VII. Rumo ao oriente.

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Chutava-me mentalmente pela minha boca grande. Não imaginava começar essa viagem esfregando o convés de um navio enferrujado. Mas a pergunta mais importante era: o capitão dessa lata velha tinha que ser logo um anão? Será que essa era o tipo de coisa que lorde Sky tinha como algo divertido? Por que se for, meu senso de humor não chega nem aos pés do dele. Arregacei as mangas da camisa de flanela as dobrando até os cotovelos e mergulhei o esfregão no balde para então começar meu castigo. Pelo menos consegui me livrar daquelas roupas apertada. As coisas não era de todo ruim.

Pelo canto dos olhos via os tripulantes correndo para seus postos enquanto o anão gritava ordens e insultos para apreçá-los. Tentava entender como uma criatura daquele tamanho conseguia ser tão intimidadora. Talvez fosse aquela barba ruiva expeça e emaranhada cujo tinha quase certeza que era impermeável. Sorri para o esfregão tentado a testar minha teoria.

Fiquei tão distraído pensando o quanto seria divertido jogar o balde de água com sabão naquele anão avesso a limpeza que não ouvi e nem senti a presença de lorde Sky até que ele estivesse em minha frente. Ele havia se livrado da fachada de rapaz da alta sociedade e agora estava vestido como eu. Usava uma camisa de flanela, uma calça larga seguradas por um par de suspensórios e sapatos mocassins. Ninguém ousaria dizer que não éramos marinheiros. Observei o alto guardião mergulhar o esfregão no balde e começar a limpar o convés.

- Que foi?

- Nada. – Sacudi a cabeça em negação.

- Hum... Você achou mesmo que eu deixaria você limpar isso tudo sozinho? – O guardião arqueou uma das sobrancelhas.

- Ham... – Não tinha uma resposta para essa pergunta, mas já deveria esperar por algo do tipo vindo dele.

Limitei-me a dá de ombros e voltar para meu trabalho. Era engraçado como a presença do outro guardião tornou-se tão familiar. O silencio dele não era desconfortável na verdade era reconfortante.

- Mais rápido seus filhos de uma foca caolha! Quero zarpar antes do natal! – O anão berrou enquanto caminhava entre os marinheiros que corriam para fazer o barco se mover. Tarefa que eu achava impossível, mas não era suicida para colocar esse pensamento em palavras. Sabe-se lá o que aquele baixinho ranzinza iria me mandar limpar. Porem tinha que fazer uma pergunta.

- Tinha que ser logo um anão? E desde quando anões são capitães de navio? – Não escondi minha leve indignação.

- Shhhhhhhhh. – O guardião levou o indicador para os lábios. - Fala baixo ele tem boa audição... – Lorde Sky cochichou, poderia levar o aviso dele a sério se não fosse o meio sorriso em seu rosto. – Só achei que seria mais confortável viajarmos sem estarmos incógnitos.

- Seria ótimo se não fosse pelo baixinho estourado. – Resmunguei ainda tentado a dá um belo banho naquele sujinho.

Uma hora depois o navio cortava as águas com uma velocidade que não deveria pertencer aquela antiguidade. Definitivamente não se deve julgar um livro pela capa. Pelo menos conseguimos concluir nossa tarefa. Admirava o chão limpo quando aqueles pesinhos pertencentes ao capitão atravessaram o convés vindo em nossa direção. Estreitei os olhos para o rastro de sujeira que ele deixava ao passar.

- Isso está ficando pessoal. Por favor, meu senhor deixe-me jogá-lo no mar prometo buscá-lo depois que toda aquela camada de sujeira sair.

- Tentador meu amigo, mas creio que não seja oportuno. Deixe para depois.

- Tudo bem. – Sorri pensando como seria minha vingança. De uma coisa tinha certeza. Seria fria e molhada.

- Muito bem rapazes. – A voz de trovão ressoou por todo o navio. – Quem diria que guardiões sabem fazer algo alem de pose. – O anão riu divertido. Ri junto imaginado como daria o troco.

Guardiões origens - Edward. +18 (Não Revisado)Onde histórias criam vida. Descubra agora