Capítulo 4 - Mas eles não estavam...? Tipo, mortos?

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"Misturem-se aos humanos, mas nunca se aproximem demais.

Se o fizerem é o fim.

Para eles e para nós."

- Denatheor, rei dos dragões

Não era surpresa para ninguém o fato do príncipe Juan ter fugido no meio da noite. Entretanto, agora, apesar de Missandra saber o motivo – uma conversa de poucos minutos de Lantis no quarto do príncipe – ela sentia uma curiosidade violenta corroendo seus pensamentos. O que Lantis dissera a ele? O que o fizera correr tão rapidamente que chegara a deixar até aquele manto ridículo para trás?

Ela sabia que não adiantaria perguntar. Ele jamais lhe diria. Teria que morrer com aquela curiosidade assombrando todas as etapas de sua vida.

Durante o café da manhã, Lantis mal olhara para ela. O pai chamara ambos para um comunicado e nem o guerreiro sabia do que se tratava. Ela sentia-se ansiosa e nenhum dos dois era base para lhe dar segurança. Assim que se sentaram à mesa, o rei anunciou.

– Bem, bem, não vou ficar fazendo rodeios. Chamei os dois porque vamos fazer uma viagem.

– Eu também? – animou-se Missandra.

– Não, Lantis e eu. É a primeira vez que vamos ficar muito tempo longe, por isso quero ficar tranquilo em relação ao seu comportamento, Missandra.

Lantis ficou pálido e quando falou, parecia mais do que horrorizado.

– De forma alguma, majestade! Missandra é totalmente irresponsável para ficar sozinha! Vai colocar todo o reino em perigo!

Ela fuzilou-o com o olhar, mas ele não pareceu notar.

– Já tomei minha decisão, Lantis – o rei Gallad foi firme – Preciso ir ao reino de Torrest para conversar com os druidas de lá. Eles parecem incomodados com algo e preciso ir lá garantir a segurança e a paz. Sabe que sou representante dos heróis deste reino.

– Sim, mas...

– E partiremos hoje. Sei que Missandra poderá se cuidar. Ela já tem 21 anos e se não aprendeu nada até agora, bem... não há mais nada que se possa fazer.

– Obrigada, papai – ela soou seca.

– Mas... majestade... Eu sou o guarda-costas da princesa! Eu fui designado para isso! Não posso simplesmente deixá-la assim!

O rei lançou-lhe um olhar confuso.

– Ora, vamos, Lantis! Até você precisa de uma folga de vez em quando. Vamos passear, conhecer as belezas daquela terra. Quem sabe você até conhece uma futura esposa?

Algo queimou dentro do peito de Missandra, que ela fez questão de sufocar.

– Sim, majestade. Como quiser.

O guerreiro soou vencido, mas a princesa viu as mãos dele cerrarem em punhos sob a mesa.

– Partimos esta noite. Missandra, por favor. Espero que eu não tenha que trazer druidas comigo para curarem as pessoas que se meterem em encrencas junto com você.

– Prometo me encrencar sozinha.

O rei lançou-lhe um olhar preocupado, mas ocultou um sorriso quando a princesa caiu na gargalhada.

– Bem, bem... Lantis, faça os preparativos. Voltaremos em um mês.

O maxilar dele contraiu e o homem não disse uma só palavra enquanto se levantava da mesa e se retirava em silêncio.

O Legado do Dragão - degustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora