Capítulo 15 - Amigos por todos os lados

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         "Muito conhecimento leva a grandes perigos. Do que você gosta mais?"

- Denatheor, rei dos dragões

Lantis tirou a capa ensopada e retirou o cinto. Pulou novamente na água sem pensar duas vezes.

Missandra tentou subir o mais rápido que conseguia, mas mesmo com todo o seu treinamento de natação, não conseguiria segurar o ar por mais de dois minutos. Sua garganta começou a apertar de desespero e seu peito parecia cada vez mais dolorido, como se uma mão houvesse entrado em sua carne e agora apertava sem dó seu coração que estava a ponto de explodir. A luz já não crescia e sim apagava-se, como se estivesse sendo envolta na escuridão. Aos poucos sentia que seus braços não mais obedeciam. O cristal, que a protegera da última vez, parecia ter se apagado; Lantis a avisara de que muita energia o enfraqueceria. Apesar dele ter afastado os dois seres, não poderia ajudá-la agora. Missandra se afogaria, estando tão perto de seus amigos e de sua liberdade.

Lantis nadava com desespero. Algo devia ter acontecido; nem Missandra seria tão inconsequente assim.

Uma figura flutuando lentamente no fundo, envolta em tecido, chamou sua atenção. Sentiu-se aflito quando percebeu os cabelos loiros flutuando ao redor. Teria gritado seu nome se realmente pudesse.

Agarrando Missandra, puxou-a para olhar em seus olhos, que estavam fechando aos poucos. Alcançou seus lábios e soprou ar para dentro deles. Lentamente ela abriu os olhos, como se estivesse se enchendo de uma nova vida.

Segurando-a a firmemente no colo, levou-a para cima o mais rapidamente que pôde, parando de tempos em tempos para tocar seus lábios e soprar ar em seu pulmão novamente. Ela começou a recuperar os sentidos, agarrando-se ao seu pescoço com as forças renovadas.

Lantis alcançou a superfície depois de dez minutos, rompendo-a com alívio. Saltando da água, colocou Missandra no chão delicadamente e afagou sua cabeça.

– Miss? Você está me ouvindo? Miss?

Como ela não se mexia, Lantis inclinou-se sobre ela e fez respiração boca a boca, enquanto massageava o coração. Segundos depois, Missandra virou o rosto e tossiu violentamente, expelindo a água que ainda estava em seus pulmões.

Lantis ajoelhou ao seu lado e respirou fundo. Mane sentou-se para se acalmar e Maryan agradeceu aos céus, enxugando lágrimas teimosas.

Missandra sentou-se e olhou fixamente Lantis nos olhos. Ele não os desviou, mas estranhou o gesto. Ela o agarrou pelo colarinho.

– Foi ótimo. Agora venha aqui e me dê um beijo de verdade.

Ela o puxou para si fortemente e ele não resistiu. Assim que tocou seus lábios ele assustou-se e por pouco não recuou. Os lábios de Missandra eram macios e quentes, apesar do quase afogamento. Ele acabou cedendo. Fechou os olhos e passou os braços ao redor dos ombros dela, até as costas, puxando-a ainda mais para si. Ela suspirou contra seus lábios e jogou os braços em volta do pescoço dele, buscando sua boca ainda mais intensamente.

Mane desviou o olhar e Maryan fez de conta que estava procurando algo em sua pequena bolsa de viagem.

Minutos depois, os lábios de ambos se desvencilharam e seus olhos ficaram presos um no outro. A respiração de Missandra estava acelerada, assim como a de Lantis. Aquele momento ainda teria durado algum tempo, se não fosse uma voz conhecida gritando de longe, no mar.

– Ah, até que enfim. Fiquei pensando comigo até quando vocês iam ficar se segurando.

Ambos coraram, mas viraram-se para o mar com uma expressão diferente.

O Legado do Dragão - degustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora