O próximo planeta a receber a Concriz em seu solo foi Umikizu, um dos primeiros a ser colonizado por um arquipélago que era o país chamado Japão. Segundo os livros de História, esse país era o mais avançado tecnologicamente, e conseguiu um planeta-anão de clima e topografia semelhantes.
O céu estava cinzento quando Adriana saiu do espaçoporto, que por algum motivo não era muito longe dos portos.
-- Por que estamos indo para o mar? – Luny perguntou ao perceber a direção que a mestre seguia.
-- Quero ver como é o oceano daqui. Só olhar.
A maresia era gelada e o mar tão cinzento quanto o céu, um pouco parecido com Caramuru na época das chuvas, e Adriana se perguntou se Umikizu era desse jeito a maior parte do ano.
-- Ei, você não pode ficar aí! – alguém gritou em esperanto. Adriana se sobressaltou e viu um homem de uns trinta anos se aproximando – Esta é uma área de ancoragem comercial, não é para turistas passearem.
-- Desculpe, eu não sabia – ela tentou se explicar, e reparou que a roupa dele não era exatamente um uniforme – Mas você tem autoridade para fazer isso? Tem tanta cara de turista quanto eu.
O rosto acobreado do homem se contorceu numa careta contida, e ele estreitou os olhos já amendoados.
-- Sou um general do exército, no momento em recesso, mas não é por isso que deixarei de cumprir meu dever.
-- Bem – ela se empertigou – Perdoe-me, general, acabei de chegar ao planeta. Me retirarei imediatamente.
O general sorriu e a acompanhou até a rua. Perguntou apontando para Luny:
-- Onde conseguiu essa máquina?
-- É o meu robô Luny. Eu o construí.
-- Mesmo? – ele parecia muito interessado – Impressionante. Do que é feita a cobertura?
-- Aço inoxidável de um cruzeiro espacial naufragado. O resto veio de muitos outros lugares.
-- Incrível! – o general olhou para ela, estendeu a mão e curvou-se numa pequena reverência ao apertá-la – Eu sou Takahashi Haru. Qual é o seu nome?
-- Adriana Rabelo, de Caramuru.
-- Rabelo. Esse é o nome da família real. Você é da realeza?
-- Minha tia é imperatriz, não estou na linha de sucessão do trono – ela cutucou o chão com a ponta do sapato. Haru mudou de assunto.
-- Veio a Umikizu apenas para fazer turismo?
-- Sim, eu quero conhecer outros planetas. Estava igual demais lá em casa.
-- Que outros planetas ainda vai visitar?
-- Talvez Shakti, Canaã e ShakaZulu.
Haru assentiu lentamente.
-- E no final desse percurso, pretende visitar a Terra?
Adriana o encarou, surpresa. Ele devia conhecer muito bem o mapa do quadrante para notar que a rota traçada pela duquesa terminava no planeta natal da humanidade. Não, mesmo os bons cartógrafos deixavam a Terra passar por não ter importância.
-- Você tem algum interesse na Terra? – a jovem perguntou estreitando os olhos como ele. Haru deu de ombros.
-- Só fiquei curioso. Mas acho que você não vai, afinal o que teria para se ver naquele planeta vazio?
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Imigrantes
Science FictionCentenas de anos no futuro, a humanidade partiu da Terra e ocupou incontáveis outros planetas, se separando no processo. Agora há um planeta para cada população, mais distantes do que nunca uma da outra. Adriana nasceu em Caramuru, um enorme planeta...