Capítulo 5

2.6K 170 137
                                        

POV Ana.

Quando contei pra Vitória que estava "namorando" com Mike, entre aspas porque ainda estamos nos conhecendo, ela reagiu de uma forma estranha, provavelmente porque não queria me ver magoada de novo, mas no final me apoiou, como sempre faz. Naquela noite, eu me senti muito grata por tê-la como melhor amiga. Ela me fazia muito bem, e eu sabia que, se um dia eu me perdesse, me encontraria novamente nela. Pedi pra ela ficar comigo enquanto eu não dormia, e quando eu acordei, vi que ela tinha adormecido ali do lado mesmo. Assim que abri os olhos, sorri ao ver aquela juba espalhada entre o lençol branco. Enrolei ali um pouco antes de ouvir meu celular vibrando na cabeceira ao lado da cama. Era Mike. Senti meu sorriso se estendendo.

Mike 👽
"Bom dia, maçãzinha 🍎"

"Bom dia, macaron, dormiu bem?"

Mike 👽
"Dormi sim, espero que vc também tenha, que você acha de vir pra cá hoje?"

"Eita moço, xô só eu levantar aqui que já to chegando"

Olhei pra Vi e ela dormiu tão lindo que não quis acordar. Não havia necessidade.
Me levantei e fui tomar um banho. Demorei um pouco no chuveiro, mas nada exagerado. Depois me arrumei, sequei o cabelo e escrevi um bilhete pra Vi: "Vi, vou passar o dia com o Mike hoje, não quis te acordar. Obrigada por ontem e por sempre. Amo tu". Sorri e sai de casa.

Minha felicidade tinha sido Mike, Gutin, Felipe e Rennan terem se mudado pra São Paulo, junto com Clarinha. Nossa amizade só fortaleceu depois disso, e minha relação com Mike estava cada dia melhor também.

Ao chegar na casa de Mike, ele me esperava com uma mesa de café da manhã e com um sorriso de orelha a orelha, e eu tinha certeza que em meu rosto tinha um sorriso igual ao dele. "Chamego meu" não foi pra Mike, eu nem o conhecia na época, mas agora é. A música retrata tudo o que ele me faz sentir e tudo o que é pra mim. Sou grata a ele.

Depois de comermos, ficamos sentados no sofá, conversando e trocando risadas. Em um certo momento, ele parou de rir e me olhou, de certo meu rosto esquentou e, conforme seu rosto se aproximava do meu, minha respiração se descompassava e meu olho fitava mais aquela boca. Nossos lábios selaram um no outro. Não era nosso primeiro beijo. Mas foi o primeiro depois que eu terminei com Letícia. E isso me deixou mais leve. O beijo começou devagar. Explorávamos a boca um do outro sem pressa nenhuma. Depois de um tempo, nos separamos para recuperar o ar e voltamos a nos beijar. Mike passou a mão por debaixo da minha roupa e eu estremeci. Ele riu com meu susto involuntário e sorrimos entre o beijo. Nos separamos de novo, agora pra ele tirar a camiseta cinza que usava. Eu sabia o que ele queria, só não sabia se eu queria tanto assim.

Quando Mike tentou tirar minha blusa, eu o parei. 

- Acho que ainda nãoeu disse, esperando que ele não ficasse irritado. Até porque, se ficasse, iríamos terminar algo que nem começamos direito. Ele sorriu pra mim, acariciando minha bochecha e sussurrou um ''tudo bem''. Ele se aconchegou no sofá e me abraçou por trás. Ficamos o resto do dia assim.

Depois de algum tempo, vi que estava tarde e era melhor eu ir pra casa. Ele se ofereceu pra me levar, mas eu apenas neguei, agradecendo, e peguei um táxi, nos despedindo com um selinho demorado.

Quando cheguei em casa, Vitória estava toda arrumada. Provavelmente, ela iria sair. Embora eu ache que ela não notou, fiquei boquiaberta com sua beleza. O batom roxo escuro contrastando com a pele albina, a roupa na mesma cor preta de sempre, mas ainda assim, surpreendente. Vi disse que estava esperando Caíque, um amigo dela do teatro, super gente boa, eu até achava que ele gostava dela, até ele me dizer que era gay. Ana Clara Caetano veio à Terra pra passar por constrangimentos.

Eles saíram juntos pra uma tal balada, mas eu nem quis ir. Eu estava cansada e só queria deitar na minha cama um pouco. Fiquei a noite toda ouvindo música e até cheguei a compor um pouco também.

A música que eu tinha feito pra Vi tinha ficado linda, ela adorou, e eu também. Estava louca pra mostrar pro povo, mas Felipe disse que era melhor esperar, eu concordei.

Depois de todo o tempo que eu passei vegetando no quarto, fazendo nada e pensando no nada, ouvi a campainha tocar, provavelmente Vitória tinha esquecido a chave, ela sempre esquece. Quando abri a porta, dei de cara com Vitória pendurada no pescoço de Roberta, uma amiga dela. Eu logo ajudei ela a colocar Vitória no sofá. Roberta me explicou que Vitória tinha passado da conta e que achou melhor trazer ela pra casa porque, agora, ela era uma figura pública. Eu agradeci e disse que depois ligaria dizendo se ela tinha melhorado.

- Vitória, o que você tava na cabeça...? - Eu comecei, mas ela não falava coisa com coisa- ...vambora, vo te colocar no banho e te botar pra dormir. 

 Levei ela até o banheiro e a coloquei debaixo da água gelada. Eu fiquei preocupada com ela, nunca havia a visto naquele estado. Vitória estava sussurrando palavras soltas incompreensíveis e isso me deixou mais apreensiva. Depois do banho, levei ela até o quarto e a coloquei pra deitar. Apaguei as luzes e já estava saindo quando ela, pela primeira vez na noite, falou uma coisa compreensível 

- Fica aqui comigo

Fui até a cama e pedi pra ela me dar espaço, ela foi um pouco mais pro lado e eu deitei de frente pra ela. Seus olhos me analisavam de um jeito que eu nunca havia visto antes. Eu estava toda arrepiada só pela forma que ela me olhava. Ela botou a mão no meu rosto e deixou um carinho ali, sem querer fechei os olhos, abrindo logo em seguida.

Ainda com o olhar, ela me pediu permissão pra algo que eu ainda não sabia o que era e que só fui saber quando senti seus lábios grudando nos meus. O beijo durou mais do que deveria ter durado. E não foi por causa dela. Porque quando ela estava afastando o rosto do meu, eu colei nossos lábios novamente, sem nem pensar. Quando nos separamos de vez, Vitória sorria e eu me sentia sorrindo também, me aconcheguei no abraço dela e dormimos assim.

A jabuticabeiraOnde histórias criam vida. Descubra agora