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O despertador toca, com o seu som de alerta extremamente irritante para os meus ouvidos. Relutante, levanto meu braço e tateio com uma de minhas mãos o criado-mudo, buscando o bendito despertador e, ao desligar percebo que não era apenas o despertador que estava a fazer barulho e sim, a porta de meu quarto, havia um indivíduo batendo sem dó nem piedade em minha porta a me chamar.
- LAUREN!!! - Eu sabia muito bem de quem era essa voz grave, que parecia bem irritada. - Abra essa porta já! - Berrou o meu pai do outro lado.
- Argh... Tudo bem - Murmurei na maior calmaria do mundo, cambaleando como uma bêbada ao me levantar. Fui até a porta e abri um sorriso amarelo mínimo como um "bom dia" ao deparar-me com o meu pai irritado, que não era de se esperar. Nessa hora do dia eu nem lembrara que dia era hoje. Por isso, apanhei a coberta que derrubei ao me levantar e deitei-me sobre minha cama novamente.
- Vamos, levante daí agora, Lauren. Eu não estou para brincadeiras hoje. - Falou o meu pai e eu apenas ignorei, murmurando um "me deixa dormir, droga". - Espera... Você sabe que dia é hoje, querida? - Falou meu pai com desdém, tentando ser o mais carinhoso possível comigo, já que eu estava o tirando o juízo logo cedo.
- Não faço ideia - Falei com desânimo, ainda com o rosto atolado nas cobertas, tentando tapar a luz do sol, que agora se fazia presente em meu quarto, pois meu pai havia acabado de abrir as janelas.
- Vamos, levante. Hoje é o dia da nossa mudança. - Falou meu pai tentando permanecer calmo enquanto tirava brutalmente as cobertas, e como reação, me encolhi ainda com preguiça. - Eu não vou falar outra vez... - Falou meu pai e eu já estava correndo em direção ao banheiro para fazer minhas higienes matinais. - Te espero lá em baixo em 5 minutos... - Falou ele enquanto sua voz ficava mais longe, era um sinal que ele estava se distanciando.
Ao sair do banheiro voando de toalha, peguei minhas peças íntimas, um blusão e uma calça jeans qualquer e calcei meus velhos tênis all star, que eram azuis e vesti-me. Um rapaz com um fardamento de uma empresa de transportes surgiu no meu quarto e bateu na porta, chamando-me atenção, pois a porta estava aberta e como eu já estava vestida - ufa! -, eu assenti para que ele entrasse e pegasse os móveis que iríamos levar. Ele entrou e começou a fazer seu trabalho.
- Lauren!! - Gritou meu pai do andar de baixo - Eu disse 5 minutos, já faz 30 minutos que você está aí. Venha logo ou eu juro que te deixo pra trás - Falou ele num tom um tanto humorado, meu pai dificilmente perdia suas oportunidades de demonstrar seu incrível senso de humor, mas era notório irritação no seu tom de voz.
- Está bem, eu já estou indo! - Falei enquanto pegava um pente e descia penteando meus cabelos ondulados, que as vezes me dava um belo de um trabalho. - Estou aqui. - Falei levantando os braços para mostrar a minha tamanha animação em mudar-me.
- Verifique os móveis da casa, precisamos saber se não esquecemos algo de importante, rápido! - Disse o meu pai e eu cuidei para fazer o que ele estava pedindo, ao passar pelos cômodos da casa fazendo o que meu pai pediu, eu tentava relembrar as coisas que vivi nesta casa. Mas vi que se ficasse muito tempo, eu acabaria cutucando feridas abertas e isso não era o que eu queria. Ao passar pelo meu quarto lembrei que eu nem havia arrumado minha cama e dobrado as minhas cobertas, coisa que eu tinha grande mania de não fazer. Arrumei as cobertas dentro de uma mala e desci com algumas coisas para ajudar a agilizar. Confesso que estou ansiosa para chegar a nova cidade construir uma nova vida. Ao ajudar meu pai e os rapazes gatinhos da empresa de transportes, finalmente terminamos. O caminhão da mudança foi na frente, enquanto eu e meu pai, colocávamos o que restou - que no caso, eram as nossas malas - no carro e partimos. Eu iria sentir saudade daqui, dos meus poucos amigos, das vizinhas - que, por incrível que pareça não eram tão fofoqueiras assim - sentirei falta de tudo, até do calor infernal que ali fazia. Sentei-me no banco do passageiro e meu pai no do motorista. Eu e meu pai nos parecíamos muito, tanto fisicamente como nas atitudes. Gostávamos de tantas coisas em comum que até era de se assustar. Confesso também que aprendi a imitá-lo na maioria das vezes até no jeito de andar. Não éramos de falar muito na presença um do outro, preferíamos o doce som do silêncio.
