"Garras não servem para ser pintadas e sim, afiadas.
Pare de copiar essas manias das humanas!
Tem noção que quanto esmalte você vai precisar?"
- palavras de Denatheor, rei dos dragões para a esposa
A fraca luz dos lampiões das ruas competia com a luz da lua cheia e esta estava ganhando. Dhalek sorriu para ela ao ver que não mais o afetava.
Reuniram-se na frente da principal entrada da biblioteca, todos trajados como druidas. Os trajes haviam sido confeccionados às pressas por uma costureira que recebera uma boa quantia com a promessa de que ficaria calada.
Mane escondera Minus dentro da roupa porque ele fazia questão de ir; Sonna recebeu a incumbência de montar guarda do lado de fora.
A rua de pedras refletia as luzes e brilhava como óleo, se misturando facilmente com a atmosfera. Maryan coçava o corpo.
– Esse tecido pinica. E está largo demais, não está?
Missandra havia colocado calças por dentro da roupa e uma das blusas de pirata que Dhalek emprestara. O sobretudo negro dos druidas estava jogado por cima, assim como o capuz cobrindo metade do rosto. Lantis retirou sua capa para que não arrastasse no chão e aumentasse o peso de sua roupa, removendo inclusive parte da armadura do quadril. Mane sempre usava roupas leves, e ele tinha que concordar com Maryan – aquela roupa pinicava e incomodava. Maryan usava roupas curtas e coladas; não estava acostumada a ter tanto tecido cobrindo o corpo.
– Embora eu admita que você não está tão linda quanto costuma ser, minha querida – Dhalek disse, beijando a mão da elfa – não há nenhum druida que ficaria tão lindo quanto você em um manto desses.
– É exatamente esse tipo de gesto que vamos ter que evitar – Lantis avisou – Temos que agir como druidas. Eles têm acesso a qualquer parte da biblioteca sem restrições. Se conseguirmos ser confundidos com eles, podemos vasculhar tudo sem perturbações. Essa hora da noite é perfeita; a hora preferida deles. Estão sozinhos e não são perturbados.
– E se não nos reconhecerem como um deles? – Mane perguntou, escondendo mais uma vez Minus dentro da roupa, que insistia em sair para ver o que estava acontecendo e reclamando que ali dentro estava abafado.
– Não vão nos reconhecer a não ser que você pare de se coçar – ele apontou para Maryan – e você mantenha esse... dragão no lugar. E você, Dhalek, por Deus, pare com isso!
Dhalek estava puxando o manto de Maryan nas costas com a intenção de acinturá-lo e deixá-la mais feminina. Missandra sorriu.
– Eu sou a única que não está fazendo besteira?
– Com você eu provavelmente vou me preocupar lá dentro com as suas besteiras – Lantis semicerrou os olhos para ela.
– Prometo não decepcionar – ela sorriu.
Ele revirou os olhos, revestiu-se de uma pose silenciosa e começou a caminhar lentamente, sendo imitado pelos outros. Passaram pelos guardas, que fizeram uma leve inclinação com a cabeça, e entraram.
Missandra conteve sua vontade de dar pulinhos.
– E agora? – ela sussurrou.
– Vamos para a câmara principal – Lantis sussurrou de volta – A maior parte dos livros fica lá e já não tem acesso ao público. Nem adianta procurar sobre dragões por aqui.
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O Legado do Dragão - degustação
Fantasy"Os dragões eram a lenda. Temidos, admirados. Viviam entre as pessoas disfarçados de seres humanos. Espreitando. Espionando. Parecendo buscar a paz, mas sempre tendo em vista o domínio. Sua última cartada. Rei Gallad, o mai...