Prólogo

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Londres, Março de 1873

    Em plena noite longe de Casa uma garota anda sozinha pela escuridão sem fim.
Wendy uma garota de 13 anos perdida, acabara de presenciar um dos piores momentos de sua vida e não sabia quanto tempo estava andando sem rumo, só sabia que estava cansada a ponto de desabar a qualquer momento e congelando até os ossos, ainda assim seguia em frente com a agonia e o medo. Sua única visão era os arbustos e as árvores ao seu redor em uma noite escura, só com as estrelas para guiá-la não a ajudava muito, nem os galhos que atrasava ainda mais os seus passos, agradecia por ter saído vestida com sua saia assimétrica preta, a parte curta que ia até os joelhos usando sua camisa branca com mangas longas dobradas até seus cotovelos sob um corpete como colete preto, suas velhas luvas pretas sem dedos e suas meias que ia até a altura de sua saia já meio rasgadas pelos arbustos junto com suas botas marrom e um pequeno salto fazia seus dedos dos pés doerem a cada passo, mas ainda assim sentia o arrependimento por não ter pego seu casaco. Havia acabado de passar por um arbusto cheio de espinhos contando com a situação que já não era muito boa, suas roupas estavam sujas, desgastadas, arranhões em sua pele pálida, as bochechas de seu rosto juvenil com algumas sardinhas que continha pequenos arranhões, seu cabelo curto desfiado com sua franja extremamente negra ficaram rebeldes e seu par de olhos azuis escuros estavam mais para olhos cinzentos e sem vida.

De minuto em minuto colocava a mão em seu bolso para verificar se seu mais valioso pertence estava com ela, um pequeno relógio de bolso. Wendy não sabia a quanto tempo estava com ele ou se ele esteve com ela talvez desde seu nascimento, um pouco antes de a deixarem na porta da casa de seu Avô, aquele objeto era a única lembrança que tinha de seus pais um pequeno relógio preto de prata. Mesmo em tanto tempo com ele nunca conseguiu o entender bem, ao redor da tampa de prata havia desenhos que nem ela conseguia interpretar com números romanos em perfeita ordem, mas diferenciado dos outros pois se via 5 ponteiros, 3 pretos que identificava as horas normais do dia e 2 em vermelho que não paravam de fazer uma volta completa a cada segundo, ao redor também em vermelho números abaixo de cada número romano - abaixo do I estava 6, do II o 11.... uma vez perguntara ao seu avô o que significava, então falou-lhe que era os minutos que se haviam passado, quando foi a vez dos ponteiros vermelhos por girarem tão rápido ele lhe dissera que "esse é um outro tempo"- Wendy nunca entendeu suas palavras naquele dia, pois como poderia haver outro se nós só temos um único tempo? Seu avô deduziu-a que as vezes o universo era complicado demais para explicar e que talvez um dia ela o intenderia.

No final da corrente de seu relógio continha uma chave de prata, que nunca precisou usá-la para o dar corda, não se atrasava ou adiantava e em nenhum momento havia parado de fazer seu TIC-TAC, parecia que desde sempre ele funcionou assim e logo atrás do relógio estava a descrição "....Sempre estará com você", embaixo desta descrição em letras miúdas tinha "Made in Dimension of Time" aquilo soava um pouco ridículo para Wendy mas havia teorizado que existia um lugar com esse nome em alguma parte do mundo. Ao todo, o precioso relógio naquela noite tornou-se tudo para ela, se perguntava várias vezes porque não era normal como as outras garotas, mas não podia, por que eles sempre estiveram lá....

Wendy os ouvia se aproximando cada vez mais, não queria parar de correr - desejava estar em casa com seu avô perto da lareira na sala - mas não tinha como voltar, tudo havia se ido, seu avô, sua casa... tudo. Por culpa deles, por ela sempre os poder ver.
Wendy corria desesperada se enfiando em arbustos até finamente avistar um pequeno chalé no meio da floresta um pouco velho feito de madeira, ela pôde reconhecer aquele lugar. Quando saiu da mata viu algo se mechendo entre os arbustos e as árvores - Wendy correu olhando para trás o tempo todo quando tropeçou em um tronco de madeira um pouco à frente do chalé e cambaleou no chão - já sem forças olhou em volta e avistou a sombra da criatura, o medo tomou conta e olhando-a se aproximar começou a se rastejar pelo chão....

A dimensão do Tempo - A GUERRA DOS ANJOS - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora