Vitória estava entrando no banho, pra se arrumar e irmos pra tal festa, eu tava zero empolgada pra ir, mas o ânimo de Vitória não me permitia negar. "ANAAA", eu ouvi Vitória gritar do banheiro "EU ESQUECI A TOALHA. TRAZ PRA MIM" eu ri do esquecimento de Vitória, balançando a cabeça em negação e levantando pra pegar a toalha pra ela.
Como a porta estava destrancada, dei apenas uma batidinha e entrei. E aquela visão foi quase o paraíso. Vitória estava ainda embaixo do chuveiro, cantando XO, com os cabelos cacheados molhados e sem volume. As gotas d'água deslizavam pelo corpo branco devagar, como se quisessem aproveitar a única oportunidade que teriam de tocar aquela mulher, tão bela aos meus olhos. A espuma do sabonete que ainda se encontrava no ombro e em algumas outras partes do corpo também pareciam não querer deixa-la. Eu as entendia. Também não deixaria se fosse eu. Notei que o chuveiro estava sendo desligado, então sai daquele transe, fechei a boca, que estava semiaberta, e a entreguei a toalha, assim que ela saiu de dentro do box, tentando não focar tanto em sua cintura tão bem desenhada. Me retirei do banheiro para, em seguida, me jogar na cama. Péssima idéia. O cheiro dela estava impregnado ali e minha vontade de tocar cada pedaço de sua pele apenas aumentou.
Eu e Vitória estávamos quase prontas, ela estava apenas terminando de por o tênis e eu de fazer a chapinha do meu cabelo, quando a ouvi pedir para que eu fizesse sua maquiagem. Mas como uma ordem do que um pedido, na realidade, já que ela já estava pegando as coisas para eu começar, logo depois sentou-se ao meu lado, de frente pra mim, apenas esperando o toque dos pincéis em seu rosto. A pintei como um artista pinta sua obra prima. Suave, sem pressa, analisando cada parte de seu rosto. E a boca... A boca me parecia tão macia que quase que a beijei, só não o fiz pela timidez e pela incerteza de saber se seria correspondida ou não. Algum tempo depois de nós duas estarmos completamente prontas, ouço a campainha tocar. Era Enzo, junto com Roberta e Caíque. Vitória os cumprimentou, logo depois eu fiz o mesmo.
Fomos pra balada a pé mesmo. Sem pressa, conversando sobre tudo quanto é assunto. Eu não tinha muita amizade com eles, mas os amigos de Vi são tão receptivos que me senti como parte do grupo, Vitória também sempre fazia questão de me botar no assunto, independente do assunto.
Ao chegarmos na tal festa, a música chegou em meus ouvidos, antes mesmo de meu corpo adentrar a pista de dança. A música era eletrônica e quase me ensurdeceu, no primeiro momento. Primeiro, fomos pegar algo para beber. Vitória pegou uma cerveja pra nós duas, e riu dizendo "Tequila nunca mais". Brindamos uma com a outra e voltamos a nos reunir com o pessoal. Enzo contava como a carreira estava começando direitinho e tudo o que eu desejei era que ele tivesse sucesso, Vitória já havia me mostrado a música e eu tinha adorado. Quando, do nada, apareceu um garoto abraçando Vitória por trás, a assustando, mas assim que ela viu quem era, o susto se desfez. Ela o agarrou num abraço apertado e minha sobrancelha arqueou instantaneamente quando ele começou a falar. "Amorrrrr, que saudade que eu tava de ti. Porque não me disse que vinha pra cá? Sabe que eu tô sempre por aqui" ele falou ainda agarrado nela, e aquilo me incomodou. "Ai, Jaffarzin, a gente decidiu de última hora, nem avisamo ninguém, tu conhece Ana né? É meu duo" Vitória falou, se separando do homem de cabelos compridos e apontando pra mim, e eu ainda estava com a sobrancelha arqueada. Forcei um sorriso, mas Jaffar foi simpático comigo, mesmo que provavelmente ele tivesse percebido.
Estávamos no bar ainda quando começou a tocar "Já sei namorar", dos Tribalistas. Olhei pra Vitória, mas tudo que vi foi ela sendo puxada por Jaffar na pista de dança. Eu os segui com o olhar e pude entender como Vitória se sentiu quando ela viu Mike me beijando na cozinha. Jaffar puxou Vitória para si e os dois dançaram juntos demais pro meu gosto. Vitória ria de qualquer movimento que Jaffar fazia na pista, porque o rapaz dançava muito mal, de fato, mas nada que pudesse fazer rir tanto quanto Vitória fazia naquele momento. "Cuidado para não fuzilar eles com o olhar", ouvi a voz de Enzo no meu ouvido e, por fim, percebi que estava olhando fixamente para eles. "O negócio é com o Jaffar ou com a Vitória?" Enzo perguntou, me fazendo desviar o olhar da dupla dançante bem a minha frente. "O negócio é bem com Vitória mesmo" eu respondi
Umas sete músicas depois, Jaffar e Vitória voltaram ao bar, suados e ainda colados. Disse a Enzo que iria ao banheiro e Vitória estranhou, perguntando se queria que ela fosse junto, apenas neguei e saí. No banheiro eu nem fui, apenas na outra ponta do bar, querendo ficar sozinha um pouco.
"Eita, que que te aconteceu?" Vitória apareceu depois de algum tempo que eu tinha saído de perto. "Venha, vamo dançar" . Tocava Toxic, Britney Spears. Vitória entrou na pista dançando já, me puxando pro meio de tudo. Dançavamos uma perto da outra no ritmo certo da música, com as mãos entrelaçadas e, conforme a música ia passando, nossos olhares iam se alternando mais entre nossas bocas e nossos olhos. "Agora eu quero ir no banheiro, mesmo, vem comigo?" Eu perguntei, já a puxando. Quando chegamos lá, a primeira coisa que fiz foi verificar se não havia ninguém no banheiro e Vitória fez uma cara de dúvida.
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A jabuticabeira
Fiksi PenggemarO sorriso dela era o que mais importava pra mim. Porque quando aquele olhinho me fitava todo o mundo sumia. Eu perdia o ar com ela. Ela tinha efeitos sobre mim que eu desconhecia. E, enquanto ela estivesse feliz, eu estaria também. Mesmo que a felic...