""Estás louco, dragão? Estás virando humano, por acaso? Quanta tolice!"
- Denatheor, rei dos dragões
O falcão de Mane gritou da varanda logo depois do almoço. Como Missandra não esperava nenhuma visita, estranhou o fato do amigo querer conversar com ela. Não estava reconstruindo a casa?
– O que tem para mim, Sonna?
Croc mal viu o falcão e escondeu-se embaixo do travesseiro. Sabia que ele era uma ave domada, mas não se deve nunca confiar em um animal com instintos.
O bilhete estava rabiscado com letras grandes.
"VENHA O MAIS RÁPIDO QUE PUDER"
– Ora essa. "Por favor" ainda se usa – riu-se ela.
Esperava que fosse importante. Desde o ataque, estavam todos em um tremendo alvoroço e a segurança em volta dela relaxou para que pudessem fortificar os pontos fracos do castelo. Apesar de saber que estavam todos ocupados restaurando as defesas, não queria causar nenhuma preocupação desnecessária.
Saiu calmamente pela porta principal do castelo, tentando não chamar muita atenção. Se tentasse sair escondida, com certeza seria pega. Qualquer coisa seria motivo para trancá-la a sete chaves depois do que aconteceu, embora poucos soubessem que ela afastara o dragão.
Mane estava na parte de trás de sua casa, andando de um lado para o outro. A moradia estava quase toda restaurada, com exceção do pomar chamuscado e o muro rachado. Algumas telhas também estavam partidas e provavelmente, na próxima chuva, Mane poderia esperar um chuveiro particular em cima de sua cama.
– Oi, Mane! Recebi seu recado mandão. Isso é jeito de falar com sua futura rainha?
– Desculpe, suas calças sempre me fazem esquecer.
Ela deu um sorriso e uma piscada de olho. Ele riu, apesar do nervosismo. Chegou bem próximo dela, como se não estivessem sozinhos ali.
– Missa, eu sei como localizar o dragão.
Ela arregalou os olhos para ele.
– O que está dizendo?
– Ele vai voltar, Missa, eu sei que vai. Nós temos que fazer alguma coisa antes que ele resolva destruir nossa cidade. O discurso de Lantis foi convincente, mas não sei se esse povo aguentaria outra investida dessas. Alguns só saem de casa quando não veem nem nuvem no céu.
– Bom, até eu devo admitir que dou uma olhadinha para o céu antes de sair do quarto...
– Então! Atravessando o prado, logo atrás da floresta de Rowan, existe...
– Parou, parou... – ela interrompeu o amigo com as mãos para cima – Floresta de Rowan? A floresta amaldiçoada de Rowan? A floresta que faz todos os viajantes se perderem?
Ele abriu um pequeno sorriso.
– Está com medo, princesa Missandra?
– Não pisa no meu calo, camponês.
– Enfim, como eu ia dizendo, atravessando a floresta, há uma caverna que guarda um segredo, que dizem ser habitada por um ser das trevas.
– Está ficando cada vez melhor.
– Ele não está mais lá... quer dizer, essa lenda tem o quê? Uns oitenta, cem anos?
– Você não sabe quanto tempo essa criatura pode viver...
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O Legado do Dragão - degustação
Fantasy"Os dragões eram a lenda. Temidos, admirados. Viviam entre as pessoas disfarçados de seres humanos. Espreitando. Espionando. Parecendo buscar a paz, mas sempre tendo em vista o domínio. Sua última cartada. Rei Gallad, o mai...