O jeito que Ana me olhava naquele momento, a posição em que nos encontrávamos, tudo tornava os lábios da morena embaixo de mim mais convidativos. Vi seus olhos fecharem e fechei os meus também, esperando o toque de nossos lábios um no outro quando...
O telefone de Ana toca e quase que como num susto saio de cima dela passando as mãos no rosto e me condenando mentalmente por quase tê-la beijado. "Mike... oi" a voz de Ana mostrava a frustração que ela sentia naquele momento, provavelmente a mesma que a minha. "Vocês tão vindo pra cá? Agora?" Ana parecia cada vez mais frustrada ao telefone "ta, a gente tá esperando vocês" Ana desligou o telefone, meu olhou ruborizada e sussurrou um "droga", suspirou um tempo e logo continuou "Os meninos tão vindo pra cá, Guto e Mike, junto com Clara. Reunião do panquecão!" O falso entusiasmo estava tão presente na voz dela que quase soava como se ela não quisesse ver o 'namorado'.
Ana saiu do quarto e foi tomar um banho pra esfriar a cabeça e eu fui fazer o mesmo. SÓ QUE NO MEU BANHEIRO, pra deixar bem claro. Eu demorei um tempo considerável no banho, precisava relaxar minha mente, refrescar meus sentimentos e já que não tinha as cachoeiras de Araguaína, a ducha do meu apartamento era boa opção. Quando eu ainda estava no banho, ouvi a campainha tocar, mas não me importei, provavelmente Ana já havia saído do banho e atenderia a porta. Eu não queria ver o Mike. Ele era meu amigo e eu sentia como se estivesse traindo ele. Apesar de nunca ter beijado Ana de fato, as oportunidades pra que acontecesse estavam cada vez mais frequentes e minha imaginação voava cada vez que eu imagina a boca dela sobre a minha. Resolvi sair do banho, pois teria de pentear o cabelo ainda e isso levaria um bom tempo.
"Vi, os meninos chegaram" ouvi Ana entrar no quarto e logo depois abrir a porta do banheiro, ficando em silêncio por alguns minutos. "O Guto e a Clara...e Mike" ela fez outra pausa, enquanto eu penteava o cabelo olhando no espelho embaçado. "Eles tão... chamando você" ela continuou e por fim saiu do banheiro. No caso, eu apenas a ouvi. Pois, como eu disse, o espelho estava embaçado, e apenas a parte do meu rosto estava visível.
Eu terminei de me arrumar e fui pra sala com os garotos. Quando eu entrei no cômodo, vi Ana e Mike num aconchego que me pareceu um tanto desconfortável, enquanto Clara e Guto riam de alguma coisa que Ana provavelmente disse. Eu entrei sorrindo, e Clara e Guto instantaneamente se levantaram para me cumprimentar. Eu tive que ir até Mike, pois aparentemente, ele parecia não querer sair de onde estava, abraçado com Ana Clara. Eu dei o sorriso mais sincero que eu pude, apesar de forçado, e senti os olhos de jabuticaba de Ana caírem sobre mim quando me achei pra cumprimentar o seu quase namorado. Com toda certeza, corei. Mesmo eu não sendo nada tímida, o olhar de Ana sobre mim enquanto em cumprimentava Mike depois de quase ter a beijado, me deixou envergonhada.
(...)
"Fiquei sabendo que tem vinho dos bons aqui, quero viu" Clara disse cortando o assunto antes. No mesmo instante, Ana levantou e foi pegar uma garrafa de vinho nova, já que nem tínhamos contado que estávamos bebendo antes deles chegarem, e vi Mike indo atrás dela. Acompanhei o movimento de ambos e logo desviei o olhar, tentando prestar atenção na história que Clara contava, sem sucesso. Meu corpo e meus olhos estavam totalmente tornados para Clara e Guto, mas minha atenção e ouvidos estavam totalmente na cozinha, em Ana e Mike, imaginando o que eles estavam fazendo, e o fato de não ouvir sequer um ruído me fez imaginar uma cena que eu não gostaria de ver jamais.
"Acho que aqueles dois esqueceram o vinho" Guto falou num tom sugestivo e risonho e a ideia fez meu estômago revirar. "Eu vou lá chamar eles né, quero meu vinho" eu disse tentando não parecer que tudo que eu queria era arrancar Ana Clara dali e deixa-la comigo na sala. Me levantei e fui em direção a cozinha, e o que vi nada me agradou.

VOCÊ ESTÁ LENDO
A jabuticabeira
FanfictionO sorriso dela era o que mais importava pra mim. Porque quando aquele olhinho me fitava todo o mundo sumia. Eu perdia o ar com ela. Ela tinha efeitos sobre mim que eu desconhecia. E, enquanto ela estivesse feliz, eu estaria também. Mesmo que a felic...