Capítulo 3 - Ill be watching you

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Every Breath You Take

#ThePoliceÉVida

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Aquelas frases repetitivas e abstratas entre um som e outro de algum instrumento que Loki não conseguiu identificar transmitiam ao asgardiano uma vontade inusitada de cantar, quer dizer gritar, seu cérebro queria gritar, ou pelo menos era isso que seu ego queria acreditar.

Na verdade ele queria gritar ou cantar para afastar as lembranças que a maldita mensagem de Thor despertou em sua mente depois de tantos anos.

"- Loki o que você vai fazer com ele? – perguntou Thor curioso enquanto coçava os vastos cabelos loiros.

– Me livrar dele. – o morenos respondeu com frieza olhando o pequeno animal de oito patas que trazia em seus braços.

– Mas irmão! Ele é... Seu... Seu filho. Não é? – indagou o loiro confuso. Como aquilo poderia ter acontecido? Aquilo. Pensou o loiro arregalando os olhos.

– Nunca mais repita isso! – o moreno revidou com as bochechas coradas.

–Não pode machuca-lo Loki, veja ele é estranho igualzinho a você.

Loki observou Thor incrédulo, o que será que ele quis dizer com aquilo? E antes que conseguisse uma resposta plausível ou esganasse o loiro ali mesmo (o que era muito mais provável), o moreno estava parado em frente ao trono de Odin que o olhava com curiosidade.

– Filho? – Odin chamou o moreno que apenas o encarava em silêncio – Veio me dizer algo?

– Pai, eu... Bom... Eu-eu lhe trago um presente.

– Um presente? – Odin se aproximou do filho.

– Lhe trago o corcel mais rápido de todos os nove reinos, o único de sua espécie. – o moreno disse rapidamente, entregando ao pai o estranho ser que carregava em seus braços.

Odin observou a criatura com fascínio e antes que Loki se desse conta, o príncipe acabou soltando a seguinte frase:

– O senhor gostou? Fui eu mesmo que fiz...

Fui eu mesmo que fiz – repetiu Odin mentalmente.

Surpreso Odin arregalou o único olho que tinha e para seu alivio Loki havia sumido antes que ele perguntasse "o que você quer dizer com isso?". Temendo a resposta aquela pergunta Odin nunca mais voltou a tocar no assunto preferindo apenas observar Loki."

Tentando esquecer tais lembranças lastimáveis Loki se permitiu repetir os versos inicias de mais uma canção humana.

Every breath you take

Every move you make

O moreno estava horrorizado. Loki de Asgard ou Jotunheim jamais se rebaixaria a cantar uma música humana, pelo menos em sã consciência. E era a isso que ele tentava se apegar, fazia um esforço sobre-humano como ele era para se manter de boca fechada, algo complicado para alguém com uma língua tão felina.

E para piorar tudo Loki sentia olhos curiosos observando o seu comportamento atípico, temia deixar aquelas palavras grotescas saírem de sua garganta novamente enquanto imitava o ritmo meloso daquela música, se é que qualquer cântico arcaico feito por humanos poderia ser considerado qualquer coisa parecida com as tediosas músicas asgardianas, quer dizer, com as complexas músicas aesir.

Aquilo era um martírio para o asgardiano, e o seu corpo parecia traí-lo cedendo aquela praga, cedendo aquela caixa falante dos mundos baixos que era pior do que o calor insuportável de Muspelheim para um ser do gelo como ele.

A ideia de destruir a mandinga humana nunca pareceu tão tentadora, mas havia um porém, que atendia pelo nome de Sleipnir.

– Ele não seria capaz de contar aquilo, seria? Maldito Thor! - praguejou sentindo aqueles olhos que o vigiavam quase o queimarem.

– Seus vermes vocês não tem nada melhor para fazer? - gritou para todos a sua volta como se não soubesse a resposta óbvia para sua pergunta, típico de um desesperado.

Era claro que aqueles inúteis não tinham nada melhor para fazer do que observar o comportamento inusitado do ilustre prisioneiro.

Cada suspiro, movimento ou simples passo do asgardiano parecia estar sendo observado por olhos famintos dando um significado no mínimo estranho para a música que ecoava na pequena cela.

Every bond you break

Every step you take

I'll be watching you

Every single day

Every word you say

Every game you play

Every night you stay

I'll be watching you

Algo dizia a Loki que aqueles olhares não deveriam representar o significado implícito deixado pela música, ou os humanos seriam muito mais estranhos do que ele imaginava.

O calvário de Loki já era assistido por uma plateia de prisioneiros e guardas desocupados e desprovidos de qualquer inteligência, como diria Loki. Eles pareciam rir de qualquer suspiro do príncipe.

Every breath you take

Every move you make

Every bond you break

Every step you take

I'll be watching you

Aqueles idiotas pareciam estar interpretando aquela música obtusa antes mesmo de a terem escutado, seria aquela coisa tão poderosa a ponto de dar o poder de prever o futuro para os seres fracos que a escutassem?

Loki fez sua terceira nota mental do dia: "controlar os criadores daqueles ruídos engraçados para assim manipular tolos como aqueles guardas quando tiver qualquer oportunidade". Por que com certeza eles tinham algum poder de controle mental. Teria sido muito melhor ter controlado eles quando tentou dominar a Terra do que ter controlado aquele passarinho idiota.

Longe dos devaneios sobre controle e dominação a musica continuava tocando para deleite de quem estivesse próximo. Era irônico comparar aquela canção com sua situação. Que crimes horríveis ele havia cometido para viver aquilo? Se questionava incrédulo.

– Vida injusta - resmungava.

Porque ele jamais poderia admitir que aquilo fosse justo, no fim ele só havia matado uma meia dúzia de humanos, ou alguns a mais ou a menos, talvez com mais alguns zeros a direita no máximo, não era muita coisa. Eles eram humanos, iriam morrer de qualquer jeito em algum dia próximo. Não conseguia entender o por quê de todo aquele alarde de Odin. Aquilo não era justo.

Era a mesma coisa que aprisionar os humanos por matarem formigas, Odin estava exagerando por culpa do filhinho protegido, o maldito Thor.

Nada poderia ser pior do que aquilo, nada. Ele tinha certeza disso, uma certeza que foi caindo lentamente por terra conforme a imagem meio translucida de Frigga surgia na sua frente com os olhos brilhando e balbuciando aqueles versos confusos e irônicos.

Every move you make

Every step you take

I'll be watching you

– Deuses! Mas o que é isso? Uma visão de Hell? - gritou o histérico prisioneiro.


Carpe diem - Parte I (Loki - Avengers)Onde histórias criam vida. Descubra agora