Um caso diferente

Capítulo 7

Quando nos soltamos do abraço, ela me olha com medo de perguntar, mais acaba não aguentando.

- O que ele queria?

- O mesmo de sempre. Me deixar louca e estressada. Não quero falar sobre isso.

E ela não toca mais no assunto.
Não preciso ler pensamentos pra saber que mesmo assim isso não saiu da sua cabeça.

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Quando chego em casa, já estou com fome, mas Elly e as meninas me chamaram para um jogo de volley. Eu amo esse jogo. Aceitei sem pensar, o que pensando agora não foi uma boa ideia. Vou suar e não há creme que resista a um jogo de lobas.
Ligo para todas elas mas nenhuma está em casa mais, já estão na clareira para o jogo. Então tenho uma ideia. Passo o creme mais forte que tenho e levo comigo em uma bolsa.

Chegando lá, a primeira coisa que faço é abraçar todas as garotas. Elas estranham, claro, eu não sou do tipo que curte contatos físicos, mas ninguém fala nada. Acho que elas pensam que é pela transformação que estou diferente.
Assim que são separados os times, começamos o jogo. Ao primeiro ponto da minha equipe, percebo que já comecei a soltar meu "cheiro". O creme já está escorrendo em minha pele, então proponho um abraço em equipe. Todas gostam da ideia. Rá! Mal sabem meu propósito. Jogamos por mais quarenta e cinco minutos e, a cada ponto um novo abraço.
Como previsto, Paul aparece para assistir ao jogo.
Quando sinto seu cheiro, ele e meu irmão, com mais alguns lobos estão em pé diante do jogo. Ele fareja o ar como um caçador. Está sem rumo certo, mas sabe que é o caminho.
Quando o jogo acaba, ele chega perto de nós com a cara mais estranha do mundo e tenta sentir melhor da onde vem meu cheiro. Enquanto todas passamos por ele, ele esbraveja e nos assusta. E lógico, sempre tem as sem vergonhas se jogando pra ele. Três das meninas do meu time correm para o abraçar e tentar algo mais, e ele cheira todas elas.
Assim que acaba, ele faz uma cara de confuso e olha para meu irmão. Vai ao seu encontro e ouço dizer à ele:

- Todas cheiram como ela. Como vou saber se elas ficam se abraçando e passando seu cheiro umas para as outras? - e sai batendo o pé, deixando as garotas espantadas, enquanto eu comemoro meu plano que deu certo.

Depois disso meu creme não vai sair nunca mais de perto de mim.
Volto para casa e me lembro da fome. Não preciso ser muito esperta para saber que vou encontrar com ele novamente.
Quando saio de casa já me transformo antes de chegar a floresta por garantia.
E como esperado ele está lá. Bem onde eu vou. Faço o mesmo do dia anterior. Caço e como sem me importar com sua presença enquanto ele me observa, mas não sei o que há comigo. Estou sem nenhum senso de direção. Lá vamos nós de novo. Novamente preciso o seguir para chegar ao riacho. Dessa vez não preciso esperar para entrar na água, meu vazio volta com força total. Deve ser do tipo de coisa que acumula, pois ontem eu fugi sem que ele terminasse direito o que começou.
Não consigo me controlar quando ele chega perto de mim. Ele se transforma e pula na água.
Hoje a lua não apareceu, deve chover. Até ela me abandonou. Deve ter ido passear junto com minha sanidade. Talvez tenham ido visitar minha dignidade, já que ela também não apareceu hoje. Não consigo mais segurar e pulo na água junto.

