"Se os humanos soubessem como queremos ajudá-los!
Mas tudo o que veem é nossa grandeza e nosso poder de destruição..."
- Denatheor, rei dos dragões
Missandra respirou fundo quando saiu da caverna. Tudo o que possuía agora era uma mochila com mantimentos para alguns dias que consistiam em carne e frutas secas, alguns cantis de água e cobertores. Ela também colocou algumas adagas de Dhalek embaixo das roupas e algumas peças limpas.
Mane despediu-se dela na entrada e voltou para dentro da caverna.
A princesa procurou lembrar-se do caminho e repetiu os passos para voltar à montanha das harpias. Dormiu nos mesmos lugares onde eles haviam estado e repetiu as mesmas ações, procurando lembrar-se do que faziam para manter-se vivos. O mais difícil eram as noites. Não pelo fato de estar frio, pois ela conseguia fazer fogo da maneira que Lantis a havia ensinado, mas por estar sozinha. Sentia os olhos encherem-se de lágrimas por pensar em Lantis daquela forma.
– Tão estranho... não conseguimos confiar um no outro, mas não conseguimos nunca ficar longe...
O que a atraía tanto para Lantis? Era a forma de como ele olhava em seus olhos ou suas brincadeiras perversas, embora divertidas? Como eles trocavam sarcasmos enquanto amantes trocavam carícias?
Não que ela não quisesse, claro.
Corou e, por um momento, ficou feliz de que ninguém estivesse ali para ver.
Ao final de dois dias, subiu a montanha. Foi muito mais difícil ir para cima do que descer a encosta, mas ela se encheu de coragem, lembrando que isso encurtaria a viagem em mais de um mês.
Cortou as pernas nas rochas e deslizou várias vezes para trás, o que aumentava a dificuldade e prolongava o tempo, mas não estava disposta a desistir. Eles contavam com ela.
Ao alcançar o topo, reencontrou as harpias. Elas a fitaram curiosas, especialmente por estar sozinha.
– Preciso de ajuda – ela pediu.
A rainha não estava, mas as harpias pareceram ansiosas para ajudar. Ela explicou tudo o que acontecera e elas a recriminaram severamente por terem procurado a ajuda de uma serpente. Ela se mostrou arrependida.
– Por favor, eu imploro – ela limpou do rosto as lágrimas que escorriam pela face – nos ajudem. Eu preciso chegar ao castelo ou Lantis...e Dhalek...
Elas se sentiram comovidas. Rapidamente começaram a cogitar quem a levaria e quem avisaria à rainha. Foi decidido que a mais forte delas seria capaz de carregá-la mais rapidamente e uma delas, alta e de cabelos loiros foi escolhida.
– Está preparada, humana? – ela sorriu – Serei rápida.
– Se for rápida como o vento, ficarei agradecida – Missandra sorriu de volta.
A harpia segurou Missandra pelos ombros e a ergueu. A princesa não sentia saudades de ser carregada dessa forma, mas não se importou.
O vento batendo em seu rosto a fez lembrar da viagem com os amigos, todos juntos, cerca de poucos dias atrás. Não acreditava que estava sozinha agora.
A harpia voou tranquilamente por horas, fazendo muitas perguntas à princesa e comentando fatos aleatórios e irrelevantes para passar o tempo. Ela parecia muito mais simpática quando não estava possuída pelo poder do cristal.
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O Legado do Dragão - degustação
Fantasy"Os dragões eram a lenda. Temidos, admirados. Viviam entre as pessoas disfarçados de seres humanos. Espreitando. Espionando. Parecendo buscar a paz, mas sempre tendo em vista o domínio. Sua última cartada. Rei Gallad, o mai...