texto numero 6

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tenho algumas coisas presas no meu peito que estão me sufocando. essa noite não foi das melhores pois os pensamentos de o que e como falar me perturbavam e perturbavam meu sono. na verdade eu gostaria de ter conversado contigo ontem mas eu precisava me acalmar. sabia que você estava tendo um bom momento e não queria estragar o final do seu dia, então deixei pra hoje cedo.

acordei e coloquei um dos meus álbuns favoritos pra tocar. enquanto digito essas palavras estou sendo irradiado pela luz do sol que toma conta do meu quarto todas as manhãs, que aquece meu corpo me dando esperanças do dia ser melhor. infelizmente isso nunca acontece, porque maior parte do tempo eu passo tentando ocupar minha mente, a fim de evitar os pensamentos ruins. eu tenho muito guardado aqui dentro de mim, traumas, cicatrizes e feridas em aberto. escrever é meu refúgio, é a maneira que tenho de ouvirem o que eu não digo, me faz pensar sobre mim e como eu estou me sentindo.

me pergunto se o problema está em mim, o que eu fiz de errado dessa vez. as inseguranças assombram e me questiono se sou bom o suficiente, se sou importante, se você sente minha presença, o que eu significo. eu não queria os soluços, as lágrimas percorrendo meu rosto quente, queria sonhar tranquilo. mas ultimamente só tenho tido pesadelos. nesse processo, busco explicações para o que eu fiz ou deixei de fazer, mas o medo me invade. medo de sentir que algo dentro de mim morreu, de me sentir impotente e encobrir meus sentimentos, de eu não chegar a lugar nenhum.

mas esse sou eu, intenso e sensível, carrego imensidão comigo. se não for pra mergulhar de cabeça e nadar até o fundo não faço questão de molhar meus pés. eu não consigo viver nada pela metade ou manter relações sem sentido. eu quero ir direto ao íntimo, enxergar o que não é óbvio, preencher minha vida com significado. pode não ser o caminho mais fácil, mas eu prefiro. falando assim até parece que eu deveria irradiar força, mas eu reverto toda ela pra me manter em pé e lidar com tudo que eu enfrento internamente. eu já sofri bastante e nesses últimos tempos venho tentando cuidar melhor de mim pra poder cuidar melhor dos outros. eu não quero, e hoje sei que não preciso, implorar por amor. não quero mudar quem eu sou pra caber em alguém, não quero que seja necessário doer só para que o que eu esteja sentindo me faça sentir vivo. não quero ser um paradoxo ambulante. não posso fugir do meu caos, mas posso manter ele organizado.

a verdade é que estou me sentido estagnado e inseguro na nossa relação. pra ser sincero eu não sei definir o que temos, não por necessidade de rotular, mas me aflige o fato de eu não saber se você tem planos futuros comigo, não saber o sentimento implicado, não saber a vontade de vir, de estar. tudo o que eu tenho são as poucas palavras que trocamos diariamente e, que pra mim, são insuficientes. eu quero e necessito mais do que essa troca mecanizada de bons dias e boas noites. eu não sei quem você é e tenho a sensação que você não me conhece verdadeiramente. relações exigem isso, exigem entrega.

nesse momento os raios de sol já se foram, a tarde fria e escura se aproxima e eu preciso ouvir o que você tem pra dizer.

Textos para elaOnde histórias criam vida. Descubra agora