Fora uma sorte ter chovido fraco, o rastro do Jaguar estava borrado em alguns pontos, mas ainda era visível. O grupo andou por dez minutos, por vezes se desviando em trechos onde as marcas desapareciam, e por fim chegaram a uma construção humana.
-- O que é aquilo? – Nyela murmurou – Todas as construções de concreto não tinham se esfacelado?
-- Isso aí é novo, não tem a menor cara de antigo – Eduardo balançou a cabeça. Haru pensou alto:
-- Eles devem ter construído isso quando deixamos a Terra. Os Jaguares ainda ficaram por quase um ano depois de vencermos, certo?
-- Sim – Adriana assentiu lentamente – Vamos lá.
O prédio era de pedra, construído, mas inacabado, era apenas paredes e ocasionalmente teto. Qual era a serventia dele então?
-- Ei – Hope sussurrou apontando para a direita – Acho que ouvi algo para lá.
Os cinco seguiram silenciosamente pelo corredor que ela indicara. Aos poucos os ruídos que Hope mencionara foram ouvidos, a maioria baques metálicos e cliques de uma máquina. Não havia vozes, ou seja, era só uma pessoa ou que os colegas não se falavam.
No fim do corredor havia uma entrada sem porta, de onde os barulhos vinham. Adriana foi a primeira a chegar e espiou o operador da máquina.
Ela sentiu todo o sangue abandonar seu rosto ao reconhecer aquele homem. A arma escorregou de seus dedos frouxos e o baque produzido ao cair no chão fez o Jaguar virar a cabeça em sua direção.
-- Adriana?! – Juan exclamou. A imperatriz deu um passo à frente e os outros a seguiram de armas em punho.
-- Juan, você não é um Jaguar, você ficou do meu lado na guerra.
-- Cuidado, Adriana, ele está armado – Eduardo alertou, mas ela parecia não ouvir. Juan falou:
-- Olhe, Adriana, tente entender o que estou fazendo. É pelo bem de nosso povo.
-- Afaste-se dessa máquina! – gritou Hope mirando nele. Juan recuou alguns passos, mas a máquina começou a tremer e roncar como um motor velho ligado – O que é isso? O que essa coisa está fazendo?
-- Garantindo que nosso povo não precisará se misturar nem sofrer nas mãos de outros de novo.
-- Juan, você era meu amigo, como pode estar do lado deles?! Eles mataram minha família!
-- Os Jaguares iam te matar, Adriana, eu fiz com que mudassem o plano! – ele respondeu – Recebi ordens para te matar várias vezes, mas fiz tudo para isso não acontecer, e também sofri muito por ir contra ordens superiores.
-- O que essa máquina faz? – Haru alternava o olhar entre Juan e o aparelho.
Era uma parafernália estranha, do tamanho de uma pessoa sentada, com um teclado em cima, uma tela luminosa, um cano mais alto apontando para cima, assemelhando-se a uma chaminé. Embaixo havia quatro cilindros de chumbo, e a máquina parecia fixada ao chão.
-- Espalha pelo planeta o que estiver nos cilindros – Juan apontou para eles – Plutônio enriquecido.
-- Destruir a Amazônia vai ajudar em quê? – Nyela questionou.
-- Não vai só afetar essa floresta, esse cano vai espalhar a radioatividade pelo ar também, depois a natureza fará o resto. A chuva contaminará o rio Amazonas, depois o oceano, e os canos subterrâneos despejam plutônio no solo e lençóis freáticos.
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Imigrantes
Science FictionCentenas de anos no futuro, a humanidade partiu da Terra e ocupou incontáveis outros planetas, se separando no processo. Agora há um planeta para cada população, mais distantes do que nunca uma da outra. Adriana nasceu em Caramuru, um enorme planeta...