XIII Arrependimentos.

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Descobria cada vez mais como a culpa pode ser um sentimento doloroso e amargo. Doía em meu íntimo ver o lorde guardião se retorcer de dor enquanto balbuciava em seu sono fabril. Depois que o perigo havia passado os seis homens de Said retornaram e em um gesto de desculpas por sua covardia montaram uma barraca para que abrigasse a nós e lorde Sky. Eles deixaram três de seus companheiros conosco para caso precisássemos nos defender enquanto retornavam para o vilarejo levando as jovens raptadas prometendo voltar no dia seguinte com uma forma de locomover o nosso ferido. Eles não haviam visto minha transformação.

A verdade era que mal ouvi as palavras deles. Estava ocupado tentando fazer a febre do meu amigo baixar. Gostaria de entender porque ele estava reagindo dessa maneira. Era para o guardião está se recuperando, mas parecia só piorar conforme o tempo passava.

- O que há meu senhor? Porque não melhora? - Mergulhei mais uma vez o pano na água e o recoloquei sobre a testa dele pontilhada de suor. A face estava levemente corada por causa da temperatura corporal elevada. O maxilar cerrado com força e as mãos seguravam o cobertor como se isso aliviasse de alguma forma sua dor.

- É o veneno. - Jade entrou na tenda e sentou-se sobre os joelhos. Os olhos felinos analisaram preocupados a face retorcida do guardião.

- Veneno? - Questionei. - Como não me falou isso antes? Precisamos de um antídoto. – Arregalei os olhos. Agora as coisas começavam a fazer sentido.

- Pensei que soubesse. Os espinhos do manticore possuem um veneno mortal. A única razão pelo qual Sky está vivo é porque ele é imortal.

- O que quer dizer? Não podemos fazer nada para ajudá-lo. É isso? - Tentei engolir o nó que se formava em minha garganta.

- Não sei muito sobre isso. Mas dizem que pó de marfim ajuda a combater o veneno. Mas por hora só o que podemos fazer é tentar manter a febre baixar e esperar o organismo dele lutar contra o veneno.

- Pelo menos o ferimento está cicatrizando. - Suspirei tentando recuperar a calma.

- É um começo. - Jade tocou minha face deslizando o polegar em baixo de meus olhos. Não havia percebido que estava chorando. - Seu amigo vai sair dessa e logo, logo vai está quebrando nosso clima. - Deixei um pequeno sorriso escapar. - E tenho certeza que ele vai te perdoar. Se já não tiver perdoado.

- Me pergunto quantas vezes mais ele será capaz de relevar meus erros.

- Setenta vezes sete gatinho. Não me admiraria se seu amigo fizesse isso por você. - A olhei surpreso. - É engraçado como o conheço melhor do que você que vive com ele. - A felina riu baixo. Era uma verdade dolorosa. - Não o subestime. Não se subestime. - Seu polegar foi para meus lábios os desenhando vagarosamente. – Durma um pouco fico em seu lugar aproveite que tenho hábitos noturnos.

- Não sei... - Estava indeciso. Queria está por perto quando o lorde recuperasse a consciência.

-Prometo não abusar de vocês dois enquanto dormem. – Os grandes olhos verdes brilhavam quase infantis tamanho era o brilho travesso neles.

- Está brincando não é? – Quando se trata de Jade tudo é possível.

-Claro que estou gatinho. Sky está doente. - Jade exibiu um de seus sorrisos maliciosos. - Só não posso garantir nada a seu respeito. – A morena selou meus lábios de leve. – Aprece-se antes que fique com esse rostinho lindo marcado por olheiras.

- Céus eu mereço. - Revirei os olhos.

Tratei de obedecer. Estava mesmo cansado tanto mentalmente como fisicamente. Sentei há alguns centímetros de distância do lorde guardião. Cruzei os braços, fechei os olhos e deixei a cabeça tombar para frente o queixo encostando-se em meu peito. Apesar da posição desconfortável instantaneamente fui levado para a inconsciência do sono.

Guardiões origens - Edward. +18 (Não Revisado)Onde histórias criam vida. Descubra agora