- Christian está ai?
- Sim, precisa de algo?
- Você nunca sai?
- Eu sempre saio.
- Todas as vezes que acordo você está aqui;
- É impressão sua, como se sente?
- Não sinto mais como se estivesse incendiando por dentro.
- Acho que isso é bom, sua voz parece melhor...
- Onde está o médico?
- Ele foi a cidade, ultimamente ele tem confiando mais em deixar você sozinha.
- O que ele diz? Eu vou mesmo ficar cega?
-Não podemos tirar conclusões agora.
- Christian você sabe que já se passaram quinze dias.
- Porque você insiste tanto nisso? Você vai se recuperar aos poucos.
- Eu fico pensando em como as coisas vão ser daqui pra frente, se eu já era indesejada por você em plena saúde imagine sendo cega.
- Você está ficando boa em falar bobagem.
- Não diga que eu estou mentindo, a verdade é que você só está com pena de min e sentindo culpa.
- Você não é digna de pena.
- Pois bem que bom que pensa assim, saiba que seu eu ficar bem...
- O conceito de bem é relativo princesa.
- Saiba que se eu estiver fora de perigo vou renunciar.
- Do que está falando?
- Eu não preciso mais aparecer, e cega como estou não vou ter serventia nenhuma para rainha minha mãe logo, será muito fácil viver em um lugar sozinha .
- Eu não irei desfazer a união.
- Não se preocupe, eu não disse que você desfaria eu mesma pedirei que alguém escreva a carta e carimbarei com meu próprio punho.
- Porque vai fazer isso?
- Eu não tenho mais capacidade de lutar Christian, é só isso.
- Posso pedir que não fale disso?
- Como quiser , mas o fato de não falar não vai me fazer esquecer.
Com o passar do tempo o médico visitava Katerina com menos frequência, ele havia conseguido eliminar 100% do veneno do seu corpo, a ferida estava cicatrizando e ela não corria mais perigo mas eu ainda tinha esperanças de que em algum momento aquela cegueira iria embora.
- Donatella onde está Katerina? Perguntei ao ver minha cama vazia.
- Pediu hoje cedo que a colocassem no quarto dela.
- Porque?
- Talvez deva perguntar diretamente a ela.
- Boa noite Katerina...
- Olá vossa Alteza o que te trás aqui no meu escondido aposento?
- Sabe o que é mais incrível?
- O que Alteza?
- É o fato de você não perder a oportunidade de me espetar com suas farpas.
- Tenho que descontar minha raiva em alguém não é mesmo? Ela sorriu olhando pra o vazio, eu ainda não estava acostumado a não ver seus olhos me encarando como ela sempre fazia.
- Porque saiu do meu quarto?
- Eu me sinto melhor aqui, soa mais familiar.
- Mas lá é muito mais claro.
- Como se eu pudesse ver a luz do dia...
- Me desculpe.
- Você devia parar Christian, por mais que eu saiba que não voltarei a ver outra vez essa sua esperança ainda me contagia e isso é horrível.
- O que é horrível é você parar de acreditar, amanhã peça a Donatella que te ajude com as roupas pois nós vamos sair.
- Eu não sei se você está louco ou oque...
- Eu não disse pra onde, eu vou levar você ao jardim... Eu não sei como vocês franceses vivem sem pegar cor alguma.
- Do que está falando?
- Estou falando que agora que você melhorou não pode mais colocar a culpa da palidez na doença.
- Amanhã é domingo, não vai ver Betty?
Fazia tempo que eu não via Betty ela não precisava saber dos detalhes. - Você sempre tem que estragar os momentos legais não é mesmo princesa?
- Eu só estava curiosa.
- E por acaso a senhora acha que eu a convidaria para algum lugar se tivesse algum compromisso?
- Eu acho que você deveria Jantar.
- Você não vem?
- Não, infelizmente ainda não dominei a arte do tato, ainda não consigo comer sozinha.
- Eu posso te ajudar se quiser...
- Não seja bobo, eu vou esperar Donatella e logo após dormir.
- Amanhã as 10:00 esteja pronta.
Passei a noite pensando se deveria contar a Katerina sobre Betty ou não, aquilo realmente estava me incomodando mas eu sentia que ainda não era o momento certo; A rotina de paz que eu havia estabelecido com Katerina não merecia ser quebrada por assuntos como esse.
Era um pouco tarde quando acordei, não havia qualquer sinal de barulho em seu quarto então ignorei a vontade de verificá-la e desci pra tomar café da manhã.
- Donatella, Katerina te pediu que...
- Sim, ela pediu.
- O que houve? Você parece chateada...
- Não brinque com ela Christian...
- Porque está dizendo isso?
- Porque ela já sofreu demais pra você dar atenção e depois a deixar no canto como sempre fazia.
- Dona, você sabe que eu não faria isso.
- Não meu bem, o menino que eu criei não faria mas você mudou muito...
- Eu vou provar que está errada.
- E eu ficarei muito feliz quando o fizer.
Ao terminar o café da manhã esperava que finalmente Katerina estivesse acordada, pedi que Donatella subisse logo depois de min.
- Christian! Christian! Por favor venha... Christian!
Naquele momento meu coração congelou e as pernas criaram raiz no chão, ela estava chorando. Corri em direção a sua porta ainda sem saber o que encontraria do outro lado
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Amor e Reinado ( Concluído )
RomanceNos meados do século XVII na apaixonante Paris a princesa Katerina Matarazzo vê sua vida virar pelo avesso quando sua mãe a comunica que pela primeira vez ela terá que se sacrificar em razão da coroa, casar-se com o príncipe Christian Salvatore para...