Prólogo

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Ela colocou a mão sobre a ferida. Apesar de ser uma elfa negra era óbvio que não ia sobreviver àquilo, não importava o quanto a sua raça pudesse ser resistente. Apesar de tudo, era sua missão entregar a mensagem.

Ela caminhou aos tropeços pela floresta densa, segurando o ferimento no estômago com uma das mãos e usando a outra para escorar nas árvores. A caverna da mulher serpente não era longe e ela não conseguiria contatar as amigas elfas a tempo. O sangue escorria rapidamente pela ferida, fazendo com que se sentisse cada vez mais fraca e cansada, e a mulher era sua única esperança.

Infelizmente, nem sempre ela estava de bom humor. Quando isso acontecia, coisas terríveis poderiam acontecer aos viajantes.

A elfa alcançou a caverna depois de meia hora, mas mal podia manter-se de pé, quanto mais caminhando. Ao erguer os olhos para as paredes vermelhas do território da mulher mais temida de Halah, permitiu-se sorrir, mesmo que por um momento.

Quando pisou na entrada, reparou que sua mão estava repleta de sangue. Respirou profundamente e percebeu que não duraria muito tempo. Olhou ao redor e constatou alegre e horrorizada, que a mulher serpente vinha em sua direção.

Mas parecia muito aborrecida.

– Você! Como ousa invadir meu território? – ela sibilou, estendendo um braço para ela – Vocês, elfas negras, estão ficando cada vez mais abusadas...

– Espere! Trago uma mensagem! Uma... os druidas...

Ela caiu sobre os joelhos e contorceu-se no chão. A mulher serpente mudou de expressão.

– Pobrezinha, pobrezinha! Está ferida, minha menina? Deixe-me cuidar de você...

– Não – ela suspirou, sabendo o que poderia acontecer – Antes preciso dizer... os druidas previram uma... destruição... um dragão... o fim de tudo...

– Dragão? – a mulher arregalou os olhos – Do que está falando?

– Ressurgimento... um... eu tenho um mapa!

– Menina! Você não fala coisa com coisa! Está falando bobagens! Deve ser por causa do sangue que perdeu! Eu vou curar você!

– Não, não me cure! – a elfa gritou com o que restava de suas forças, mas era tarde demais.

A mulher serpente olhou para ela nos olhos e suas serpentes que se faziam de cabelo ficaram sincronizadas. Pouco a pouco a jovem elfa começou a tornar-se cristal a partir das pernas.

– Você não entende! – a jovem arfou – Um dragão vai voltar! Eu tenho um mapa! O encantamento da Ilha Antiga pode ser quebrado!

O seu corpo começou a ser envolvido lentamente. A mulher estava com os olhos arregalados e a elfa não soube em seu coração se havia conseguido se fazer entender. Mas agora já era tarde demais.

A mulher serpente acariciou a nova estátua de seu jardim, apesar desta estar em uma pose incomum, com uma das mãos sobre a barriga e a outra estendida à frente.

– Quebrar o encantamento! Você é louca! Só um coração de dragão pode quebrá-lo! – a mulher serpente sacudiu a cabeça, condescendente – Bem, isso vai espantar os intrusos. Vai ficar linda na minha entrada. Não se preocupe, minha querida. Agora você não irá morrer mais. 


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