Nada me fez mais feliz do que falar aquilo que eu guardava, antes que eu chegasse a sala para chamar Ana para irmos embora, sou parado por meu pai, havia esquecido que ele queria falar comigo. As nossas conversas nunca eram boas e eu já poderia prever que falaríamos sobre Ana, entramos no escritório e eu já tinha uma expressão de desinteresse.
Ele se senta e fica me encarando.
— Está esperando um convite? — pergunta me encarando. Dou um sorriso cínico.
— O que esperar de você? — me sento numa das cadeiras em frente a sua mesa.
— Estou surpreso por você ter conseguido uma mulher como Ana. Me diga, isso é um capricho? Como você costuma sempre ter, não estranharia que ela fosse mais um.
— Não tenho motivos para te dar explicações. O que eu sinto por Ana, seja amor, seja desejo ou que for, deve ser aceito por Ana. Apenas por Ana. Você estava torcendo pra que Nathaniel conseguisse ela, mas a vida está longe de ser como nós queremos. — levanto e me distancio, não via motivos para estar ali falando com ele. Aquelas pessoas que me viam como alguém incapaz de manter uma relação séria, como se me conhecessem como a palma da mão.
— Não brinque com ela, não quero ter problemas com Hayley e Allan. — o encaro.
— Não se meta na minha vida. Vá ler um gibi. — saio e bato a porta, deixo a casa e sigo para o meu carro. Vejo Ana vir logo atrás.
— Jason! Espera. — diz ela na minha direção, fico de frente para ela.
— Que bom que veio, porque não ia voltar para essa casa. — retruco a olhando.
— Aconteceu alguma coisa? Discutiu com Nathaniel? Com Albert? Não é difícil de notar que você está com raiva. — diz Ana me olhando nos olhos. Eu estava com o sangue quente demais, sentia raiva e talvez tristeza, eu disse talvez!
— Ana, você realmente confia que eu possa ser um bom homem pra você? — a pergunta paira no ar deixando Ana surpresa. Estava tentando disfarçar os meus sentimentos naquele momento. Sentia meus olhos cheios de água e a qualquer momento uma lágrima cairia.
— Você sabe que confio em você. Por que está fazendo uma pergunta dessas? — pergunta tocando meu rosto. Seu toque doce, como de quem nota a minha dor me causa um alivio momentâneo.
— Porque nem que seja com você, eu quero ser um bom homem. — Ana sorri ganhando de vez o meu alivio.
— O que te disseram pra que me fizesse essa pergunta? — pergunta. Reviro os olhos.
— Por que teriam que ter me dito algo? Eu apenas perguntei, por perguntar.
— Quem não está demonstrando confiança em mim é você Jason! — diz ela me encarando.
— Só quero te levar pro meu apartamento e passar toda noite beijando e sentindo cada centímetro do seu corpo. — retruco aproximando minha boca de sua orelha.
Ana:
Pela primeira vez eu via Jason sensível, as palavras ferem e com certeza feriram ele. A sua família e ele possuíam um conflito interno muito forte, não conversavam de forma amigável durante um jantar, tudo o que eles falavam não passavam de ironias. Não acreditavam na capacidade de Jason de ser uma pessoa bem sucedida em qualquer sentido, via nos olhares deles, principalmente de Albert e Nathaniel. Isso doía em mim e me partia ver Jason todo tempo usando seu senso de humor sarcástico para lidar com a situação.
Na madrugada Jason deixou a cama e o quarto, eu ainda estava acordada e pensando em tudo que havia acontecido. A demora para voltar acaba me deixando aflita, onde Jason estava? Levanto e o procuro pelo apartamento, o encontro na cozinha sentado com os cotovelos encostados no balcão, sua cabeça baixa e pairava no ar uma tristeza.
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Dançando sobre o fogo
RomansaJason Whittemore era o mais novo de três irmãos, e segundo seus pais o mais rebelde desde a infância, com uma personalidade forte e um humor para poucos, brinca com as mulheres e quase sempre estampa jornais. Há muitos anos Jason não via Ana, a filh...