***Katerina****
Parecia tudo bom demais pra ser verdade, a vida estava caminhando do jeito que tinha que ser e finalmente eu estava acreditando que Christian podia me amar, as lágrimas corriam pelo meu rosto como se ele estivesse sendo lavado cada vez que eu lembrava deles dois juntos.
-Senhora a carruagem chegou. Donatella interrompeu meu pensamento infeliz.
- Obrigada Dona, eu já vou descer. Disse enquanto terminava de dobrar umas roupas no baú.
- Senhora é muito perigoso , ao menos espere ele voltar.
- Não Donatella, se o Christian voltar e eu ainda estiver aqui nada disso será possível.
- Mas a senhora não se sentiu bem a pouco tempo, e se perder os sentidos outra vez?
- Dona, eu gosto muito de você e a respeito mas a decisão já está tomada. Por favor peça que levem esse baú la pra baixo.
- Mas só isso?
- Eu não vou precisar de nenhuma dessas coisas onde eu vou.
- Senhora...
E não iria mesmo, eu achava que a resposta do bilhete que enviei pra minha irmã não chegaria antes que Christian voltasse mas felizmente chegou juntamente com a ajuda. Quando se casaram Henry o irmão de Christian presenteou minha irmã com um chalé em um povoado vizinho, um lugar tranquilo e longe da movimentação da cidade; Ele afirmava que ali seria a fuga deles pra o paraíso e então lá estava eu em direção a seu refúgio secreto. Minha irmã conseguiu que uma criada de confiança ficasse comigo lá, por ser uma pequena casinha não haveria necessidade de várias pessoas e não iria de maneira alguma atrair a atenção de meu marido.
- Senhora, meu nome é Julia a senhora Valentina me mandou. A mulher de longos cabelos negros apresentou-se enquanto eu descia da carruagem.
- Obrigada Julia, não tenho muita bagagem e gostaria de me deitar pois não me sinto nada bem.
A casa era bem delicada e não havia muito luxo mas era um lugar que aspirava vontade de passar um longo dia era uma pena que eu não pudesse explorar o lugar ; Julia me conduziu para o quarto onde passei o resto das horas, aquele era o pior momento pra ficar doente mas infelizmente nem tudo saia como o planejado.
Não sei por quanto tempo dormi, mas ao despertar notei que ja era noite e pela falta de movimento na casa Julia já tinha ido dormir. Ao lado de minha cama havia uma pequena bandeja com jantar, não sabia a quanto tempo aquilo estava lá mas eu comeria qualquer coisa com a fome que estava, não teve um minuto que eu não pensasse em como Christian estaria se virando, isso era uma completa estupidez porque mesmo que eu estivesse sofrendo com o que aconteceu não conseguia parar de pensar se eu havia o magoado também com minha partida.
- Katerina, está começando a me preocupar. Disse Julia quando retornou da cidade, faziam três dias desde minha partida e destes apenas um eu não estive afundada em mal estar e enjoos .
- Julia, eu peguei muita chuva isso deve ser apenas uma gripe.
- A senhora não teve muitas conversas com a sua irmã não foi?
- Porque diz isso?
- Esses eram os mesmos sintomas dela quando engravidou dos gêmeos .
- Isso deve ser pura coincidência. De repente o horror tomou conta de min, aquilo estava realmente fora de cogitação.
- Senhora , nós duas somos adultas e a senhora é casada isso não é nenhuma aberração.
- Eu não quero ver o Christian.
- E para aceitar que está grávida precisa vê-lo?
- Mas precisarei em algum momento...
- Da mesma maneira que precisará não estando, Katerina você é uma princesa e as pessoas já estão estranhando seu desaparecimento.
- Eu pedi a Donatella... Ela me interrompeu.
- Eu sei o que você pediu mas você cresceu dentro disso e com certeza sabe que as coisas não funcionam assim.
- Por favor, não conte isso a minha irmã eu sei que você a vê as vezes.
- Não se preocupe, você sabe que é só uma suspeita.
- Talvez não seja, eu não havia notado que estou atrasada.
- Seria melhor um...
- Nem atreva-se a dizer isso.
- Espera que eu faça o parto? Ela rebateu ironicamente.
- Até a criança nascer espero já ter conseguido lidar com isso.
- É muito perigoso estar aqui Karen, se alguem suspeitar a sua segurança está arruinada e a do herdeiro de Roma também.
- Julia, eu não quero que essa criança determine o rumo que as coisas vão tomar; Eu prefiro que ninguém nem suspeite por enquanto.
- Não vamos tumultuar as coisas.
Minha cabeça não parou de girar um só minuto, grávida de Christian enquanto não queria nem sentir sua respiração perto de min. Na maior parte do dia eu ajudava Julia com as tarefas de casa e cada vez menos ela parecia uma criada pra min. O inverno estava perturbador e como a pequena casa não tinha tantas lareiras como o palácio o frio estava mais que rigoroso.
Todas as vezes que deitava sentia como se meu corpo todo estivesse entorpecido , cada músculo parecia tão dolorido quanto meu coração, era difícil não imaginar um bebê com o rosto de Christian ou com seu sorriso correndo em minha frente. Porque ele não saia da minha cabeça? Mesmo que eu voltasse nada seria como antes eu não poderia continuar nutrindo esses tipos de fantasias para com ele.
- Eu sei que não quer ver o Christian mas Valentina concorda que você já ficou aqui tempo demais.
- Nós estamos bem Julia.
- Você tem tido muitas dores Katerina e o frio a distância... Se você precisar de um médico aqui até que ele chegue o pior já pode ter acontecido.
- Eu estou em paz Julia.
- Será mesmo? Pensa que não a vejo levantar a maior parte do tempo? Eu já vi muitas mulheres grávidas pra saber que não está tudo bem.
- São só os espartilhos, eu tenho parado de usá-los já que não tenho outros vestidos e não posso permitir que estes fiquem apertados.
- Pare de mentir pra si mesma. Você não precisa disso, não precisa trabalhar em casa ou reutilizar vestidos apertados, katerina já passa da meia noite e você se quer consegue dormir!
- O que sugere que eu faça?
- Está mesmo fazendo essa pergunta? Estamos aqui a um mês e sua barriga já é notável. Por um momento comece a pensar no seu bebê! Sua expressão era severa demais até ouvirmos o barulho de cavalos nas proximidades, aquilo era um espanto já que ninguém ia ali.
O semblante de pânico tomou conta de nós duas ao ouvir as fortes batidas no andar de baixo.
- Silêncio princesa, apague a vela.
- O que faremos?
- Vamos trancar a porta e rezar pra que eles não subam.
As batidas não diminuíram e eu estava assustada demais até que tudo começou a girar outra vez. Maldição! Aquela não era a hora.
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Amor e Reinado ( Concluído )
RomanceNos meados do século XVII na apaixonante Paris a princesa Katerina Matarazzo vê sua vida virar pelo avesso quando sua mãe a comunica que pela primeira vez ela terá que se sacrificar em razão da coroa, casar-se com o príncipe Christian Salvatore para...