O Legado do Dragão - degustação

Capítulo 12 - Você está falando sério?

"Conhecimento é o poder. Ele pode ser usado para o bem ou para o mal. Pense nisso antes de tomar uma decisão."

- Denatheor, rei dos dragões

Missandra sentia as pernas bambas quando avistou o salão no fim do corredor. Não sabia dizer se era porque reencontraria Lantis naquele estado ou se era por causa da mulher serpente. E se a escama fosse realmente apenas de um peixe bobo?

A aflição por Mane também a deixava tensa. O que poderia ter acontecido com ele? Ela jamais se perdoaria.

Quando adentrou o salão e viu os dois amigos transformados em cristal ali como os deixara, sentiu o coração pesar no peito; ainda tinha esperanças de que a mulher houvesse desmanchado o feitiço. Mas quando avistou Mane em uma gaiola grande pendurado no teto, toda sua cautela foi para o espaço.

Sheera estava ali, de costas para ela, vendo algo que procurava pela janela. Missandra ergueu a voz sem perceber.

– Como ousou prender meu amigo assim?

A mulher virou-se para ela, perdida em pensamentos.

– Hein? Oh, a princesa... Missandra, não é? O que foi? Por que está tão aborrecida?

A jovem sentiu a cólera tomar conta de si.

– Por quê? Por quê? Você é louca? Meus amigos estão transformados em cristais! E agora você prendeu meu amigo Mane lá no alto! Você é sádica! Uma monstra!

– Espere, Missa! – gritou o rapaz do alto – Ela não me prendeu aqui para me punir nem nada... fez isso para minha própria proteção.

– O quê? – ela voltou-se para a mulher, que agora estava cabisbaixa.

– Eu... me desculpe. Ultimamente tenho perdido minha paciência muito rapidamente e descarrego no primeiro que encontro. Tive medo que pudesse machucar seu amigo também e então tirei-o de minha vista.

Missandra ergueu uma sobrancelha. Ela tinha que admitir que aquilo era muito prático. Talvez pudesse arrumar algumas gaiolas para seu castelo também.

– Se está arrependida, por que não liberta meus amigos?

Ela pareceu ficar perturbada novamente e Missandra hesitou.

– Ah, não. Isso não! Eles carregam segredos, muito segredos! Não posso admitir isso.

Revestindo-se de uma nova coragem, a princesa deu um passo à frente.

– Todos nós temos segredos. Todos temos direito à nossa própria privacidade, a alimentar nossos sonhos, a ter nossas próprias dúvidas. Todos nós podemos guardar o que quisermos e ninguém tem nada com isso. Eu tenho meus segredos e gosto de mantê-los comigo. Não são nada demais, mas gosto deles.

Sheera sacudiu a cabeça, mas não disse nada. Parecia refletir.

– E você também tem seus segredos, não tem, Sheera?

Ela subitamente ergueu os olhos para Missandra. A princesa deu um golpe no escuro. Iria arriscar tudo.

– Você foi até Ayala, porque uma grande força buscou você. Ficou confusa porque seu coração busca poder e conhecimento. Fez uma grande viagem até Ayala porque sentia alguma coisa. Chegou até meu castelo, não foi?

Ela pareceu perdida, como se estivesse se lembrando.

– Mas eu... eu estava em transe...

– Sim, possuída pelo desejo. Queria o poder. O poder que carrego em meu cristal.