texto numero 20

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Eu não queria te beijar na sexta e te esquecer no sábado, como se você fosse uma meta que foi cumprida.
Eu queria te beijar na sexta, te ver de novo no sábado, e te mandar uma mensagem no domingo perguntando qual é a sua cor favorita, porque pra mim, isso é sim uma informação muito importante.

Cada pergunta que eu te faço significa que eu estou de joelhos te implorando por mais pedacinhos de você, eu coleciono teus pedaços e os guardo num potinho vermelho com um formato meio estranho e com batidas que, vez ou outra, tem ritmos diferentes dependendo do pedacinho que eu coloco lá, e apesar de soar mórbido, isso sou apenas eu esperando até te ter por completo.

Mas você nunca quis colecionar meus pedaços. Você nunca quis pedaços o bastante. Você já me quis por inteiro?

O teu silêncio, o teu sumiço, e a falta das tuas perguntas, me impedem de chegar perto de você. Eu não queria que você me afastasse porque sou eu quem geralmente fica desse lado, parece egoísmo, mas eu que sou essa pessoa que não gosta muito de gente, eu que sou o anti-social que só doa sorrisos pra não ter que entregar minhas palavras que são super valorizadas por mim, e não escutadas por todo o resto.

Eu me lembro quando era você que me fazia as perguntas, e eu me lembro de nunca ter te doado só sorrisos porque você sempre fez as perguntas certas e você sempre mereceu as minhas palavras, eu não sei se você as entende e eu não sei se você as guarda no seu coração, mas eu sei que elas estão seguras contigo.

Você sempre arrancou os meus sorrisos e as minhas risadas estranhas e escandalosas, eu nunca os dei por educação.

Portanto, naquela vez em que você parou de falar comigo repentinamente e eu te mandei uma mensagem perguntando se você tava bem, aquela na qual você ignorou essa pergunta que hoje em dia, ninguém faz pra ninguém, lembra? Você não disse nada.

Você nunca disse nada.

Você sempre me presenteou com teus vazios que não combinam nada com a pessoa cheia que eu sou. E mesmo assim eu queria você. Porque talvez esses vazios fossem só a sua falta de prática em demonstrar emoções, porque você é boa em muitas coisas mas talvez não seja boa nisso.

Eu não sei. Eu nunca vou saber.

A verdade é que eu apostei no começo.

Eu apostei nas perguntas que você não parava de fazer pra mim, eu apostei naquela discussão bobinha que a gente teve por eu te achar gostosa de mais, apostei no teu esforço de nunca deixar o assunto morrer, apostei em cada detalhe seu que eu não achava em mais ninguém, e apostando em tudo isso eu achava que ganharia um 'nós'.

Os começos são sempre a melhor parte quando existe um final. Talvez nesse caso não seja. Talvez o final seja inteiro ao invés de fragmentado, porque eu ainda aposto na gente.

Todos os meus olhares, gestos e perguntas fora de hora, sou eu pedindo pra você ficar. Estou te dando três maneiras de perceber o quanto eu te quero.

E espero três maneiras diferentes de sentir um 'sim'. Eu espero sentir reciprocidade porque a cada dia que passa eu sinto que ela não existe.

Mas tudo que eu sinto é um 'não'. Tudo que eu sinto é que estamos em estações diferentes.

Você, verão interminável. E eu, primavera sem flores.

Porque todos os nãos que você não me disse, foram ditos quando você simplesmente resolveu não dizer nada.

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