12. Capítulo - Mary

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— Ela vai escolher. Ela precisa escolher. Você não a conhece, eu sim. E Ele não vai tirá-la de mim! — Christopher falou irritado, sem perceber a minha presença.

— Escolher o que? — Eu disse atraindo a atenção dos dois para mim. Andei em direção a Christopher.

O ancião imediatamente se retirou e ninguém parecia prestar atenção na nossa conversa, o que seria menos mal, já que eu não queria armar um barraco. Chris segurou em meu pulso e me puxou até a floresta, e eu apenas permiti ser puxada. Eu não teria como retrucar já que ele tinha com toda a certeza mais força que eu. Chegando ao que parecia ser o meio da floresta, já que havia um círculo grande da cor branca e uma árvore gigantesca com suas raízes muito bem fincadas ao chão.

— Você precisa saber... Você tem que ver onde está se metendo, de uma vez por todas. — Ele disse num timbre um tanto peculiar, o que me instigou a querer saber o que ele possivelmente iria me mostrar. Soltou a minha mão e eu fiquei parada onde ele havia me deixado. Ele andou até mais próximo da árvore. Eu realmente não sei o que eu vi, mas a árvore parecia ter vida.

Como eu nunca havia vindo aqui? Pensei.

— Quero que me mostre. Por favor. — Supliquei olhando-o de costas para mim. Ele parecia pensativo.

Repentinamente, Chris levou sua mão a boca e a mordeu, fazendo com que o sangue escorresse ao fechá-la. O sangue caiu sobre o enorme círculo no chão e deu vida a 1/3 da parte do círculo. Aquelas gotas de sangue se transformaram em muito, já que atingiram a 1/3 do círculo, mas não parecia ser o suficiente,

Será que é necessário mais sangue pra ativar esse negócio? Pensei.

Uma luz vermelha incandescente feriu os meus olhos e os semicerrei para ver o que era aquilo. Um desenho que mais parecia ser uma espécie de holograma vinha do meio da grande árvore, não um desenho qualquer, mas um verdadeiro artefato com grande simbologia. E, logo abriu-se e os galhos passaram a se mover. Era inacreditável. Chris continuava estar de costas pra mim, portanto, eu andei até ele.

— Eu precisava te mostrar isso, você precisa saber a verdade. Não era isso que você queria? — Ele disse olhando para a árvore que tinha em sua volta, uma névoa negrume meio avermelhada. Aquilo era incrível, e eu só poderia estar em um sonho. Assenti positivamente, algo despertava mais ainda minha curiosidade naquela floresta, e eu estava prestes a saber o por quê.

A árvore, com seus grandes galhos, que eu assemelhei a tentáculos, estava com um orifício em seu meio com o próprio desenho antes presente em forma de luz. Manejando seus próprios galhos, a árvore retirou de dentro de si, como quem retira um cinto, um livro enorme, com diversas trancas.

— Espere aí... Eu conheço esse livro. — Eu disse sussurrando, quebrando o silêncio e apontando para o livro nos braços da árvore. O ser a minha frente segurava o livro com extremo cuidado, como um bebê recém-nascido.

— É Auxtrivitz. O Livro da Origem da Profecia. — A voz suave e indefinida parecia ecoar por toda a floresta. — Auxtrivitz Wrtas... Thfitva Aghurium...— Continua a voz a dizer palavras que eu jamais havia ouvido, não parecia ser bem um idioma que se aprende, nem muito menos uma gíria desconhecida.

— Auxtrivitz Wrtas, acorde-se-me imediatamente. —  Falei em uníssono, juntamente com Chris.

O quê? Pensei.

— Você sabe interpretar isso, porque está aqui. Essa é Allma, a grande Árvore da Morte. Parece um pouco irônico, mas...

— Eu entendi. Ela pode nos ouvir?

— Pode, mas você precisa cativá-la para que ela fale com você.

— Ela me fez entender isso? Ou...?

