Um caso diferente

Capítulo 2

Um ano atrás

-Ei Lany, vamos até o parque? - Elly me disse sorrindo - Hoje está um dia tão bom para aprender a andar de bicicleta...

Como eu poderia não aceitar um convite dela? Ela era minha melhor amiga, a única verdadeira arrisco a dizer. Tudo o que ela queria Elly conseguia de mim. Era do tipo que me obrigava a sorrir em meio a lágrimas de tristeza. Não forçando-me, mas alegrando-me.

- Giselly Brown, você está querendo me ver toda quebrada novamente ou é impressão minha? - eu disse com um sorriso que não consegui conter.

- Claro que não, é para você não se quebrar que você precisa aprender a se equilibrar. - ela conseguia ser a pessoa mais séria do mundo quando queria - Você já tem quase quinze anos e não sabe andar nisso? - Elly disse apontando a bike.

- Não vejo necessidade de subir nesse trambolho. - quem eu tentava enganar? Era certo que eu iria fazer o que ela dissesse...

- Deixe de criancice e vamos logo Mellanye Yellow!

Saí bufando atrás dela.
Quando chegamos ao parque, estava lotado pelo feriado.
Eu sabia que era uma péssima ideia, mas enfim... Alguém tira alguma coisa dessa cabeça dura da Elly? Não!
Fomos para um lugar um pouco menos movimentado e eu subi na bike. Elly me empurrou e eu tentei pedalar ao mesmo tempo que dirigia àquilo. Eu tenho duas mãos e dois pés direitos apesar de ser canhota. Assim que ela me soltou, deu um gritinho de felicidade, mas a burra aqui tinha que tentar olhar pra trás para ver o que era. E é lógico que eu caí. Merda, caí em cima de alguém.

- Por favor, me desculpe, eu não vi você. - eu disse tentando me levantar.

- Sua insolente, olhe por onde anda. - Paul disse muitississíssimo bravo. Merda dupla. - Eu sou o futuro Alpha!! Você pensa que é quem pra andar assim onde quiser, sua louca. - Merda tripla, ele bravo significa transformação em lobo, o que eu não faço ainda pois ainda não tive cio. - Eu vou te ensinar uma coisa sua...

- Calma, calma, foi só um acidente filho. - O Alpha atual, sr. Black entrou no meio. Graças. - Não foi nada, em cinco minutos você já estará curado Paul, não sei porque tanta agressividade.

- Pai, ela me derrubou e caiu em cima de mim com essa coisa aí, poderia ter me matado. Imagina, o futuro Alpha morto por uma menina feia, gorda, burra e desequilibrada! -Gorda é sua... Deixa eu me calar, vai que ele já consegue ler meus pensamentos como Alpha. - Eu como futuro comandante dessa matilha não posso deixar isso impune.

E se transforma em um lindo lobo branco. Minha perdição. Só existe ele de lobo branco aqui. Todos da sua família são de pelo preto. Meu sonho é ser uma loba branca, mas a maioria da minha família tem os pelos amarelos. Argh! Que injusto. Esse imbecil, mimado e egoísta com complexo de superioridade foi o único agraciado. Embora eu ainda não tenha me transformado, sei que serei amarela e já estou em depressão.

Talvez sr. Black tenha sentido meu medo misturado a raiva e inveja, e juntado isso com o fato de eu não me transformar ainda, e eu agradeço até hoje por ele ter segurado seu filho naquele momento pelo pescoço. Seria um banho de sangue, e pior, o sangue do banho seria o meu.
- Filho, você comandará a alcateia, não pode atacar ela a torto e a direito por causa de um arranhãozinho de nada que já está curado antes mesmo dessa discussão terminar. - Abençoado seja sr. Black - Vamos em bora.

- Vamos, mas isso não fica assim, amarelinha. - disse o Black mais novo apontando o dedo em meu rosto, e deu aquele sorriso pelo qual eu morreria para que ele fosse de felicidade em me ver.

- Ai amiga, o que foi isso? - disse Elly chegando mais perto. Agora ela vem né? - O que deu nele? Que brincadeira mais boba essa. Ele deve ter esquecido que você ainda não teve nenhum cio. Lany? Respira mulher.

Soltei a respiração que nem tinha percebido que prendi. - Algo me diz que não foi brincadeira, e que ele não se esqueceu desse fato. - eu disse num sussurro.

Ela me olha chocada. Fomos em bora depois do trauma e nunca mais eu subi naquela coisa assassina, trem do inferno. Elly não insistiu mais.

Três meses depois disso

- Ahhh... Começo do ano letivo é sempre ótimo, você descobre que sua vida pode piorar mais do que já está ruim, quando descobre que serão as mesmas matérias de sempre com o bônus de serem cada vez mais complicadas e impossíveis. Não, péra, isso não é ótimo; e o bônus é um ônus. Será que já posso me suicidar?

- Para de drama Lany, você sempre foi uma das minhas melhores alunas. - Mr. Red, meu professor de combate - Você vai tirar esse ano de letra.

- Continue se iludindo profe, um dia o senhor vai enxergar a verdade.

Ele dá aquela risada que só ele consegue. Eu amo esse cara. Ele é o melhor professor da escola. Enquanto o assisto rir, somos interrompidos por uma tosse. Os dois nos viramos e deparamos com ninguém menos que Paul, sem camisa (para tudo!!!! eu amo esse corpo, meu ar acabou, uma ajudinha aqui?)
Quando ele percebe que sou eu, ele fica me observando babar, quer dizer, olhar seu corpo, e dá aquele sorriso lindo de sempre. Ah, essas covinhas me matam.

- Aproveite para olhar, antes de eu acabar com você. - pisco para ter certeza de que não é imaginação, e infelizmente não é. É comigo mesmo que ele está falando. - Não me esqueci do que fez, e vou cobrar sobre aquele desastre que você cometeu.

Seus olhos brilharam com um ódio mal contido. Meu Deus. O que eu fiz para esse garoto? Além de o atropelar, claro.
Sua íris normalmente de um azul cristalino, agora está quase azul marinho, e seu sorriso me diz que ele planeja algo, e não é aquele algo bom, é o contrário.

Minha salvação, quer dizer, meu professor se manifesta:

- O que o traz aqui, sr. Black?

- Vim trazer isso, sr. Red. - e antes que Red possa ler o papel que lhe foi entregue, ele mesmo continua - Serei seu novo estagiário em combate. Meu pai disse que preciso treinar com os novatos para saber à quem posso confiar um certo tamanho de carga brutal durante uma luta real.

Meu queixo cai mais do que enquanto estava observando seu corpo. Isso significa que ele lutará conosco. Comigo. Ou melhor, lutará com os outros e me matará.
Seu sorriso se alarga ainda mais com a percepção de meu pânico. Eu sou muito burra mesmo. A beira da morte admirando meu algoz. Pior. Desejando. Ô vida cruel.