Mais três meses
Depois do que aconteceu, ele continuou me ofendendo, tentando me amedrontar e outras coisas, porém eu não ligava mais. Já tinha passado por isso e já tinha me acostumado. Eu ainda sentia aquele cheiro nele, cada vez mais forte, mas aprendi a controlar a cara de nojo quando ele estava por perto.
Claro que não deixei ninguém saber sobre isso, pois eu ainda não tinha me transformado, iriam achar que eu estou louca.
Porém houve um dia em que não aguentei e vomitei quando ele passou por mim.
Ele entrou na escola somente para lutar daquela vez, mas seu pai decidiu que ele deveria ficar para encontrar seu Beta. Ele passava todas as tardes lutando com os alunos para ver quem era o melhor.Num certo dia ele entrou em minha sala na aula de plantas medicinais para pedir que a professora liberasse um aluno para ele.
Aquele cheiro ficou dentro da sala me entorpecendo, até que não aguentei. Antes mesmo de o aluno se levantar, eu saí correndo para o banheiro. Vomitei tudo o que tinha direito. Quando ia me lavar, olhei para trás e Paul estava me olhando com cara de nojo. Não liguei, não mandei me seguir. Quando abri a torneira e coloquei a cabeça embaixo do jato d'água, ele chegou atrás de mim e pelo espelho me olhou nos olhos. Ficou ali olhando, sem dizer nada. Desliguei a torneira e me virei para ele, que estranhou o fato de eu não estar com medo. Vi isso em seus olhos. Quando ele abaixou sua cabeça para tentar ficar na minha altura, seu cheiro penetrou minhas narinas, e eu não me contive. Fiz cara de nojo e tudo. Só deu tempo de abrir a porta da cabine novamente.
Antes mesmo de eu sair de lá, gritei para que ele fosse em bora. Ele estranhou, reclamou, mas foi. Agradeci mentalmente por ele não ter sido teimoso e ficar.________________________☆_______________________
Depois disso toda vez que ele passava por mim eu prendia a respiração, só que eu não aguentava mais. Um dia eu resolvi e fui falar com o Alpha.
Sua casa no meio da cidade era a maior de todas, devido a ter o escritório e o salão de festas da cidade.
Já na porta eu senti seu cheiro, me segurei para não repetir aquele ato da escola. Por ele morar ali o cheiro era mais forte do que em qualquer lugar. Torci para não o encontrar.Não demorou para eu ser atendida pelo Alpha, pois ele fazia questão de ouvir sempre os participantes do clã, fosse para sugestões, dúvidas ou reclamações, o que era meu caso.
Assim que entrei em seu escritório, simples, porém, aconchegante, com sofás e tapetes pretos, ele me deu um sorriso como se recordasse de mim o que me fez ficar mais calma.- Ora se não é a amarelinha - ele disse fazendo menção ao apelido que seu filho tinha me colocado - espero que ele não tenha mandado mais ninguém para o hospital.
Sorri meio sem graça - Por Deus, eu também espero, - me sentei onde ele me indicava, uma cadeira de madeira muito moderna, em frente a sua mesa de vidro sobre pés grossos, também de madeira. - não desejo isso para mais ninguém.
- Sim, mais o que a trás aqui pequena?
- Eu quero fazer uma reclamação. - ele ergueu a sobrancelha - Quero pedir para que retire seu filho da escola e o peça para treinar seu beta longe de lá.
- Porque me pede isso? Ele está arrumando mais encrenca que o normal?
Ri com essa frase. Então ele sabe que seu filho não era bela flor de se cheirar.
- Sim, ele anda muito diferente e agressivo de uns tempos pra cá.
Quase engasguei me lembrando que ele podia ouvir meus pensamentos. - Me perdoe, não foi minha inten... Quer saber, na verdade, foi sim. Seu filho vive me atormentando e eu não aguento mais, fora o fato de seu cheiro. Não aguento mais isso também. Estou ficando louca. Não posso estar sentindo isso de verdade, pois ainda não sou transformada, e ele me enlouquece ao ponto de eu conseguir sentir seu cheiro. Ou ele sai da escola ou eu saio.
- Você disse que sente o cheiro dele? - Me olhou como se eu estivesse equilibrando um elefante nas mãos.
- Sim, mas não me interne por favor. É só tirá-lo de lá que minha loucura acaba.