— Hyas, bela e grandiosa Lauren. Estou-me a me agradar de ti, flor de pyhid. Tu me lembras a tua irmã pyhid que tu chamas de avó. — Falou novamente a voz que fazia o grande eco na floresta. "Hyas" seria como um "Olá", a forma como ela falava era realmente avassaladora e convincente, do tipo que poderia convencer qualquer um a se jogar de uma ponte somente pela forma cativante de comunicar. Ao falar "flor de pyhid" a árvore projetou em seu galho uma luz fraca, mostrando uma flor extremamente bonita, naturalmente feita com pétalas de espinhos e no meio, uma pérola. A luz que se projetava parecia ser algo mágico, mas que parecia oscilar e enfraquecer-se.

— Allma. — Foi a vez de Chris para pronunciar-se. A árvore iluminou-se por um segundo, mas voltou a enfraquecer-se.

— Finalmente o momento chegou. Que venças! Em nome de autenticidade e da coragem eis que descerá, então, uma das quais antecedentes nunca se vira. Ela será separada das outras, com Amor, Força e Autonomia em sua alma, desde o seu nascimento. Sendo estas, suas características mais marcantes. Ela será a derradeira de sua geração, irá reinar e seu poder será absoluto, para sempre. Ele a encontrará. Ficará dividida, então seu coração se partirá ao meio. Sangue irá ser derramado por conta disto. Cabeças irão ser decepadas por tributo à Suprema e Rainha. Levantar-se-ão inimigos, com sede de sangue. A fera acordará, trazendo consigo a destruição de muitos povos. Contudo, reinarão Amor, Força e Autonomia. A paz e a justiça voltará, mas antes disto, rogo-lhes para que a guerra comece! — Auxtrivitz se pronunciou, e sua voz era mais estrondosa e impactante quanto a voz de Allma. Ele havia repetido o mesmo discurso que o ser que havia me visitado na varanda dias atrás tinha dito.

Pude sentir o olhar dos seres presentes naquele lugar sobre mim. Abaixei a cabeça e olhei para as minhas mãos. Um galho da árvore tocou em mim e logo fez um furo sobre o meu ombro, perfurando a blusa, nos dois lados, ao lado da clavícula. Logo, um turbilhões de sensações, sentimentos e... Lembranças. De repente, me vi numa folha gigante usada como balanço por uma senhora.... Uma senhora que eu sabia muito bem quem seria.

Mary... Mary...

A mulher me balançava e olhava com ternura para mim. Um sorriso brotava em seu rosto e os seus olhos brilhavam, trazendo o meu reflexo em sua íris... Eu era uma pequena criança com as bochechas rosadas e com o dedo cortado, mas de forma alguma eu chorava por estar machucada.

— Lembra-se de quem citou parte da profecia para ti? — Disse Allma.

— Mary... Esse é o nome dela. E ela está viva! — Eu disse sorrindo olhando para os pequenos furos em meus ombros, que irradiavam luz, e voltando meu olhar para a árvore, tudo logo se desfez, e a árvore havia voltado a ser árvore, e o livro agora havia desaparecido.

Agora tudo faz sentido. Pensei.

Em meus olhos brotaram água, e respirei fundo, tentando novamente lembrar de mais alguma coisa.

— Agora você sabe. — Christopher suspirou e olhou para mim.

— Espere... Espere... E-Eu. — Gaguejei, era tudo demais pra mim. Estava tentando assimilar tudo, quando ele me abraçou, e me fez enterrar minha cabeça em seu peitoral firme.

Chuviscava fortemente, que chegava a doer em minha pele. Ele me pegou no colo e eu continuei a estar com a cabeça enterrada em seu peito, que me fazia sentir segurança e um calor que aquecia a alma.

— O quê? Eu não preciso disso...

— Shhhh... Lauren, Shhh. — Ele correu rapidamente numa velocidade sobrenatural comigo em seu colo, como se eu não pessasse nada. Eu apenas ouvia o som das batidas um pouco aceleradas do coração de Christopher, que aos poucos se ajustava e normalizava. Depois senti-me ser depositada sobre uma algo macio e confortável, antes de apagar, eu escutei um "Sinto muito, eu te amo" num sussuro quase inaudível.



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Elo de Sangue: A Origem da ProfeciaOnde histórias criam vida. Descubra agora