"Quem não tem o sangue como o nosso não é dos nossos."
- Denatheor, rei dos dragões
O som desesperado ainda persistiu por vários minutos. Nenhum deles ousou levantar a cabeça até que cessasse completamente.
– Elas já foram? – sussurrou Missandra.
– Lindinhas, não? Não quer levar umas para casa? – zombou Lantis, levantando-se e depois estendendo a mão para ela.
A lamparina havia se partido e eles estavam totalmente no escuro agora. As fadas entraram em um pânico tão grande que usaram de toda a força para romper o vidro, mesmo correndo o risco de se cortarem.
– Lantis...
– Eu sei, está escuro. Vamos seguir; parece que há uma formação rochosa logo à frente. Deve ser a tal caverna que – eu espero – está cheia de segredos. Mane? Você está bem?
– Sim, vamos sair logo daqui. Não vou aguentar ver nenhum outro ser minúsculo. Nem mesmo um esquilo.
– Que tal um vagalume?
– De hoje em diante tenho fobia de vagalumes. Vou até inventar um nome pra ela. Vagafobia. Lumefobia. Valumefobia. Brilhofobia.
Missandra segurou firme no braço do guarda-costas surpreendendo-o, mas ele não o retirou.
– Lantis... o que você sabe sobre meu cristal? Por que não divide o que sabe comigo?
No escuro, ela não podia ver o rosto dele, mas sua voz soou calma depois de alguns segundos de caminhada.
– Não sei te dizer isso, Miss. Sei que esse cristal dado à sua mãe que depois o entregou a você. Esse brilho parece atrair coisas ruins. É um cristal poderoso, que jamais devia ter sido colocado em sua mão. Não sei de onde ele vem exatamente, mas não me sinto bem perto dele. Há muitas lendas a respeito de algo assim.
– Mas parece que quando meu cristal brilha não é dele que você sente raiva. É de mim.
Ele parou momentaneamente e colocou a mão sobre a dela em seu braço.
– Miss...
– Ei, vejam! – gritou Mane, interrompendo o momento – Estou vendo uma entrada ali na rocha! É mesmo uma caverna!
– Bem, estava pensando em como iremos enxergar ali, mas posso ver uma luz por dentro.
– Não, chega de luzes – avisou Mane – me sinto melhor no escuro.
Eles riram.
– Parece um brilho vermelho e pulsante – a princesa semicerrou os olhos – É fogo.
– Deve ser uma tocha – Lantis virou-se para o amigo – E então, Mane? Se a luz for quentinha você topa entrar?
– Bem, estamos aqui pra isso. Não faz sentido enfrentar essa dor de cabeça toda e ficar aqui fora.
Após tanta aventura na floresta, eles não estavam receosos ao entrar, apesar de que o fogo aceso poderia sugerir alguma presença. Nada poderia ser pior do que passar por aquelas fadas novamente.
Ao menos esperavam que não.
A caverna era uma entrada escavada na rocha, tão larga quanto um corredor do castelo e tão alta quando o teto de uma igreja. Apesar de poderem se locomover livremente, caminharam juntos, atentos aos perigos que poderiam haver ali.

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O Legado do Dragão - degustação
خيال (فانتازيا)"Os dragões eram a lenda. Temidos, admirados. Viviam entre as pessoas disfarçados de seres humanos. Espreitando. Espionando. Parecendo buscar a paz, mas sempre tendo em vista o domínio. Sua última cartada. Rei Gallad, o mai...