. Não que ele precise, pois agora eu vi.
- Mais do que você, eu garanto que sei. - tento melhorar o clima com uma risada. Não é pra me gabar, mas sou uma das melhores alunas de ervas medicinais da escola.
Depois de ele me explicar como eram as folhas, entro em desespero, pois as ervas não são curativas, ao contrário, são apenas sedativas. Mas são elas que estão me impedindo de me transformar novamente. Se eu ficar mais de cinco horas em contato com elas, elas atingirão minha corrente sanguínea, e posso até perder meus poderes recém adquiridos de Luna. E qualquer poder licantrope também.
- Por favor, me diga que ainda não se passaram cinco horas que estou em contato com essas ervas???
- Não, - ele responde - só passaram pouco mais que duas. Por que?
- Não posso ficar com isso em mim, ou meus poderes não vão mais se manifestar. Você precisa tirar isso de mim logo.
- Certo, mas o que vai acontecer se eu tirar? Não vai doer mais do que dói agora?
- Sim, mas é necessário. Como eu disse, eu prezo pelas prioridades, e continuar com meus poderes nesse momento é o que eu prefiro. Por favor, você precisa tirar isso de mim.
- Você tem certeza? Prefere passar dor? Eu não quero ver você sofrer...
- Algumas dores são necessárias. Como a dor da separação, por exemplo...
Certo. Eu sei que fui longe agora, mas isso é necessário também. Ele tem que estar preparado, não?
Afinal, quando Alva nos separar, ele vai estar sozinho também.
Eu não sei por quanto tempo, mas sei que ele vai sentir a separação.
Porque, afinal, eu vou me desligar, não vou?
Afinal, não é isso que eu quero?
Não é isso que ele também vai querer, quando descobrir quem eu sou?
Afinal, isso será bom pra todos, não?
Afinal.
Final.
Qual será o final?
Por quê eu já não sei mais o final?Olho para meu parceiro.
Meu parceiro.
Meu par.
Meu.
Meu eu.
Minha metade.Ele não comenta nada, não sei se pelo que eu disse sobre não querer discutir, ou por medo da resposta que eu vou dar caso ele diga o que está pensando agora. Ele me tira dos meus pensamentos por um momento.
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Um caso diferente
РазноеEla era apaixonada, mais era só mais uma entre várias que tentavam chamar sua atenção. Ele se apaixonou, mais não a reconheceu. Ela desistiu, mais ele não.