Nyela torcia os dedos nervosamente enquanto Haru digitava e Hope tentava tirar os cilindros acoplados à máquina.
-- Já tentou algo como "jaguar"?
-- Sim. Incorreto – o general respondeu – Não é a senha.
-- Não precisaremos saber a senha se eu conseguir desacoplar os cilindros de plutônio – Hope lutava contra os ganchos que mantinham-nos presos. Tirou uma chave de fenda e a enfiou para usar como alavanca.
Se abaixando ao lado da amiga, Nyela tentou compreender como a máquina funcionava. A tela luminosa e o teclado que Haru mexia estavam ligados de alguma forma aos cilindros, devia haver uma conexão.
Ela inclinou-se para ver atrás dos recipientes de chumbo.
-- Também não é "América Latina" – Haru começava a ficar nervoso. Hope botava mais força na chave de fenda.
-- Estou quase lá – disse com a voz estrangulada pelo esforço.
Os ganchos presos aos cilindros começavam a ranger. Haru e Nyela pararam o que estavam fazendo e observaram com expectativa a amiga forçar a ferramenta, ouvindo os clangores aumentarem em volume e frequência.
Então a chave de fenda entortou. Hope olhou-a desolada antes de larga-la no chão. Nyela voltou a atenção para a máquina e Haru notou.
-- O que está fazendo?
-- Se não podemos tirar os cilindros nem desativar o computador desse aparelho – ela meteu a mão atrás dos ganchos e puxou um feixe de fios coloridos – Podemos cortar o caminho entre os dois!
-- Brilhante, Nyela! – Haru exclamou. Hope tirou um pequeno alicate da bolsa.
-- Mas qual deles é o certo? Tem quatro.
-- Talvez sejam os quatro – a senadora opinou. Hope coçou o queixo.
-- Pode ser que se forem cortados na ordem errada, acabe ativando.
-- Ei, meninas, calma – Haru quase riu da preocupação delas – Isso não é uma bomba, é um computador. Se cortar os fios errados, não vai automaticamente começar o processo.
Ainda sem certeza disso, espiou a tela, vendo que o contador marcava dez minutos para o despejo de material radioativo.
Hope ergueu o alicate e escolheu o de cor vermelha. Com a mão trêmula, o cortou.
Click
O coração de Nyela quase parou e ela pensou que Haru estava errado, a máquina se ativaria num segundo e todos eles morreriam pela radioatividade junto com a floresta. Fechou os olhos, esperando pela morte.
-- Ei – Hope exclamou – Deu certo!
Um dos cilindros estava com os ganchos desacoplados. Haru sorriu.
-- Eu não disse? Depressa, Hope, corte os outros.
Ela se apressou em obedecer e logo todos estavam soltos. Haru os tirou da máquina e os pôs cuidadosamente no chão.
-- Vou leva-los ao meu planeta. Temos usinas de reciclagem de plutônio.
-- Não acredito que deu certo – Nyela quase dava pulos de alegria.
De repente escutaram o barulho de um tiro. Os três olharam para a porta por onde Juan fugiu e seguiram para lá.
-- Eu vou na frente – Hope falou tirando a pistola do cinto. Haru fez o mesmo.
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Imigrantes
Science FictionCentenas de anos no futuro, a humanidade partiu da Terra e ocupou incontáveis outros planetas, se separando no processo. Agora há um planeta para cada população, mais distantes do que nunca uma da outra. Adriana nasceu em Caramuru, um enorme planeta...