"Nunca entregue seu coração a um humano. Eles o partirão."
- Denatheor, rei dos dragões
Dhalek pareceu estranhamente feliz. Puxou uma adaga curta do cinto e puxou o ar se sentindo aliviado.
– Aah, as lutas. Como senti saudades disso!
Mane gemeu.
– Como tive pesadelos com isso! Eu não sou um homem de batalhas!
Uma das harpias se aproximou, seguida das companheiras. Elas levantaram as garras e tentaram atacar Lantis, que habilmente girou sobre o corpo e cortou uma das garras. A criatura urrou e recuou, mas logo foi seguida por outra.
Uma harpia de cabelos verdes procurou cercar Missandra junto com outra, de cabelos curtos azuis. No momento em que ergueu as garras no ar, teve uma das asas cortadas por Lantis. No momento de distração delas, uma terceira atacou Missandra pelas costas, mas o cristal emitiu um brilho fraco e criou uma espécie de campo de força ao redor dela e de Lantis. A harpia que o atingiu levou uma descarga violenta sendo lançada muitos metros atrás, causando furor nas atacantes. Lantis sorriu para Missandra.
– Mas – ela argumentou, fascinada – Ele nunca fez isso antes...
– Ele nunca precisou, na verdade. Mas tome cuidado. Não é sempre que ele poderá protegê-la e despende muita energia para fazer isso. Ele poderá se auto-destruir.
– Não seria... melhor assim?
Ele lançou-lhe um olhar de compaixão.
– Acredite em mim. Um grande mal poderá assolar o planeta se isso acontecer.
Ela engoliu em seco.
Um grito familiar se fez ouvir e Missandra sentiu o coração afundar no peito. Mane havia sido atingido por uma garra de harpia na altura do peito, rasgando a camisa e a carne. Não havia sido profundo, mas jorrou sangue de qualquer forma, fazendo os amigos correrem ao seu encontro. Dhalek se colocou na frente dele e girou a adaga para dar cabo da atacante.
– Parem! – gritou a rainha de súbito.
Ela aproximou-se de Mane lentamente e com olhos arregalados. A harpia atacante também parecia estupefata, notando algo que não vira antes.
– Ma... majestade... a marca...
A mulher imponente aproximou-se de Mane tão lentamente que Dhalek permitiu-se afastar. Ela não parecia perigosa, apenas... curiosa.
– Menino... o que é essa marca em seu peito?
Mane olhou para baixo rapidamente. Ela não falava do corte, mas de uma marca negra do lado do coração.
– É... é só uma marca de nascença. Tem forma de asa, não tem?
A mulher cessou de olhar para a marca e olhou fixamente nos olhos dele.
– Qual seu nome?
– Mane... majestade...
Os olhos da rainha encheram-se de lágrimas.
– Mane, oh, Mane! Meu menino!
O grupo arregalou os olhos e Dhalek explodiu em uma gargalhada.
– Ora, vejam! Eu querendo saber do meu passado e até um camponês tem mais coisas para contar do que eu!
À noite, ao redor da fogueira e sendo servidos pelas harpias, a rainha começou a contar a história de Mane.
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O Legado do Dragão - degustação
Fantasy"Os dragões eram a lenda. Temidos, admirados. Viviam entre as pessoas disfarçados de seres humanos. Espreitando. Espionando. Parecendo buscar a paz, mas sempre tendo em vista o domínio. Sua última cartada. Rei Gallad, o mai...