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Na casa de Aiden e Hope, Eduardo contou a Kaolim e Pablo o que realmente acontecera com Adriana. Ao fim da narrativa, o velho olhou tristemente para Flora, deitada no berço que Hope trouxera para ela.

-- Vamos manter essa criança longe de Caramuru – Kaolim pensou alto – Juan ganhou simpatia do público, está se candidatando a cargos políticos, não demorará muito a ter poder. E tem apoio de vários senadores.

-- Em breve a tal guerra que ele mencionou se concretizará – Pablo pôs as mãos na cintura – Nesse caso, ter informantes será uma vantagem.

-- Como? – Eduardo não entendeu. Kaolim explicou:

-- Pablo e eu ficaremos em Caramuru, de olho no que a Irmandade faz, e caso tentem algo, nós contaremos a você. Eu também entrarei para o Senado, assim será mais fácil descobrir o que eles planejam.

-- E enquanto isso ficaremos escondidos – Luny se pronunciou, flutuando acima do berço de Flora – Alisha já nos ofereceu abrigo em Maat. Podemos passar alguns meses.

Naquela noite Eduardo embarcou na Concriz para ir ao planeta de Alisha. Pablo disse ao se despedirem:

-- Se essa guerra que Juan quer perdurar, não duvide que Flora vai querer participar, se ela for como a mãe.

Eduardo concordou cabisbaixo, ainda doía falar de Adriana. O velho perguntou:

-- Vai contar a Flora sobre a mãe dela, certo? Pelo que ela lutou e acreditava – ele assentiu e Pablo continuou – E me diga uma coisa, Eduardo. Você é o pai, não é?

Por uma pergunta tão direta, ele hesitou, e respondeu com um fiapo de voz, sentindo o sangue subir ao rosto:

-- Sim.

-- Parabéns, hein, papai – Kaolim chegou, rindo – Boa sorte em Maat. Mantenha contato.

-- Pode deixar – ele sorriu e entrou na nave.

O compartimento de carga se convertera num quarto de bebê. Hope se encarregara de arrumar de modo que não faltasse nada, de um móbile a vários sacos de fraldas descartáveis.

Nas três horas de viagem até Maat, Flora chorou três vezes, e Eduardo praticou sua habilidades paternas. Alimentou, fez arrotar, trocou a fralda com a orientação de Luny, ninou, e quando a bebê finalmente dormiu, ainda passou um longo tempo sentado junto ao berço, ouvindo-a respirar.

Alisha e os pais, o rei e a rainha de Maat, esperavam no espaçoporto onde a Concriz aterrissou. A princesa foi a primeira a se aproximar, e recebeu Eduardo com um abraço. Falou, contendo as lágrimas que marejavam seus olhos:

-- A filha de Adriana terá todo o conforto que uma princesa merece.

-- Seu compatriota Juan Salazar está ameaçando outros planetas, senhor Eduardo, ameaçando vidas inocentes – o rei Aten informou – Se ele mandar uma ofensiva real, nos manteremos neutros, é contra a nossa política nos envolver em guerra.

-- Eu entendo, majestade, eu espero também que o conflito nunca chegue a este planeta.

Seu quarto ficava no palácio, era espaçoso e aconchegante, mas Eduardo não pretendia ficar muito tempo, só até Flora crescer um pouco, ele se acostumar com a presença dela e poder se virar como um desgarrado.

*

Depois de três meses o Senado de Caramuru formou um Conselho para compensar a falta do monarca, e seus membros trouxeram Juan para o alto escalão. Em pouco tempo declararam guerra contra vários planetas, entre eles Hope, Gaia, Liberty e Umikizu. Aos demais povos, avisaram para juntar-se a eles ou não ficarem no caminho.

Eduardo estava sentado com Flora em seu colo quando viu essa transmissão no jornal de Maat. Olhou tristemente para a filha, que teria que crescer em meio a uma guerra, mas que, ignorante a esse fato, sorria inocentemente.

Com um suspiro de tristeza Eduardo se levantou e foi para a enorme janela com vista para o mar. O de Maat era diferente, menor e azul safira, não o verde esmeralda que sempre vira em casa.

-- Um dia vou te mostrar o oceano de lá – falou para a menina, agora tateando seu rosto.

O sol começava a se pôr, tingindo o céu de vermelho e fazendo a superfície da água brilhar em dourado. Flora riu estendendo os braços para cima, como que comemorando a aparição das primeiras estrelas da noite.

-- Gosta de estrelas? – ergueu-a até que seus rostos estivessem no mesmo nível – Sua mãe também gostava, tanto que navegou entre elas, viajou por inúmeros mundos até chegar ao primeiro habitado pela humanidade.

"Eu vou te mostrar tudo isso. Vai aprender tudo que Adriana acreditava para que possa ser uma imperatriz tão boa quanto ela foi. Será digna do nome que tem, princesa Flora Rabelo."

Ela deu uma sonora gargalhada que encheu o ar de alegria, e trouxe uma pequena esperança ao coração de Eduardo, que até então só estava cheio de tristeza. Ele riu junto da menina.

Renovado por esse instante de alegria inocente, Eduardo acomodou melhor Flora no colo e uniu-se a ela para admirar os milhares de pequenos diamantes que povoavam o céu noturno.


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Pois é, eu sei que é triste, mas é aqui que se encerra Imigrantes. Obrigada por acompanharem até o final, e continuarem nos momentos mais monótonos.

Não se preocupem que vai ter continuação, só não vai ser agora, porque ainda tenho outros projetos para terminar. Mas qualquer dia chega.

Obrigada de novo. Beijos <3

Victoria

ImigrantesOnde histórias criam vida. Descubra agora