Ele continuou me olhando do mesmo jeito, não parecia ter ouvido uma palavra sequer depois do 'sentir seu cheiro', e isso estava me assustando. Súbito, ouço alguém entrar na ampla sala, era a Luna, sua companheira. Quando ela viu a expressão do parceiro, perguntou o que ouve, e depois da explicação dele, foi a vez dela me olhar como se eu estivesse dizendo "oi, sou um extraterrestre e vim te abduzir".
Ok, agora eu estava realmente com medo, duvidando da minha saúde mental.
- É tão ruim assim o fato de eu sentir seu cheiro? Porque vocês estão me assustando com essas expressões que estão fazendo.
- Não, fique tranquila meu amor - disse a linda Luna de cabelos vermelhos e olhos dourados. Não, não eram verdes ou azuis, ou castanhos; ela era a Luna, modificada para ser do gosto de seu par, então se ele qisesse que os olhos dela fossem vermelhos, então eles se transformariam - é mais normal do que você pensa. E se você me disser que passou mal pelo cheiro eu te digo que continua normal. - seu sorriso por um instante me fez esquecer o que eu fazia ali.
- E quanto ao seu pedido, fique feliz em saber que ele já achou seu Beta. - dessa vez foi o Alpha quem falou - A partir de amanhã ele não vai mais estar lá, fique tranquila. E também não vai mais atormentá-la. Eu garanto. - sorriu largo e feliz. - ajudo em algo mais?
- Não, obrigada, era somente isso. Boa noite. -tentei meu melhor sorriso para agradecer o tempo que me dedicou.
Porém, quando me virei para sair, dei de cara com Paul parado na porta. Sua visão nu e suado, seus olhos vidrados nos meus me atormentavam. Eu juro que tentei não olhar aquela visão perfeita, mas quanto mais eu tentava, mais difícil era.
No entanto quando seu cheiro chegou em mim, só deu tempo de eu olhar para o lado e ver que sua mãe já estava ali com um balde, e eu não pensei duas vezes. Ainda bem que ela já sabia da história do cheiro...Quando consegui me recompor, até porque não tinha mais nada no estômago, ele e meu irmão me olhavam de cima com curiosidade. Paul muito mais, pois não era a primeira vez que via aquilo.
Meu irmão preocupado se juntou a mim, e eu disse que já estava melhor quando perguntou o que eu tinha.
Paul continuava a me encarar. Silencioso. Com um olhar de quem estava em um conflito interno. Uma moeda pelos seus pensamentos? Quase que eu disse isso...
Descobri então que, apesar de tudo, meu irmão seria seu Beta. Fiquei tão feliz com a notícia que o abracei ali mesmo. Ser o beta era a segunda posição mais importante do clã, e meu irmão ocuparia esse lugar, não pude me conter, e tamanha era minha felicidade que quase abracei Paul também, e até fiz menção disso, mas me contive quando senti seu cheiro novamente.
É claro que ele estranhou quando me aproximei dele, mas o mais estranho foi que quase pareceu que ele ficou desapontado por eu não ter realmente concluído a ação... Quase! Então somente agradeci o Alpha e sua Luna e despedi-me de meu irmão, correndo dali o máximo possível.Os próximos três meses foram de festa em casa, tão feliz nós ficamos com a notícia.
Mesmo receosa de que Paul viria à minha casa para conversar com Brendan, eu estava encarregada de cuidar da porta da casa durante os festejos, e sempre que alguém chegava eu que atendia. Infelizmente meus pais não acreditaram quando eu disse que passava mal quando abria a porta e sentia o cheiro do Black mais novo. Passei mal durante três meses e fui cuidada como alguém que tinha uma virose das brabas, daquelas que não passam nunca, apesar do sintoma só aparecer quando ele estava perto. Ele não me xingou mais, não tentou me bater nem nada. Não sei se foi pelo seu pai ou por meu irmão. O fato é que ele estava estranho comigo. Quando me via ficava vidrado em mim, não conseguia falar, ou não queria, sei lá, suava e gaguejava quando chegava alguém e o perguntava algo.Não estou nem aí. Só quero que mantenha distância.
Apesar de tudo, eu não tiro sua imagem da cabeça. Principalmente nu.
Devo realmente estar louca mesmo.
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Um caso diferente
AcakEla era apaixonada, mais era só mais uma entre várias que tentavam chamar sua atenção. Ele se apaixonou, mais não a reconheceu. Ela desistiu, mais ele não.