Ana me puxou pela mão e me levou até o quarto dela. Eu me joguei na cama e ela se jogou do meu lado, já dormindo. Eu apenas fiquei olhando, admirando cada pedacinho do rosto dela. Adormeci assim, e não existia forma melhor para dormir.
Quando acordei, Ana já não estava mais no quarto. Enrolei um pouco na cama, e quando me levantei e gritei seu nome, percebi que Ana sequer estava em casa. Fui ao banheiro tomar um banho imaginando que ela teria ido ao mercado mas quando saí, encontrei ao lado do espelho embaçado um bilhete. "Vi, vou passar o dia com o Mike hoje, não quis te acordar. Obrigada por ontem e por sempre. Amo tu". Meu dia acabou. Mas meu pesadelo apenas tinha começado.
Passei a manhã inteira sozinha, assisti alguns filmes e tentei não lembrar de Ana a cada cena dos filmes românticos. Falhei. Resolvi que ficar em casa não me ajudaria de nada e saí. Fui dar uma volta. Uma espairecida. Precisava refrescar meus pensamentos e sentimentos. E, por isso, deixei o celular em casa, pra não atrapalharem meu momento de paz.
Fiquei ali pela Paulista mesmo. Observando, como sempre fazia, cada demonstração de arte. E como eu achava belo tudo aquilo! Nem conseguia imaginar que, em um lugar só, poderia haver tantas pessoas diferentes uma das outras, e ao mesmo tempo, tão iguais. Todas no mesmo caos, fazendo arte. Dei uma passadinha no Shopping pra ver se tinha algum filme legal passando no cinema. "A garota dinamarquesa". Peguei ingresso pra próxima sessão que seria há uns 15 minutos. Foi o tempo de eu pegar minha pipoca, comprar um refrigerante e ir para a sala de cinema. E aquelas horas foram as primeiras horas do dia que passei sem pensar em Ana. Mas assim que acabou, voltei a pensar, imaginando como ela gostaria daquele filme.
Quando saí do Shopping, depois de dar mais uma volta, já era tarde, então resolvi ir pra casa. Naquele dia, a Lua estava bonita, como sempre. Cheia. Radiante. Rodeada de estrelas. O relógio da rua marcava 19h30. Estava mesmo na hora de ir pra casa. Fui devagar. Ainda apreciando cada coisinha daquela avenida gigante. Quando cheguei em casa, Ana ainda não havia chegado, e eu me surpreenderia se ela ainda voltasse naquele dia.
Depois de um tempo, recebi uma ligação de uns amigos do Teatro pra uma balada ali pertinho, na Augusta. Pensei um pouco antes de aceitar, mas me liberei pra me divertir mais um pouco aquele dia. "A gente passa aí pra te pegar às 22h, beijo" foi a última coisa que ouvi Caíque falando ao telefone.
Separei uma roupa, preta como sempre, e entrei no banho. Ainda era 20h30, tempo suficiente pra eu me arrumar. Saí do banho, pus minha roupa e comecei a me maquiar. Senti falta de Ana, que me desenhava tão bem. Balancei a cabeça em negação. Foi o tempo de eu terminar de me maquiar e colocar o tênis pra ouvir a campainha tocando.

VOCÊ ESTÁ LENDO
A jabuticabeira
FanfictionO sorriso dela era o que mais importava pra mim. Porque quando aquele olhinho me fitava todo o mundo sumia. Eu perdia o ar com ela. Ela tinha efeitos sobre mim que eu desconhecia. E, enquanto ela estivesse feliz, eu estaria também. Mesmo que a felic...