Jason:
Fui submetido a uma cirurgia no joelho, passei um dia sedado, a pior sensação é a de estar vivo, mas quase morto. A minha "família" hipócrita está do lado de fora fingindo se importar comigo, me sinto sozinho, desta vez demais. Uma sensação que eu sempre tive, mas que nunca quis admitir que tinha, é difícil admitir que se é solitário. A noite se fundia ao dia e eu não sabia quando era um e quando era o outro. As lembranças de Morgan me vinham a cabeça a todo instante.
Há dois anos:
— Estou sozinho. Não tenho onde morar, mas para aquela casa eu não volto. Nem que eu durma debaixo do viaduto.
— Está sozinho? Só se for. Você tem a mim, eu te aguento. Pode ficar o tempo que quiser aqui, esse apartamento é seu. — diz Morgan sorrindo.
— Você tem certeza? Sou insuportável. — Morgan ri.
— Qualquer coisa eu te mato. — começamos a rir.
— Obrigado por ser o irmão que eu nunca tive. — falo abrindo os braços, nós dois nos abraçamos. Morgan dá algumas batidas em minhas costas.
— E serei pelo resto da vida. Grande irmão. — diz ele.
— Jason? — olho imediatamente para a porta. Era Ana. — Será que posso entrar? — pergunta olhando para baixo.
— Já está dentro. — retruco. Ana entra.
Olho para baixo, sem desviar. Ana está se aproximando mais, até que se senta num cantinho da cama.
— Não sei por onde começar. Tenho algumas coisas pra te dizer. E algumas desculpas pra te pedir. — levanto minha cabeça lentamente. A olho nos olhos.
— Por que me pedir desculpas? Mesmo que eu não queira enxergar, porque é melhor fechar os olhos e fingir que se é cego do que abrir os olhos e ver a realidade cruel. Eu sei que você e eu não temos um futuro. — uma lágrima acaba caindo. Ana a enxuga e eu viro a cabeça para o lado oposto.
— Jason eu te amo. — diz ela quase num sussurro.
— Não volte a dizer isso... Por favor... — a olho.
O médico abre a porta e entra.
— Boa noite Jason. Boa noite senhorita. Preciso te dar uma injeção no braço, para que você não sinta nenhuma dor. Você apresenta um quadro de melhora muito notável. — fala enquanto Ana e eu nos encaramos.
— Injeção? — pergunto um tanto assustado.
— Injeção. — diz o médico me mostrando a agulha.
— Você tem pavor de injeção Jason? — pergunta Ana me olhando.
— Pavor? Eu? — ajusto minha postura — Claro que não. — Ana começa a rir.
— Sua cara diz o contrário. Mas, não vai doer tanto. — diz ele me olhando e se aproximando.
— Quando vocês dizem isso... — retruco. Ana se aproxima me olhando.
— Não vai doer nada. — Ana então aproxima seu rosto e sela nossos lábios. Neste momento o médico injeta a agulha em meu braço.
O médico termina de aplicar a injeção e Ana se distancia um pouco.
— Ele dormirá dentro de alguns minutos, enquanto não a senhorita pode ficar com ele. Com licença. — o médico deixa a sala.
— Não quero que fique aqui, as coisas não são as mesmas. Você e eu sabemos disso. — digo sentindo meu corpo amolecer.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Dançando sobre o fogo
Roman d'amourJason Whittemore era o mais novo de três irmãos, e segundo seus pais o mais rebelde desde a infância, com uma personalidade forte e um humor para poucos, brinca com as mulheres e quase sempre estampa jornais. Há muitos anos Jason não via Ana, a filh...