Capítulo 1

8.4K 268 30
                                    


Natalie sempre gostou da sua liberdade, dizia que relacionamentos pareciam prisões, sua frase preferida era "não gosto de compromissos".

Ah! Mas nós, pobres mortais, somos amarrados pelas teias do destino e não sabemos ou ignoramos as linhas que nos conectam uns aos outros. Natalie descobriria isso em breve. Sua vida seguia o ritmo normal, pelo menos esse era o seu julgamento.

O dia havia sido longo, após um dia de trabalho na produtora Unicorn vision que abrira fazia pouco tempo, estava cansada, porém feliz porque aquele novo empreendimento significava sua independência financeira e poderia, agora, retirar seus planos do papel. O primeiro a ser concretizado seria a tão planejada casa própria, não aguentava mais dona Zumira, sua locatária, que sempre reclamava das "festinhas" dos fins de semana proporcionado por Natalie.

"Está decidido!" pensou ela, sairia naquela noite para comemorar o primeiro mês da inauguração e o bom faturamento da produtora, já que ela havia produzido dois comerciais e acabara de fechar mais um contrato. Escolheu uma roupa básica, seu estilo era mais despojado, colocou uma calça jeans colcci skinny rasgada, uma blusa branca com decote trançado e um tênis uniko preto. Só faltava a companhia, decidiu ligar para Ana, uma velha conhecida com quem se encontrava de vez em quando.

Ana era uma mulher experiente, boa companhia, divertida e apaixonada por Natalie, todas as vezes que ela a convidava para sair Ana sempre aceitava. Talvez pelo fato de acreditar que algum dia pudesse ter um relacionamento de verdade com a empresária.

_ Ana, está a fim de sair hoje? _ disse Natalie ao celular.

_ Natalie, quanto tempo! Achei que nem lembrasse mais de mim. _ de fato era verdade, só lembrou porque estava cansada e queria diversão fácil.

_ Que isso, é claro que lembro. Está pensando que tenho memória de peixe?

_ estou sim, faz tempo que não nos encontramos. Estou com saudades suas. _ disse a última parte com voz mais dengosa, o que provocou em Natalie risos. _ Está rindo de quê? _ perguntou curiosa.

Ana não era do tipo sentimental, mas toda vez que falava com Natalie não podia evitar esses excessos com a empresária, pois nunca escondeu da jovem que seus sentimentos iam muito além de uma simples amizade.

_ Você sabe que esses dengos comigo não funcionam. _ disse a outra ainda rindo.

_ se você atrasar eu dou na tua cara. _ disse Ana brincando e imitando o jeito de falar de Natalie.

_ Ei, essa frase é minha, gatinha! _ disse a empresária fingindo indignação. __ ok. Passarei para apanhar você às 20hs. Beijos!

Desligou o telefone e foi terminar de se arrumar, estava muito feliz e queria que tudo terminasse bem e de preferência voltasse para casa acompanhada.

***************

No outro lado da cidade Priscilla terminava de se aprontar, optou por um short jeans rasgado e camisa suede e um tênis casual preto. Não estava a fim de sair, mesmo assim caprichou na maquiagem, já que seu melhor amigo Rodrigo havia convidado para saírem, pois ele queria comemorar o contrato de mais um trabalho na produtora Ponto Ação, onde era sócio com a amiga.

__ Aonde vamos, Rodrigo? Espero que seja legal o lugar.__ perguntava Priscilla impaciente.__ você está um gato hoje. __ a produtora observou que Rodrigo estava com calça branca, camisa vermelha xadrez manga e tênis cano alto.

__ Calma, estamos chegando. Você vai gostar. __ disse Rodrigo rindo da impaciência da amiga.

__ você sempre diz isso. Só me ilude! __ replicou a amiga revirando os olhos.

Chegando ao local, Priscilla olhou sorrindo para Rodrigo não acreditava que ele a levara na boate Mirage Karioka conhecida por suas festas temáticas, aquela seria a "pop night". Não tiveram problemas para entrar, já que Rodrigo era amigo do dono, Felipe Câmara.

Dentro da boate a decoração estava impecável, o piso iluminado, luzes de led que eram acionadas ao ritmo de cada musica tocada, ao fundo havia mesas e sofás vermelhos de canto para que os clientes pudessem conversar mais reservados.

Os amigos deslocaram-se para o interior da boate, aonde era mais tranquilo e também poderiam ver o DJ e a pista de dança. Rodrigo convidou a amiga para dançarem, começava a tocar "Love me like you do", a pista estava cheia mesmo assim eles resolveram ir dançar um pouco.

Priscilla sorria timidamente das cantadas que recebia de alguns rapazes e algumas moças que a olhava. Rodrigo sempre dizia que a jovem deveria aproveitar mais as oportunidades, quem sabe assim ela teria a chance de conhecer uma pessoa legal.

O casal de amigos cansados de tanto dançar, dirigiram-se ao bar. Rodrigo pediu uma limonada com vinho para ele e a amiga.

___ Rô, você sabe que não bebo! __ disse a produtora ao amigo.

___ Pri, dessa bebida você vai gostar é leve e refrescante. __ disse ele entregando a bebida. __ quantas vezes eu já lhe dei algo que não fosse bom? __ a amiga o olhou ironicamente. __ tá! Não responda.

E os dois puseram-se a rir, pois ambos sabiam das situações embaraçosas pelas quais já tinham passado.

__ Oi, amigo, bom te ver aqui!

Uma voz alta e risonha soou atrás do jovem ator atraindo a sua atenção, ele virou-se para ver quem o chamava.

__ Natalie? Coincidência nós encontramos aqui! __ disse o amigo de Priscila surpreso.

__ Gosto desse lugar, é a melhor balada do Rio. __ disse Natalie sorrindo e mexendo no cabelo. __ é o lugar ideal para curtir uma sexta à noite e principalmente conhecer pessoas interessantes.

A amiga de Rodrigo que observava toda a conversa achou Natalie confiada demais, pois interrompeu a conversa dela com o amigo sem ao menos pedir licença. "Que falta de respeito" pensou consigo mesma. No entanto, não pôde deixar de notar, também, que a morena a sua frente era muito bonita e possuía um sorriso que chamava a atenção de qualquer pessoa, inclusive a sua.

__ Natalie, deixa eu te apresentar a minha amiga Priscila, praticamente irmã. __ disse Rodrigo.

__ Oi linda, prazer Natalie Smith, mas pra você Nati. __ disse a empresária dando dois beijinhos em Priscilla.

A empresária não deixou de notar que Priscilla parecia um pouco sissuda e introspectiva em alguns momentos, mas julgou que tal reação fosse por causa da aparente timidez da jovem. Por outro lado, a sócia de Rodrigo ficou sem reação diante da atitude da moça, sorriu tímida e desviou seu olhar daqueles olhos castanhos que lhe penetravam até a alma.


Entre Tapas e BeijosOnde histórias criam vida. Descubra agora