Assim que nossos corpos se chocam, sinto um choque passar por mim, e perco a cabeça. Passo a mão por trás de sua cabeça o puxando para mim, enquanto selo nossos lábios. Ele dá um rosnado baixo e sensual aos meus ouvidos de parceira, então passa as mãos pelas minhas costas do mesmo jeito que fez no dia anterior, porém dessa vez não se demora e me penetra de uma vez. A única coisa que se passa por sua mente é a súplica de que eu não fuja de novo.
Não entendo o que está havendo, num momento eu conseguia o ignorar, e no outro tenho essa sensação dentro de mim de que não posso ficar sem ele, que ele me completa, que sou parte dele também, que preciso dele, de seu amor, de sua companhia, do todo que ele é.
Tento me lembrar do que ele me fez para que eu consiga me livrar desse desejo que me toma, mas quando vou fazer isso ele começa a se movimentar dentro de mim, e não me contenho mais, o sentimento de necessidade aumenta, e eu só vejo ele, só sinto ele, só ouço ele, que me diz repetidas vezes por pensamento "Eu te amo, eu te amo".
Preciso fugir.
Sinto seu desejo, seu desespero, sua fome por mim, e isso me dá um aperto no peito, como se eu o tivesse causando algo ruim, alguma dor, e preciso que ele deixe de sentir isso, mas sua voz na minha cabeça diz o contrário, diz que tudo o que ele precisa no mundo está nos braços dele agora, e sinto algumas lágrimas escaparem, tamanha é a emoção guardada em meu coração.
Preciso ficar.
Seus movimentos de vai e vem dentro de mim são o que me sustenta. Suas mãos em minhas costas e cabelos são o que me mantém acesa para esse mundo. Seu sussurro no meu ouvido me arrepiando me deixa mais viva do que nunca. Até que sinto que não cabe mais eu dentro de mim, e explodo, o levando junto em um rio de sensações que não consigo explicar, e que leva em bora toda a raiva, toda mágoa que sinto dele. Quando passa esse frenesi, me mantenho ainda agarrada a ele mesmo sabendo que não deveria, e ele não se retira de dentro de mim, nos mantemos colados, dois em um. O mesmo corpo com duas almas.

Enfim ele rompe o silêncio.

- Você sente isso?

- Sinto. - ele está falando sobre nosso desejo, está palpável de tão forte. Minha cabeça confusa com meus pensamentos diz-me que foi errado o que fizemos depois de tudo o que passei, mais meu coração não se importa com uma vírgula do que aconteceu no passado, para ele o que vale é o agora. Toda essa intangência tão tangente entre nós, é só o que ele precisa para continuar batendo, me confundindo ainda mais. - Eu não quero sentir. Isso está errado. Preciso me livrar disso. Preciso me livrar de você.

Sinto ele se enrijecer sobre minha pele. - Você não pode fazer isso. Não pode me deixar. Preciso de você. Vou morrer sem te ter em meus braços, esperei muito por isso, meu coração já pertence a você, não o jogue fora, por favor. - Não acredito que estou ouvindo isso dele. Minha boca se abre levemente em choque. Quando eu ia imaginar que ele tinha coração - Sim, eu tenho coração, e te entreguei ele assim que você me chamou na primeira noite. - ele responde meu pensamento - Eu até pensei que já soubesse quem seria minha Luna, mas agora que te encontrei não consigo mais te esquecer. Não esqueço seu cheiro que está impregnado em mim. Você precisa ficar comigo.

Quando diz isso, sai de mim e me pega no colo, e antes que eu possa reclamar, sei o que ele vai fazer e entro e desespero. Ele me deposita no chão ao lado do rio e começa a me beijar. Seus pensamentos de desejo me tomam de um jeito que não consigo resistir e sucumbo ao seu gosto. Mal sabe ele que o que ele planeja fazer não é necessário, pois já foi feito a duas noites.
Ele pretende me escravizar com seu sexo. Mas eu já sou sua escrava, ele só não descobriu ainda. Enquanto penso nisso, ele deixa minha boca e sinto a sua cobrir meu sexo, sua língua trabalha num ponto acima de minha entrada, enquanto sinto um dedo me penetrar. Solto um gemido e ele coloca mais um dedo, e logo mais um, até que eu me despedaço de novo.
Porém ele não para, me dando mais e mais prazer, me deixando esgotada, sem forças para fugir, até que eu caio num torpor tão bom, que a única coisa que sinto é ele me deixando deitada de lado e me envolvendo por trás com os braços, e ali ficamos deitados nus e agarrados. Não sei onde está a lua, mais ela perdeu um espetáculo que nem eu imaginava que faria parte. Mesmo eu dormindo, sinto suas mãos me acariciando, e não tenho certeza se é quem eu penso que está comigo, pois tão diferente ele me trata agora. De sua mente eu ouço seu medo de eu abandoná-lo, até que ele também cai no sono.
Ficamos ali embaixo da chuva que começa a cair, e enquanto o céu chora por nós, eu embarco num sonho mandado por ele, onde eu não tenho rosto, mais estamos felizes juntos.

Juntos!