- Vou sentir falta daqui. - Falei quebrando o silêncio quando ele acaba de colocar o cinto de segurança.
- Sério? eu não vou sentir nenhum pouco. Eu sei que esse é o meu lugar de origem, mas essa cidade, por mais que tenha um território tão grande, tornou-se sufocante... - Falou ele observando por míseros segundos a nossa antiga casa. - Está preparada para dizer adeus? - Falou ele enquanto ligava o carro e me olhava.
- Sim. - Falei e ele deu partida no carro, enquanto eu observava nossa antiga casa sumindo em meio a tantas outras.
[...]
Havíamos acabado de chegar na cidade, durante nenhum momento dormi na viagem, eu havia pegado esse costume de só ir dormir quando o carro parasse. O veículo parou em frente a uma linda casa na cor marfim mesclando-se com o amarelo, deduzi que era o nosso mais novo lar. Era realmente encantadora, meu pai sempre teve bom gosto para escolher as coisas, mesmo não sendo bem atualizado das novidades de atualmente. Abri rapidamente a porta do carro, retirei o cinto de segurança e parei em frente a casa, observando-a.
- Que linda... - Falei encantada, por mais que eu estivesse mais ansiosa para nossa nova vida, algo me dizia que minha vida mudaria totalmente aqui. Voltei a companhia de meu pai, que havia aberto o porta malas para retirar nossa mínima bagagem, já que eu não possuía muitas coisas e meu pai, igualmente. Nosso guarda-roupa precisaria de uma leve mudança, já que nossas roupas não eram adequadas para o clima do lugar. Minhas roupas eram, digamos, levemente arejadas por causa do calor infernal que aquela cidade fazia.
- Lauren, pare de pensar no futuro e concentre-se no presente. Como por exemplo, me ajudando a carregar as malas. - Falou meu pai tirando-me de meus constantes devaneios. Fui até o porta mala e o ajudei nisso e outros afins, como posicionar os móveis em seus distintos lugares, que os rapazes da empresa de transportes haviam chegado primeiro e colocado os móveis na casa, já que a chave havia também ficado com eles.
[...]
Ao acabar de arrumar as coisas de nossa mudança, eu subi e tomei um banho e fiz minhas higienes, mas papai me chamou para jantar, desci as escadas correndo e sentei-me no sofá já servida, com o prato na mão. Eu e meu pai jantamos em frente a TV, - um péssimo hábito que tínhamos - mas a campanhia tocou e eu, como já havia terminado de comer, fui atendê-la.
- Olá, são os vizinhos novos, não é mesmo? - Falou uma mulher simpática de aparentemente uns 37 anos, bem conservada por sinal.
- Sim. - Falei com minha incrível simpatia e com um sorriso amarelo.
- Tudo bem... vim dar-lhes boas vindas. Sou Lúcia. - Falou e percebi que ela tinha uma torta que parecia realmente saborosa.
- Sou Lauren e... obrigada! - Falei tentando ser o mais doce possível em pessoa.
- Bom, eu já vou indo, mas antes... - Falou me entregando a torta e saindo, mas sem antes me mandar um sorriso forçado de simpatia, como um "tchau, foi bom falar com você".
Como era uma noite de domingo e meu pai já havia me matriculado na escola, eu oficialmente recomeçaria minha vida de vez amanhã, tendo por início a escola. Entreguei a torta para papai fazer o que quisesse, mas sem antes o ameaçar de que se ele comesse ela inteira eu faria qualquer coisa maligna para cima dele, mas normalmente isso não funcionava muito, já que meu pai era um policial e nada metia medo nele. Deitei em minha cama com a mente voando e acabei adormecendo, mas no meio da noite, escutei o que parecia ser um uivo. Levantei-me ainda com preguiça e fui até a varanda, encontrando a porta aberta e as cortinas voando por conta da brisa que entrava livremente em meu quarto e logo, um calafrio percorreu meu corpo. Algo me dizia que minha vida iria mudar, me deixando com certa dúvida... Para melhor ou apenas piorar?
1467 palavras.
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Elo de Sangue: A Origem da Profecia
VampireNormalmente, nós estamos sujeitos a ter mudanças em nossas vidas, certo? Todos nós teremos que um dia arcar com mudanças, tanto boas como ruins. De todos os tipos, seja de escola, casa, amigos e afins. Lauren, uma típica adolescente - rebelde, por s...